Turismo de eventos no Ceará injeta R$ 1,17 bi na economia local

Turismo de eventos no Ceará tem melhor ano desde a pandemia e injeta R$ 1,17 bi na economia local

Novos voos, eventos contratados com até cinco anos de antecedência e hotéis cheios para o réveillon de Fortaleza reforçam a força do setor no Estado
Atualizado às Autor Isabella Pascoal Tipo Notícia

O turismo de eventos e corporativo injetou R$ 1,17 bilhão na economia cearense em 2025, o melhor ano desde a pandemia de covid-19, consolidando o setor como um dos principais motores econômicos do Estado.

O impacto vai além da movimentação financeira: o segmento gerou cerca de R$ 45,47 milhões em arrecadação de taxas e impostos e foi responsável pela criação de 39.525 empregos formais e informais.

Somente em Fortaleza, os eventos realizados ao longo do ano tiveram impacto direto estimado em R$ 694 milhões, a partir do gasto médio de R$ 4.030 por participante.

Restaurantes, hotéis, transporte, comércio, coworkings, produção cultural e serviços diversos foram diretamente beneficiados, segundo os números divulgados durante um evento realizado pelo Visite Ceará em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc-CE).

Além do impacto direto, os efeitos do segmento se refletiram de forma ampliada na economia local. Em 2025, o impacto na produção totalizou R$ 1,40 bilhão, enquanto o valor adicionado alcançou R$ 677,07 milhões.

A massa salarial gerada somou R$ 421,91 milhões. Na ocasião, também foi apresentado que 38 novos eventos já estão confirmados para os próximos anos, com captações já em andamento para 2027 até 2030.

Segundo Leonardo Araripe, presidente da Abeoc-CE, a projeção do setor é de crescimento anual entre 10% e 15% no número de eventos, com perspectiva positiva até 2030.

“Fortaleza bateu recordes em 2025. A promoção está bem feita, o segundo semestre foi praticamente todo lotado, com hotéis acima de 85% de ocupação, e o Réveillon também está com excelentes expectativas”, declara.

A presidente do Visite Ceará, Clarisse Linhares, comenta que os resultados refletem um trabalho de planejamento de longo prazo, aliado ao fortalecimento da conectividade aérea e à estrutura do Estado para receber grandes eventos.

“Foi um ano de crescimento, um ano muito importante. Tivemos aumento no número de voos, avanço na captação de grandes eventos e crescimento no volume de turistas”, afirma.

Ela explica que os eventos não são captados de forma imediata, mas por meio de estratégias que envolvem anos de antecedência.

“Hoje trabalhamos com a captação de eventos para daqui a um, dois, três, até cinco anos. O Centro de Eventos é um grande diferencial. Poucos estados têm uma estrutura como a do Ceará em hotelaria, aeroporto e logística. O turismo é uma cadeia, e cada parte precisa funcionar para os resultados aparecerem”, pontua.

Clarisse reforça ainda que 2025 marca a consolidação definitiva da retomada pós-pandemia.

“Desde 2021, estamos retomando aos poucos. Em 2025, esse movimento se consolidou como um ano espetacular. Foi o melhor resultado do pós-pandemia”, destaca.

Réveillon Fortaleza 2026: hotéis tiveram reservas esgotadas com maior velocidade

Um dos principais reflexos desse crescimento aparece na ocupação da rede hoteleira, especialmente fora dos meses tradicionais de férias. A presidente do Visite Ceará conta que notou uma velocidade maior nas reservas para o Réveillon de Fortaleza 2026, que tiveram vagas esgotadas em alguns estabelecimentos.

Entre fevereiro e junho, a taxa de ocupação passou de 60,91% em 2024 para 69,40% em 2025. Já no período de agosto a novembro, o índice subiu de 72,39% para 77,50% no mesmo comparativo.

Segundo a presidente do Visite Ceará, o comportamento da hotelaria já vem mostrando os reflexos da consolidação do destino.

“A gente viu este ano a capacidade esgotada mais cedo nos hotéis. Isso é um indicativo de que a marca do Ceará e a promoção do Estado estão a cada ano mais fortalecidas. É um indicador importante e a gente sempre aparece entre os destinos mais procurados”, comenta Clarisse.

A secretária do Turismo de Fortaleza (Setfor), Denise Carrá, destacou as expectativas positivas para o fim de 2025, especialmente com a programação do Réveillon.

“No dia 30 teremos festas em três pontos da cidade e, no dia 31, tudo concentrado na Praia de Iracema. A expectativa é receber cerca de 1,5 milhão de pessoas. A projeção de ocupação hoteleira é de 95%”, afirma.

Segundo ela, Fortaleza vem registrando crescimento contínuo na procura turística ao longo do ano, não apenas na alta estação.

“A gente viu ao longo de todo o ano um crescimento na busca por Fortaleza, tanto no meio do ano quanto na baixa estação e nos feriados. Um dos grandes pontos de melhora foi a captação de eventos nacionais”, disse.

Ela pontua que a cidade tem se consolidado como destino de negócios e lazer.

“Fortaleza é um local preferido para eventos corporativos porque consegue unir negócio e lazer. Esse é um trabalho da Secretaria em parceria com as entidades, e o crescimento foi linear ao longo de 2025”, completou.

O avanço também está diretamente ligado ao aumento da conectividade aérea.

“Tivemos um aumento muito significativo de voos, tanto nacionais quanto internacionais. Isso impacta diretamente o turismo e os eventos corporativos. As expectativas para o início de 2026 também são muito positivas”, destaca Denise.

Setor de turismo cearense mensura impactos do rebaixamento de Fortaleza e Ceará no Brasileirão

O trade turístico do Ceará acompanha com atenção os desdobramentos do rebaixamento do Ceará Sporting Club, pela 38ª rodada do Campeonato Brasileiro, nesse domingo, 7, que deve impactar diretamente a movimentação de turistas em jogos da Série A ao longo de 2026.

O turismo esportivo envolve hotéis, empresas de eventos, transporte, bares, restaurantes e passeios turísticos.

Apesar disso, a Secretaria do Turismo aposta na diversidade esportiva como alternativa para manter o fluxo de visitantes.

“Fortaleza não depende apenas do futebol. Temos esportes de praia, esportes de vento, esportes náuticos, corridas de rua e etapas mundiais de vela. Isso fortalece o turismo de bem-estar e mantém o fluxo ao longo do ano”, declara Denise.

O presidente da ABEOC-CE reconhece que a ausência dos jogos de grande porte representa uma perda econômica significativa.

“Você imagina um Corinthians jogando em Fortaleza. O time ocupa três andares de um hotel. A torcida vem em mais de dez ônibus e ocupa pousadas, restaurantes, transporte, farmácias e até shoppings. Nossa cadeia movimenta 52 ramos da economia. É uma perda considerável, mas agora é pensar em 2027”, explica.

Apesar disso, Leonardo mantém a projeção otimista para os próximos anos.

“A cada ano a expectativa é de crescimento entre 10% e 15% no número de eventos. O setor segue em expansão”, conclui.

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