Presença feminina marca premiação de games que explora temas sociais e ambientais em Fortaleza
Em sua quarta edição, a Fábrica de Programadores mostrou a força das estudantes, que venceram com jogos que passam por universos fantásticos, debates sociais e temas ambientais
Em meio a universos mágicos, aventuras e desafios que misturam criatividade e tecnologia, estudantes da rede educacional do Ceará conquistaram seus espaços na quarta edição da premiação “Fábrica de Programadores – Aprendendo a Programar com Games e IA”, realizada na Fábrica de Negócios, em Fortaleza (CE), com destaque para a presença feminina.
O projeto é uma parceria da Universidade Federal do Ceará e Fundação Demócrito Rocha (FDR).
Nesta edição, um detalhe se destacou entre os projetos finalistas: dois dos três jogos premiados têm como tema central o meio ambiente, cada um explorando a relação entre sustentabilidade, futuro e tecnologia de maneiras distintas.
A grande vencedora da noite foi Lívia Karoliny, de 16 anos, da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Prof, Joaquim Antônio Albano, na Capital.
Ela desenvolveu o jogo “Em busca de abrigo” baseado na degradação ambiental e na busca por equilíbrio entre diferentes habitats.
“Eu tô muito feliz. Eu tô me tremendo porque foi um jogo em que eu botei muito esforço. Eu não esperava nem ficar no top 10 e fiquei em primeiro lugar”, diz emocionada.
Sobre o projeto, Lívia explica que seu jogo se passa em um ambiente educacional gamificado, com três personagens e três fases, cada uma representando um habitat ameaçado.
Este é o segundo ano consecutivo no qual o primeiro lugar é conquistado por uma jovem estudante — um marco para a presença feminina na tecnologia dentro da rede pública.
O segundo lugar ficou com André Levy Queiroz, de 17 anos, da EEEP César Campelo, também em Fortaleza.
O aluno é criador do jogo “Ecos da Mansão Verde”. O game transforma uma mansão misteriosa em metáfora para o planeta: um espaço que precisa ser protegido da poluição.
'Foi muito importante participar. Eu queria agradecer à Fundação Demócrito Rocha por essa iniciativa incrível”, comenta ainda eufórico após a premiação.
Ele conta que o processo foi desafiador: “Passei muita raiva tentando fazer o jogo. Às vezes, um botão era só uma linha de código que não tava certa… Mas eu quis fazer funcionar.”
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A terceira colocação ficou com Geovana da Silva Félix, criadora de Neblina e Sinais.
O jogo é focado em acessibilidade e traz um debate sobre comunicação por meio da Libras, incorporando elementos da linguagem de sinais à narrativa e à mecânica da gameplay.
Sobre a quarta edição do evento
Neste ano, o curso teve 2 mil inscrições, com vagas esgotadas em dois dias e meio. Dessas, 10 trabalhos de finalização de curso foram indicados para a premiação.
As propostas foram diversas. Os jogos envolvem acessibilidade, respeito ao meio ambiente, mundos distópicos com magia e aventura, além de games que dialogam até com a literatura.
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O professor Pedro Farias, da EEEP Profa. Luiza de Teodoro Vieira, localizada em Pacatuba, compartilha que para os alunos o curso é um desafio de inovação, novidade e incentivo.
“É um desafio que o aluno aprende brincando, a questão da criação da arte, o uso da lógica, um pouco de matemática às vezes e eu acho que isso é um atrativo”, comenta.
Além disso, o professor também acredita que o projeto ajuda a firmar uma perspectiva de futuro para a criação de uma empresa ou algo semelhante na área.
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Sobre isso, o gerente geral da Fundação Demócrito Rocha (FDR), Marcos Tardin, explica que, apesar de não terem dados específicos sobre a influência do programa, ele não possui dúvidas sobre um impacto significativo do evento.
“A gente de fato dá uma contribuição prática importante para o futuro desses jovens. Seja, especificamente, para a questão de programação, desenvolvimento de games etc. Mas também para o espírito de empreendedorismo, de realização, de motivação, de acreditar em si mesmo, no potencial que cada um deles tem”, afirma.
Presença feminina na programação e tecnologia
Valéria Xavier, coordenadora executiva do projeto, comenta que a presença feminina tem sido uma constante ao longo das quatro edições da premiação. Para ela, esse destaque não surgiu por acaso, mas reflete um movimento crescente nas escolas.
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“Sempre, em todas as edições, nós tivemos mulheres entre as três finalistas. E, coincidentemente, no ano passado, na terceira edição, as três finalistas foram mulheres”, relembra Valéria, destacando que isso demonstra não apenas interesse, mas competência das estudantes nas áreas de tecnologia e programação.
Segundo ela, não existe qualquer barreira estrutural ou técnica que limite a participação feminina e que o próprio histórico do evento confirma isso.
“O que é exigido nessa área é só o pensamento lógico e o desenvolvimento intelectual”, complementa.
Nesta edição, dos dez finalistas, cinco eram mulheres, e duas delas ficaram entre os três primeiros colocados.
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Curso “Aprendendo a programar com games e IA”
O curso acontece de maneira online, em parceria com a Fundação Demócrito Rocha (FDR) e a Universidade Aberta do Nordeste (Uane).
A iniciativa aposta na combinação entre programação orientada a objetos e desenvolvimento de games como forma de estimular o interesse de jovens pela área da tecnologia.
A metodologia parte do princípio de que o universo dos jogos digitais exerce forte poder de atração entre estudantes do ensino médio.
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Por isso, todo o aprendizado dos princípios da linguagem orientada a objetos é conduzido por meio do desenvolvimento de um protótipo de game.
Para garantir acompanhamento próximo, o projeto mantém uma proporção de um tutor para cada 60 estudantes.
Esses tutores são universitários da área de tecnologia do campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Quixadá.
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Nesta edição, 25 deles atuam remotamente, orientando atividades, tirando dúvidas e acompanhando o progresso dos participantes.
A mobilização para preencher as vagas é feita prioritariamente junto às escolas públicas de ensino médio, com foco especial nas instituições de ensino profissional, onde disciplinas ligadas à tecnologia já fazem parte do currículo.
Tardin assemelha o número de inscrições ao sucesso do projeto e a força de conectar com os interesses, as aspirações dos jovens, dos estudantes.
“Isso é muito bonito, muito bacana. E a gente tem um papel de desenvolver isso com os nossos parceiros a Universidade Federal do Ceará, o Centro de Treinamento e Desenvolvimento e a Assembleia Legislativa”, afirma.
Entre os destaques desta edição, estão quatro estudantes de Fortaleza e seis de municípios do Interior, o que, para Valéria, representa a força do interior do Ceará na área de tecnologia.
Conheça os ganhadores e os finalistas da Fábrica de Programadores
Vencedores
- Em busca de abrigo de Lívia Karoliny Aguiar Sobreira Costa (EEEP Prof. Joaquim Antônio Albano - Fortaleza)
- Ecos da Mansão Verde de André Levy Queiroz dos Santos (EEEPCésar Campelo - Fortaleza)
- Neblina e Sinais de Geovana da Silva Félix (EEEPProf. Sebastião Vasconcelos Sobrinho - Tianguá)
Finalistas
- The Last Coder de Irisbarney Damasceno Martins Filho (EEEPProfa. Luiza de Teodoro Vieira - Pacatuba)
- Destino inestimável de Dylan Ribeiro (Escola Sesi Senai Roberto Proença de Macêdo - Fortaleza)
- Eco Ville de João Vitor Rodrigues de Oliveira (EEEP Francisca Castro de Mesquita - Reriutaba)
- ErasVerso de Ana Victoria Viana dos Santos (EEEP Paulo Petrola - Fortaleza)
- Nira, o último raio de luz de Antonia Iasmara Pacheco da Silva (EEEP Dr. José Alves da Silveira- Quixeramobim)
- Pythonzinho de Luciano Ravette Silva (EEEPJosé Ciro Nogueira Machado - Solonópole)
- Ventos do Sertão de Gabriel Nogueira de Araújo Almeida (EEEPAnderson Borges de Carvalho - Juazeiro do Norte)