Excedente de energia do Ceará será vendido para data centers, diz Elmano
Com energia eólica e solar sendo interrompida por limitações no sistema de transmissão, o Ceará aposta no novo data center para absorver o excedente energético
O excedente de energia renovável produzido no Ceará será direcionado para abastecer os novos data centers no Ceará, localizados na Zona de Processamento de Exportação (ZPE), do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, na Caucaia.
A estratégia busca transformar a energia desperdiçada em atividade econômica, geração de empregos e atração de investimentos de grande porte para o Estado.
A informação foi anunciada na manhã desta segunda-feira, 15, pelo governador Elmano de Freitas (PT), em entrevista ao Bom Dia Ceará.
Segundo ele, o Ceará possui atualmente cerca de três gigawatts de energia sobrando, cenário que deve se manter, ao menos, até 2026.
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“O data center é uma solução, porque nós temos muita energia, mas não temos a quem vender”, afirmou.
De acordo com o governador, os data centers terão consumo aproximado de 1 gigawatt de energia, absorvendo parte relevante do excedente produzido no Estado.
O governador destacou que, em outros países, um empreendimento desse porte enfrentaria limitações energéticas, o que não ocorre no Ceará.
Desafios da produção de energia no Ceará
O anúncio ocorre em um momento em que o Ceará permanece entre os estados mais impactados pelo curtailment, mecanismo adotado após diagnóstico de que a rede de transmissão não suporta toda a energia gerada pelos parques conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN), sob risco de apagões no País.
As interrupções atingem principalmente a geração eólica e solar, fontes mais instáveis e concentradas no Nordeste.
No mês em que o Brasil deixou de colocar em operação um volume de energia equivalente ao potencial de uma usina como Itaipu ou Belo Monte, o Ceará foi o segundo estado mais afetado nos cortes de geração eólica, atrás apenas do Rio Grande do Norte.
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Impactos previstos com a construção do data center
Além do impacto econômico direto, o governador ressaltou que a compra de energia pelo data center deve fortalecer a cadeia produtiva das renováveis e gerar empregos indiretos em municípios produtores, como Jaguaretama, Icapuí e a Serra da Ibiapaba.
“É a energia eólica e solar produzida no Ceará garantindo emprego no interior do Estado”, afirmou.
Sobre o consumo de água, Elmano afirmou que o empreendimento terá baixo impacto hídrico e que o Estado firmou uma parceria público-privada para utilizar água tratada a partir do esgoto de Fortaleza, que será transportada até o Porto do Pecém.
O governador destacou ainda a vantagem estratégica do Ceará na conectividade internacional, com a concentração de cabos de fibra óptica em Fortaleza, fator considerado decisivo para a atração de grandes data centers.