Políticos cearenses reagem ao início das penas de Bolsonaro e outros réus da trama golpista
STF declarou o fim do processo e os réus iniciam o cumprimento das penas. Essa é a primeira vez que militares são presos por por ações relacionadas a golpe de Estado
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), declarou, na terça-feira, 25, que o processo da trama golpista que condenou os réus do núcleo crucial, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), transitou em julgado, sem a possibilidade de novos recursos. A medida também abriu caminho para que os réus já iniciem o cumprimento das penas.
A decisão repercutiu e gerou reações de diferentes políticos cearenses, entre nomes da direita bolsonarista e membros da base aliada ao governador Elmano de Freitas (PT).
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Aliados de Bolsonaro
Pelas redes sociais, a vereadora Priscila Costa (PL), pré-candidata ao Senado Federal, publicou imagem ao lado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Priscila aponta que a “covardia” contra Bolsonaro fortaleceu o partido.
“Cada ataque injusto apenas aumenta nossa vontade de lutar por justiça, pela liberdade e por todos aqueles que têm sido vítimas de um projeto de vingança pessoal de um psicopata que, ironicamente, ocupa uma cadeira na nossa mais alta Corte de Justiça", declarou.
"Mesmo em meio à essa crise que o país enfrenta, o Partido Liberal segue firme, unido e cheio de esperança no resgate da nossa nação. Sigamos firmes", disse.
O senador Eduardo Girão (Novo) publicou, nas redes sociais, trecho de uma entrevista ao jornal Gazeta do Povo na terça, 25. O senador, que lançará pré-candidatura ao Governo do Ceará no próximo domingo, 30, considerou o julgamento da ação penal como “irregular, totalmente inconstitucional com zero de transparência” e pediu por anistia ampla, geral e irrestrita.
Até a publicação da matéria, outros nomes da oposição, como o deputado federal e presidente do PL Ceará, André Fernandes, o deputado estadual Carmelo Neto (PL) e o ex-deputado e presidente estadual do União Brasil, Capitão Wagner, não publicaram manifestações sobre o decreto de cumprimento de pena na terça.
Os três, no entanto, se manifestaram sobre a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, no último sábado, 22, determinada após violação da tornozeleira eletrônica. Eles criticaram a determinação do ministro Alexandre de Moraes. No mesmo dia, Carmelo e André se juntaram a Flávio Bolsonaro (PL) em Brasília, participando de vigília pela saúde do ex-presidente.
Oposição a Bolsonaro
Pelo lado da base governista, o deputado estadual Guilherme Sampaio (PT) avaliou as prisões dos generais envolvidos na trama golpista como um “momento inédito e necessário”.
“Hoje, o Brasil dá um passo para romper com a lógica da impunidade que, por décadas, blindou setores das Forças Armadas envolvidos em ataques à democracia. A prisão de generais que participaram da trama golpista, entre eles Heleno, Paulo Sérgio e Garnier, marca um momento inédito e necessário. Não se trata de vingança; trata-se de Justiça”, escreveu.
A deputada federal Luizianne Lins (PT) também comentou sobre as prisões dos generais: “Não é replay, é história que continua sendo feita! Pela primeira vez, generais de 4 estrelas estão presos por golpe de Estado no Brasil. Para que não se esqueça, para que nunca mais se repita. Ditadura nunca mais!”.
Ineditismo
Essa é a primeira vez na história brasileira que militares foram presos por ações relacionadas a golpe de Estado.
O general cearense Paulo Sérgio Nogueira e o também general Augusto Heleno foram presos na terça e levados para o Comando Militar do Planalto, em Brasília. Heleno foi condenado pela Primeira Turma do STF a 21 anos de prisão e Paulo Sérgio, ex-ministro da Defesa da gestão Bolsonaro, foi condenado a 19 anos de prisão.
O general Walter Braga Netto, preso preventivamente desde dezembro, ficará na 1ª Divisão do Exército, Vila Militar, no Rio de Janeiro, para o cumprimento da pena. Braga Netto foi condenado a 26 anos de prisão.
O ex-comandante da Marinha Almir Garnier foi condenado a 24 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, e cumprirá pena na Estação Rádio da Marinha, em Brasília.
O ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, Anderson Torres, cumprirá pena no 19º Batalhão da Polícia Militar no Distrito Federal, localizado dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, também conhecido como ‘Papudinha’. Torres foi condenado a 24 anos de prisão em regime fechado.
Além deles, foi determinado que o ex-presidente Jair Bolsonaro inicie o cumprimento da pena de 27 anos e três meses na superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, onde está preso desde o último sábado, 22.
Moraes também determinou que a Câmara dos Deputados declare a perda do mandato do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado a 16 anos, um mês e 15 dias de prisão em regime inicial fechado. Apesar da proibição de sair do Brasil, o parlamentar deixou o país em setembro, após ser condenado pelo Supremo, e é considerado foragido.
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