Heineken encerra fábrica em Pacatuba e surpreende funcionários e Governo do Ceará
A decisão tem relação com a ampliação da planta em Igarassu, em Pernambuco. O encerramento também não foi informado ao Governo do Estado
A multinacional Heineken oficializou o encerramento das atividades da unidade fabril em Pacatuba, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), como parte de um processo de reestruturação industrial que prevê a concentração das operações no Nordeste.
O fechamento surpreendeu trabalhadores e o próprio Governo do Ceará.
Uma ex-funcionária da empresa, que preferiu não se identificar, afirma que o anúncio aconteceu repentinamente, durante uma reunião interna que, até então, trataria apenas dos resultados financeiros da companhia.
Segundo ela, os funcionários já estavam apreensivos com o desempenho da empresa, mas não havia qualquer informação sobre o fechamento.
“A gente estava trabalhando normalmente. O Town Hall é uma reunião bimestral de resultados. Anunciaram para o dia 2 de dezembro, todo mundo já estava apreensivo porque os resultados não estavam bons, mas não falaram nada sobre encerramento”, relata.
O comunicado oficial veio no próprio dia da reunião. “O gerente juntou todo mundo do administrativo e informou que a empresa ia fechar.”
“Nesse mesmo dia já estavam vários médicos para fazer os exames demissionais e começaram a explicar o que o sindicato tinha decidido”, conta.
Ainda segundo a ex-funcionária, estagiários e jovens aprendizes foram afastados em uma reunião separada.
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“A gente ficou sabendo no dia e, no mesmo dia, já foi feito o demissional. No mesmo dia acabou o trabalho”, diz.
Após os desligamentos, apenas 17 pessoas permaneceram na unidade para concluir os processos de encerramento.
“Essas pessoas vão ficar até fevereiro. Mas não tem mais produção, não tem mais venda. Agora é só a transferência das cervejas e dos insumos para a unidade mais próxima, em Pernambuco”, afirma.
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O que diz a Heineken
Em nota enviada ao O POVO, a Heineken informou que estruturou um plano de realocação e suporte aos trabalhadores afetados pelo encerramento da unidade.
“Conseguimos oferecer proposta para 25 pessoas atuarem em outras operações da companhia. Para os profissionais desligados, oferecemos um pacote de suporte ampliado, acordado com o sindicato, seguindo todas as diretrizes legais e com cuidado humano para que todos possam seguir sua trajetória com segurança”, afirmou a empresa, sem detalhar a quantidade total desligada.
A multinacional também destacou os investimentos feitos em Pernambuco, para onde parte da operação foi transferida.
“Foram mais de R$ 1,2 bilhão aplicados na ampliação da cervejaria de Igarassu, que já gerou 130 novas posições permanentes de trabalho”, concluiu a nota.
Governo afirma que também foi pego de surpresa
Em entrevista ao O POVO, o governador Elmano de Freitas disse que não foi informado previamente sobre a decisão da multinacional e classificou o impacto como negativo para o Estado.
Segundo ele, o movimento faz parte de uma lógica de concentração comum às grandes empresas, mas não deixa de causar prejuízos locais.
“É ruim para o Estado. Existem dinâmicas de concentração em que as empresas buscam ganhar escala em uma unidade produtiva”, afirmou.
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Elmano disse ainda que pretende procurar a empresa para entender os motivos do fechamento e avaliar se há possibilidade de reversão.
“Não tive informação prévia. Fiquei sabendo pela imprensa, fomos surpreendidos. Vou tentar entender o que levou a essa decisão”, declarou.
O governador também confirmou que, até o momento, não há definição de uma nova empresa para ocupar o espaço deixado pela Heineken em Pacatuba.
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Nota completa da Grupo Heineken
“Sobre o questionamento referente às posições de trabalho na cervejaria: Desde o início da transição, estruturamos um plano de realocação e suporte para garantir que o processo fosse conduzido com o máximo de responsabilidade e cuidado com as pessoas.
Conseguimos oferecer proposta para 25 pessoas atuarem em outras operações da companhia, preservando talentos e experiência dentro da nossa rede.
Para os profissionais desligados, oferecemos um pacote de suporte ampliado, acordado com o sindicato, seguindo todas as diretrizes legais e pensado com o máximo de cuidado humano para oferecer tranquilidade e condições para que todos possam seguir sua trajetória com segurança.
Vale reforçar que essa transferência reflete muito mais do que uma mudança operacional. Foram mais de R$ 1,2 bilhão aplicados na ampliação da cervejaria de Igarassu, que já gerou 130 novas posições permanentes de trabalho”.
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