5G em Fortaleza: veja a velocidade da internet de quinta geração

O POVO testou a versão "de testes" do 5G no Brasil em cenário de uso real na capital cearense; saiba velocidades, cobertura e outros detalhes sobre as redes móveis de quinta geração

Muito tem se falado sobre a internet 5G no Brasil, nos últimos meses. Celulares são lançados com suporte à tecnologia, operadoras anunciam a quinta geração em suas propagandas, o leilão das frequências sofre atrasos constantes... Com tanta informação, é fácil de se perder no assunto.

Para ajudar a entender o tema, O POVO testou a nova conexão, disponível como uma "prévia" do 5G, em Fortaleza. Também preparamos um tira-dúvidas sobre o assunto. Confira abaixo:

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Onde tem 5G em Fortaleza?

Os testes feitos por O POVO aconteceram na Praça Portugal, no cruzamento das avenidas Dom Luís e Desembargador Moreira. Segundo a Tim, o 5G em Fortaleza está disponível nos bairros Aldeota e Meireles.

A realidade, porém, difere do informado pela operadora. Fiz um trajeto amplo dentro desta região, seguindo pela avenida Dom Luís desde a rua Coronel Jucá até a avenida Desembargador Moreira. Tive conexão 5G somente neste último ponto. Em seguida, fui, pela rua Barbosa de Freitas, da Dom Luís até a avenida Santos Dumont. Novamente, havia apenas conexão 4G, com o sinal 5G voltando somente ao chegar na Santos Dumont.

Não é possível, portanto, afirmar que os bairros inteiros têm 5G. No site da Tim, o mapa de cobertura, que indica localização de antenas e tipo de conexão disponível em cada local, sequer indica regiões com 5G DSS em Fortaleza, apesar da chegada da rede a Fortaleza ter sido anunciada em junho.

5G em Fortaleza: testando a conexão

Para usar as redes de quinta geração é necessário ter um equipamento compatível. Nos nossos testes, usamos um smartphone Realme 7 5G, que foi cedido em empréstimo para fabricante e terá uma análise completa publicada em breve por O POVO.

Com o aparelho em mãos, fomos à região onde o 5G está disponível na Capital. Usamos o aplicativo Speed Test para avaliar a conexão, analisando os seguintes parâmetros: velocidade de download, velocidade de upload, tempo de resposta (ping) e perda de pacotes. Os testes foram realizados conectando ao servidor da Tim, mesma operadora que fornece a conexão 5G.

Velocidades do 5G em Fortaleza

Conexão 5G da Tim em Fortaleza tem boas velocidades, mas que não surpreendem; perda de pacotes na rede preocupa
Conexão 5G da Tim em Fortaleza tem boas velocidades, mas que não surpreendem; perda de pacotes na rede preocupa (Foto: Bemfica de Oliva)

No primeiro critério, a velocidade de conexão agrada, apesar de não surpreender. O pico foi de 89 mbps no download e de 51 mbps no upload, com médias de, respectivamente, 62 mbps e 37 mbps. Considerando que é uma conexão de celular, é difícil imaginar cenários onde estas velocidades não atendam qualquer cenário de uso.

Na mesma hora e local, testei a conexão com meu smartphone de uso habitual, um Mi Mix 3, da Xiaomi, que usa conexão da Vivo e tem suporte apenas a redes 4G. Tive médias de 47 mbps no download (pico de 51 mbps) e 56 mbps no upload (pico de 57 mbps).

Conexão 5G da Tim em Fortaleza tem velocidades superiores às do 4G na mesma operadora (foto); concorrentes, porém, oferecem qualidade melhor na quarta geração
Conexão 5G da Tim em Fortaleza tem velocidades superiores às do 4G na mesma operadora (foto); concorrentes, porém, oferecem qualidade melhor na quarta geração (Foto: Bemfica de Oliva)

Conclusão: embora o 5G da Tim traga benefícios em relação ao 4G da mesma operadora, ele não está muito acima das conexões 4G de outras operadoras.

Ping do 5G em Fortaleza

A segunda análise foi do tempo de resposta, chamado tecnicamente de "ping". Esse parâmetro indica o tempo que uma informação leva para sair do celular, chegar à antena, e receber uma resposta - por exemplo, ao enviar uma mensagem no WhatsApp, é o tempo que leva para mudar do ícone de relógio para o ícone de enviado. Um ping alto pode explicar, por exemplo, por que determinados sites demoram a começar o carregamento, mas, quando começam, exibem o conteúdo inteiro rapidamente.

O ping baixíssimo, que permite aplicações como carros autônomos e cirurgias à distância, é um dos principais ganhos da internet 5G. Porém, isto acontece apenas no 5G "real", não sendo tão notável na tecnologia DSS, que usa redes 3G e 4G principalmente para aumento de velocidade.

O resultado, portanto, não trouxe nenhuma surpresa: o tempo de resposta foi significativamente menor - 9 ms no 5G, contra 21 ms no 4G. Ainda assim, não é equivalente ao que o 5G "real" poderá melhorar neste aspecto.

Teste da conexão 5G da Tim em Fortaleza demorou a ser iniciado; problema não aconteceu no 4G
Teste da conexão 5G da Tim em Fortaleza demorou a ser iniciado; problema não aconteceu no 4G (Foto: Bemfica de Oliva)

Apesar dos resultados adequados na análise do tempo de resposta, notei que o aplicativo demorou muito, mais de um minuto, para conseguir começar a realizar os testes. Isso não aconteceu nem com a Vivo, no 4G, nem no 4G da própria Tim. Essa diferença pode indicar um problema de otimização da rede por parte da operadora.

5G em Fortaleza: perda de pacotes

Os dados que trafegam na internet são divididos em "pacotes" de informação. Isso significa, por exemplo, que ao fazer uma publicação em uma rede social, se a sua conexão não estiver boa, o post só seja realizado quando todo o conteúdo for recebido pelo aplicativo. Caso a internet caia no meio do processo, e volte logo em seguida, o site avisará que determinado pacote não foi recebido, e o computador ou celular enviará aquela informação novamente.

A perda de pacotes, portanto, mede a quantidade de vezes que esta situação aconteceu durante o teste. Não basta ter uma conexão com velocidade e tempo de resposta bons, se ela é instável e deixa de entregar dados com frequência: os pacotes perdidos precisam ser enviados novamente, causando demoras para realizar uma ação.

Neste quesito, a rede 5G da Tim trouxe resultados muito preocupantes. Em seis testes realizados, houve perda de pacotes em cinco deles, chegando a 17% em uma ocasião. Qualquer valor acima de zero neste teste indica que a conexão não é estável, perdendo confiabilidade.

Em nota, a Tim afirmou que a rede 5G DSS que opera em Fortaleza não usa a tecnologia Standalone (SA), que será aplicada após o leilão das frequências pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), havendo, portanto, diferenças de cobertura e velocidade em relação ao 5G real. A operadora pontuou, ainda, que o aparelho usado para testes não está entre os homologados para uso com a rede 5G da Tim, o que pode reduzir a qualidade da conexão. Confira a nota completa abaixo:

A TIM esclarece o 5G DSS instalado em Fortaleza ainda não é a tecnologia 5G (5G Standalone), que será implementada no Brasil após o leilão de frequências da Anatel. O 5G DSS permite aos usuários com terminal compatível acessarem a internet móvel e utiliza a agregação das frequências atuais do 4G disponíveis, a fim de permitir uma experiência diferenciada, que evoluirá com a chegada do 5G no País. Inclusive, a TIM informa sobre essas diferenças em todos os seus materiais de publicidade.

A companhia informa ainda que o aparelho celular utilizado para a medição não faz parte do portfólio de dispositivos homologados na rede da empresa, conforme lista de aparelhos disponível no site www.tim.com.br . Isto quer dizer que a operadora não pode garantir a melhor experiência de uso do seu serviço, porque o comportamento e as funcionalidades da rede podem ser impactados durante o uso. Em certos casos, são necessários ajustes de software entre fabricantes e operadores para que os aparelhos se conectem à rede dentro dos padrões previstos em testes.

Entendendo o 5G: as diferentes gerações de telefonia móvel

A telefonia celular e, especialmente, a internet móvel, é dividida em várias gerações. Cada uma trouxe novidades e avanços significativos em relação ao tipo de conexão anterior.

A primeira geração foi iniciada com a introdução dos telefones celulares, nos anos 1980. Usando sinais analógicos, ela permitia apenas chamadas por voz. A segunda geração começou a ser usada nos anos 1990 e, por usar sinais digitais, permitiu a transmissão de outros tipos de dados: inicialmente mensagens de texto, as populares SMS, e eventualmente um sistema extremamente básico de internet para celulares.

A revolução veio com a tecnologia 3G, que melhorou qualidade de sinal e velocidade das conexões. Usada amplamente no Brasil nos anos 2000 e começo dos anos 2010, ela popularizou a internet móvel no País, seja em celulares compatíveis, seja nos modems, que eram ligados em computadores por conexão USB.

Atualmente, o Brasil usa, na maioria das cidades, as redes de quarta geração, chamadas de 4G ou LTE. Com velocidade ainda maior e conexões de melhor qualidade, é possível navegar na internet por celulares de forma muito similar às conexões fixas.

O próximo passo, cuja adoção já começou em diversos países, são as redes 5G. Além de permitir velocidades maiores de transmissão, ela tem características técnicas que permitem uma série de usos além da internet móvel, como a utilização de dispositivos inteligentes, carros autônomos, cirurgias feitas remotamente, e diversas outras aplicações. Para o usuário médio, porém, a mudança mais imediata deve ser vista de fato na conexão dos celulares, que ficará mais rápida e confiável.

O que é preciso para usar o 5G? Quais os aparelhos compatíveis?

Para ter acesso às redes de quinta geração, é preciso um celular que tenha a tecnologia. Desde 2019, os smartphones topo de linha das principais marcas têm conexão 5G - à exceção da Apple: somente iPhones a partir de 2020 são compatíveis. Desde então, as fabricantes trabalharam em levar o 5G a modelos mais baratos.

Como o Brasil usa, até o momento, apenas a tecnologia 5G DSS, nem todos os smartphones com suporte às redes de quinta geração conseguem usar a conexão mais recente. É preciso confirmar, na hora da compra, se o modelo é compatível com o DSS. Caso não seja, ele terá acesso às redes 5G apenas após o leilão da Anatel - veja mais detalhes abaixo.

O 5G chegou ao Brasil?

O problema com a adoção do 5G no Brasil é que, como em todas as novas gerações de telefonia móvel, é necessário equipamentos compatíveis tanto no usuário quanto na operadora. Esses dispositivos, (celulares, modems, antenas etc), transmitem sinais sem fio, que precisam ser autorizados e regulamentados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Para impedir que haja interferência entre as operadoras, e com outros serviços sem fio, como rádio, TV WiFi e Bluetooth, há uma separação das frequências em que cada tipo de conexão pode operar. A definição de quais frequências podem ser usadas por quais operadoras é feita através de um leilão, realizado pela Anatel, onde as empresas fazem ofertas pelo direito de operar os sinais sem fio.

Para o 5G, o leilão ainda não foi realizado. Ele estava previsto para acontecer em 2020, mas foi adiado diversas vezes. Entre os fatores estão a pandemia de Covid-19, a necessidade de mudança nas redes de televisão por satélite (que usam a mesma frequência do 5G), e a definição de exigências feitas pelo governo para as empresas que ganharem o leilão, como a cobertura em escolas públicas, estradas e a construção de uma rede privativa para o serviço público, em Brasília.

Não há, portanto, um 5G "de verdade" no Brasil até o momento. Após vários atrasos, a expectativa atual é que o leilão de frequências aconteça em setembro ou outubro de 2021.

Como solução temporária, as operadoras brasileiras decidiram adotar uma tecnologia chamada de Compartilhamento Dinâmico de Espectro (DSS, na sigla em inglês). Com o DSS, frequências das redes 3G e 4G que não estejam em uso podem ser combinadas, em aparelhos compatíveis, para dar um ganho de velocidade nestes equipamentos. O DSS é tido como uma "prévia" do 5G, pois oferece vantagens em relação às redes 4G habituais, mas não tem toda a capacidade do 5G "definitivo".

As quatro grandes operadoras nacionais já usam o DSS em suas conexões. No entanto, como esta tecnologia exige que parte das redes 3G e 4G sejam "desviadas", e considerando que ainda há poucos usuários, a cobertura é limitada: cada uma atende poucas cidades, e apenas alguns bairros destas cidades.

A exceção é a Oi: a operadora decidiu seguir um caminho diferente da concorrência na adoção do 5G DSS, concentrando a cobertura apenas em um único local, de grande extensão. A empresa atua com o 5G hoje somente na cidade de Brasília (DF), mas abrange cerca de 80% da área do município.

5G DSS no Brasil: veja as cidades cobertas pelas operadoras

  • Claro: Manaus (AM), Brasília (DF), Goiânia (GO), São Luís (MA), Belém (PA), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS), Campinas (SP), Guarulhos (SP), Santo André (SP), Santos (SP), São Bernardo do Campo (SP), São Caetano do Sul (SP) e São Paulo (SP);
  • Oi: Brasília (DF);
  • Tim: Salvador (BA), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Recie (PE), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Campinas (SP), Santos (SP) e São Paulo (SP);
  • Vivo: Salvador (BA), Brasília (DF), Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP).

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