Fortaleza: incêndio no Cocó queima 46 hectares, mata animais e espalha fumaça

Um incêndio nas proximidades do Rio Cocó, em Fortaleza, foi controlado hoje à tarde; 12 focos do incêndio foram localizados, o que resultou em cerca de 46 hectares atingidos. entenda o que aconteceu

Um incêndio nas proximidades do Rio Cocó, em Fortaleza, começou por volta de 20h15min dessa quarta-feira, 17. O fogo continuou até a tarde de hoje, quinta, 18, quando foi controlado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE). 12 focos do incêndio foram localizados. A área atingida foi maior que a estimada e chegou a 46,2 hectares.

Incêndio no Cocó, em Fortaleza: onde pegou fogo?

Os focos do incêndio ficaram próximos à margem do Rio Cocó, com terreno próximo à área de mangue, em uma área compreendida entre as regiões dos bairros Tancredo Neves e do Lagamar. Na área de preservação atingida, animais como sapos, cobras e rãs, entre outras espécies, morreram em virtude do incêndio.

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De acordo com o tenente-coronel José Leandro Marinho, do CBMCE, todos os focos do incêndio foram debelados. “Agora os bombeiros militares realizam o processo de rescaldo do incêndio para resfriar a madeira das árvores queimadas, que causam a fumaça no entorno”, explicou.

Os bombeiros localizaram 12 focos de incêndio. Os primeiros ficaram próximos à avenida Raul Barbosa, no Lagamar. Além disso, um helicóptero da Ciopaer auxiliou no combate às chamas, lançando 64.310 litros de água através do Bambi Bucket, uma espécie de bolsa utilizada para captar água e arremessá-la sobre as chamas.

A atuação dos bombeiros foi dificultada pelas condições do local. “Estamos trabalhando com lama na altura do joelho e sem a possibilidade de chegar próximo com os veículos por ser uma área alagada”, explicou o tenente Waldomiro Loreto. Parte da vegetação queimada era aquática e subterrânea, o que dificultou o controle do fogo. Além disso, por ser vegetação verde, houve maior intensidade de fumaça.

Incêndio no Cocó, em Fortaleza: fumaça se espalhou por bairros de Fortaleza

Durante e após o incêndio, a fumaça se espalhou por ruas de Fortaleza. Moradores dos bairros Aerolândia, Aldeota, São João do Tauape, Guararapes, Dionísio Torres e Fátima foram alguns dos que se depararam com fumaça nas ruas e até dentro de casa nesta manhã. Próximo ao local do incêndio, era possível sentir ardência nos olhos e dificuldades para respirar.

As avenidas Raul Barbosa e Murilo Borges estavam com visibilidade comprometida, como relataram motoristas que trafegavam pelas vias. A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) foi demandada para organizar o fluxo lento de veículos e interditou a rotatória que fica no encontro entre as vias.

Alguns moradores precisaram se abrigar na casa de parentes para fugir da fumaça. “O vento estava muito forte ontem, de noite, e ajudou a espalhar a fumaça. Não dava para ficar em casa”, disse Sebastião Cabral, morador do Alto da Balança, em conversa ao O POVO.

Já Marcelo Cavalcante, 42, residente no Lagamar, contou que nunca tinha passado por esse tipo de situação durante as mais de quatro décadas em que vive na região. “Foi muito difícil passar essa noite em casa, muita fuligem e fumaça. Eu moro aqui há 42 anos, já tinha visto algumas situações parecidas com essa, mas coisa rápida, nada com essa magnitude”, relatou ele.

Incêndio no Cocó, em Fortaleza: fogo foi criminoso?

“Não estamos falando de um incêndio, mas sim de 12 incêndios. São vários focos e isso indica ser uma ação criminosa. Alguém ou algumas pessoas fizeram queimas sucessivas”, explicou o tenente Loreto. Nesta sexta-feira, 19, pela manhã, equipes da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), da Perícia Forense (Pefoce) e do Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA) estarão no “rescaldo da queimada” para começar a investigar o que de fato ocorreu.

Uma fonte ouvida pelo O POVO, e que estava entre os militares que combatiam o incêndio, afirma que 12 focos de incêndio não são “’normais’ em uma ocorrência que teria causas ligadas às altas temperaturas de novembro e à vegetação seca. Um foco de fogo não pula de uma margem para outra do rio”, explica.

A orientação das fontes para o secretário do Meio Ambiente, Artur Bruno, para o gerente da Unidade de Conservação, Paulo Lira, é que a Pefoce investigue o arquivo das câmeras de segurança localizadas na Raul Barbosa e, principalmente, na avenida Murilo Borges.

Uma apuração preliminar apontaria que “um homem teria espalhado o fogo ao longo da avenida Murilo Borges”. As fontes também sinalizam que, próximo ao local atingido pelo incêndio, fica o quartel do BPMA e que na área militar – responsável pela fiscalização da Unidade de Conservação – há câmeras de monitoramento de segurança.

Incêndio no Cocó, em Fortaleza: Camilo determinou apuração rigorosa

O titular da Sema, Artur Bruno, disse que o incêndio será investigado pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). Nas redes sociais, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), informou que determinou “apuração rigorosa” sobre o caso. Na publicação, o gestor estadual destacou ter acompanhado a situação com muita preocupação. “O Cocó é um patrimônio ambiental do nosso estado e tem que ser preservado. Determinei apuração rigorosa sobre as causas do incêndio”, disse.

Na tarde desta quinta, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), disse que está em contato com Camilo sobre a apuração das causas do incêndio. Sarto destacou que, além da investigação, será necessário lidar com as “tristes consequências desse lamentável fato”. O prefeito da Capital ainda informou que esteve acompanhando o trabalho dos bombeiros nesta tarde. “Agradeci pessoalmente aos profissionais que conseguiram controlar as chamas”, escreveu em publicação nas redes sociais.

Incêndio no Cocó, em Fortaleza: bombeiros temeram que fogo se aproximasse de casas

Cinco quarteirões com residências da Favela do Papoco, ao lado da avenida Raul Barbosa, na Aerolândia, estiveram numa faixa de grande risco. Os bombeiros temeram que o vento levasse as labaredas para esse lado das residências. Na descrição dada pela assessoria de imprensa dos Bombeiros, havia um "L" de casas que esteve nessa zona de perigo.

Num dos momentos mais tensos do trabalho das guarnições, entre as 22 horas e meia-noite, tenente bombeiro Valdomiro Loreto contou que a extensão do fogo chegou a formar uma linha contínua de quase 900 metros. “Chegamos a ter 872 metros dessa linha de fogo na mata ao lado da avenida. Algumas labaredas mais altas que eu, que tenho 1,86m, mas muitos pontos com chamas muito mais altas”, detalhou. 

Incêndio no Cocó, em Fortaleza: fogo é dado como controlado

O incêndio é dado como controlado, o que não significa completamente apagado. O trabalho que se estenderá no turno da noite/madrugada, conforme Loreto, será extinguir pontos ainda com chamas e fazer o rescaldo, que é o controle da dispersão de fumaça. “Porque foi mesmo muita fumaça. Toda a região noroeste e oeste de Fortaleza recebeu essa fumaça”, segundo o bombeiro.

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