Afta: veja como prevenir e tratar as feridas na boca

Pequenas feridas bucais com aptidão para incomodar, as aftas podem surgir por motivos diversos. Tanto o tratamento quanto os métodos de prevenção também são múltiplos; entenda

As aftas são pequenas feridas na cavidade bucal que podem incomodar de diferentes maneiras. São mais incidentes em algumas pessoas do que em outras, por fatores associados ao sistema imunológico e a condições de saúde individuais.

Para entender as particularidades das aftas, O POVO conversou com estomatologistas, especialistas no diagnóstico das doenças da boca. Entenda a seguir o que são, qual a origem e como tratá-las.

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O que é uma afta?

Segundo a dentista Malena Freitas, a afta é resultado do processo de ulceração, que ocorre quando há uma lesão na mucosa. As úlceras são popularmente chamadas de feridas. A profissional sublinha que uma úlcera na boca nem sempre será uma afta.

Os tipos de aftas

Malena, que é professora no Centro Universitário Christus, explica haver três tipos de aftas que podem acometer a boca:

  • Menores: tipo mais comum, é caracterizado por bordas avermelhadas e cor amarelada ou esbranquiçada. Geralmente, as aftas menores são dolorosas e aparecerem na parte interna da bochecha e na parte inferior da língua. São lesões de rápida cicatrização que podem desaparecer mesmo sem tratamento;
  • Maiores: têm circunferência maior que 10 milímetros (mm), podem durar semanas na cavidade bucal e são muito dolorosas Malena Freitas destaca que a presença de dor em uma afta do tipo maior é um sinal importante. Isso porque uma úlcera de grande tamanho na boca, SEM dor, pode indicar câncer de boca. . Aftas desse tipo possuem características similares às aftas menores quanto a cor e área de incidência. Precisam de tratamento adequado para cicatrizar;
  • Herpetiformes: lembram a infecção da herpes — mas não são necessariamente causadas pelo vírus —, porque aparecem em abundância, apesar do tamanho pequeno. Podem cicatrizar em 10 a 14 dias e requerem tratamento, principalmente quando retornam à cavidade bucal com recorrência.

Quanto tempo uma afta fica na boca?

O tempo de duração de uma afta na boca depende da causa, do tipo e se há ou não um tratamento em curso, explica Malena.

“As aftas menores permanecem de sete a 10 dias, no máximo 14. Uma maior pode levar até seis semanas para cicatrizar. O que indicamos é: se o indivíduo tem uma úlcera que dura há mais de 15 dias, o ideal é fazer uma investigação diagnóstica”, alerta a dentista.

Como a afta pode surgir? O que provoca?

O surgimento de uma afta na boca ainda não é completamente compreendido pela ciência, mas Malena Freitas avalia que o processo pode estar relacionado a questões de imunidade do organismo. Em certos casos, pode haver um conjunto de fatores geradores de aftas.

Conforme a profissional destaca, “existem diversas possíveis causas para a ocorrência e recorrência” de aftas.

“Geralmente pedimos alguns exames para checar uma possível deficiência de nutrientes. Também pode ser agente infeccioso, variações hormonais, alterações no sistema imune, problemas sanguíneos ou alergias, além de pré-disposição genética”, elenca a dentista.

Malena acrescenta que "o estresse também é relatado como uma causa das aftas". "Então, são diversas causas para diversas pessoas. Cada paciente precisa de uma investigação para tentar relacionar uma causa ao tipo de úlcera apresentada."

Períodos de maior estresse, que  prejudicam o sistema imunológico Carolina Teófilo complementa que, em vez de níveis baixos de imunidade, as aftas estão mais relacionadas a uma maior quantidade de trabalho executado pelo sistema imunológico.
do paciente, também podem desencadear o aparecimento de aftas em quem já tem o quadro clínico chamado de ulcerações aftosas recorrentes (UAR), marcado por muitas aftas ao mesmo tempo, expõe a dentista.

Como tratar a afta?

Assim como as causas das aftas, o tratamento dessas úlceras é “individualizado”, de acordo com Malena, pois é determinado a partir do motivo de aparição delas na boca. A maioria dos casos de afta menor se cura sozinha, mas aftas maiores e/ou mais recorrentes precisam de atenção.

Estou com afta, qual médico procurar?

O profissional de saúde mais recomendado para analisar um paciente com afta é o estomatologista, especialista no diagnóstico das doenças da boca.

Porém, um caminho inicial, explica Carolina Teófilo, doutora em estomatologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), é procurar auxílio de um dentista, mesmo em Unidades Básicas de Saúde (UBS), e detalhar o quadro aftoso.

O diagnóstico de uma úlcera, incluindo as aftas, ocorre por meio da análise da história clínica do paciente, do exame físico e do relato pessoal. Causas mais específicas e complexas podem necessitar de biopsia.

Como funciona o tratamento?

O tratamento da afta, destaca Carolina Teófilo, é determinado pelas especificidades do quadro clínico. Os tratamentos mais utilizados são corticoides e pomadas à base de camomila, diz ela.

O uso de corticoide é indicado, acrescenta Malena, em casos gerados por disfunções imunológicas. “Se a causa for, por exemplo, uma deficiência nutricional, você tem que fazer uma reposição de nutrientes. Então, a causa estabelece o tratamento”, detalha.

O avanço tecnológico trouxe aos pacientes com afta, conforme Malena, um novo tratamento: o laser de baixa potência. “As aplicações podem ser diárias, reduzir a dor e estimular o processo de reparo. É um tratamento eficaz quando o paciente tem sintomas mais sérios, que levam à dificuldade na alimentação ou comunicação”, explica.

Sal, gelo, bicarbonato… Existe remédio caseiro para afta?

Buscar remédios caseiros nem sempre é a melhor opção para tratar as aftas, principalmente sem orientação profissional, reforça Malena. Na Internet, é possível encontrar sugestões de rotinas de bochechos com bicarbonato de sódio e de aplicação de gelo ou sal.

Segundo Carolina, “não há evidências robustas que comprovem que o bochecho com bicarbonato acelere o reparo das úlceras”.

Além disso, o sal pode acabar agredindo mais uma área já debilitada caso seja aplicado diretamente na boca. Já o gelo pode ser utilizado apenas para aliviar possíveis dores, pois não tem nenhuma influência sobre o processo cicatrização, sublinha a médica.

Quando a afta é preocupante?

Carolina Teófilo reforça que o paciente deve se preocupar se notar a presença da afta há mais de 15 dias. Isso porque diversas outras condições bucais, incluindo câncer de boca, podem ser confundidas com uma afta, afirma ela.

Um profissional de saúde também deve ser procurado se as aftas forem muito grandes, frequentes, dolorosa e/ou se dificultarem a mastigação.

Afta é contagiosa?

Se a ferida presente na boca for confirmada como afta, não há motivo para se preocupar com transmissão, explica Carolina. “Afta não se trata de uma lesão contagiosa, não há possibilidade de passar de uma pessoa para outra”, diz.

Afta ou HPV?

Segundo Carolina, as lesões causadas pelo vírus do papiloma humano (HPV) são diferentes daquelas caracterizadas como aftas. A especialista salienta a importância do diagnóstico médico, necessário para ter noção do quadro que acomete o paciente e buscar o tratamento adequado.

Como prevenir a afta?

Carolina e Malena se encontram para destacar que a prevenção da afta também é múltipla, assim como as causas e o tratamento.

O público geral pode prevenir o surgimento de úlceras aftosas tentando diminuir o estresse, evitando o consumo de alimentos mais ácidos e duros e mantendo uma rotina de consultas e atenção médica, diz Carolina.

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