Cocó: Área atingida por incêndio foi maior que a estimada e chega a 46 hectares

Maior parte da área afetada seria de capinzal. Onde árvores foram atingidas haverá replantio, em quantidade maior que a destruída pelo fogo

Depois de debelado o incêndio no Parque do Cocó, técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), da Superintendência do Meio Ambiente (Semace) e do Corpo de Bombeiros sobrevoaram a área com apoio da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) para avaliar os danos. Constatou-se que a área atingida pelo fogo é maior que os 20 hectares previstos inicialmente. O dano se alastrou por 46,2 hectares do parque. A estimativa inicial era de em torno de 20 hectares. O perímetro do incêndio florestal foi estimado em 3,77 quilômetros.

O secretário estadual do Meio Ambiente, Artur Bruno, disse ao O POVO que a área atingida é predominantemente de capinzal. Trata-se de área que fica alagada na maior parte do primeiro semestre, na época das chuvas. No segundo semestre, essa área de capim fica seca e propícia a incêndios.

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Vegetação

De acordo com o secretário, o principal fator que induz aos incêndios na área do Cocó é a queima de lixo. O parque atravessa a Cidade e passa por muitas áreas habitadas, e a prática é mantida por alguns moradores.

No segundo semestre, o cenário para queimadas é favorecido por uma convergência de fatores: os fortes ventos dessa época, o aumento do calor e a baixa umidade.

Artur Bruno disse ainda que, na área em que árvores foram atingidas pelo fogo — o que seria a menor parte — será feito o plantio em quantidade maior que o que foi afetado.

Quanto à área de capinzal, o secretário reconhece que há impacto para o solo, mas estima que haja recuperação a partir do início da época das chuvas. Trata-se de uma área que costuma alagar e onde, por isso, segundo ele, não se plantam árvores.

Animais

Equipe da Secretaria do Meio Ambiente faz avaliação na tarde desta quinta-feira, 19, da perda de fauna e flora. O secretário explica que foi identificada a morte de algumas espécies de anfíbios. Aparentemente, não teria havido mamíferos atingidos, mas o trabalho está no início.

Cinco sapos e um muçum mortos no incêndio
Cinco sapos e um muçum mortos no incêndio (Foto: Karine Montenegro/especial para O POVO)

Incêndio no Cocó

incêndio nas proximidades do Rio Cocó, em Fortaleza, começou por volta de 20h15min de quarta-feira, 17. O fogo continuou até a tarde da quinta-feira, 18, quando foi controlado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE). Foram localizados 12 focos de incêndio. Os primeiros ficaram próximos à avenida Raul Barbosa, no Lagamar.

Durante e após o incêndio, a fumaça se espalhou por ruas de Fortaleza. Moradores dos bairros Aerolândia, Aldeota, São João do Tauape, Guararapes, Dionísio Torres e Fátima foram alguns dos que se depararam com fumaça nas ruas e até dentro de casa nesta manhã. Próximo ao local do incêndio, era possível sentir ardência nos olhos e dificuldades para respirar.

As avenidas Raul Barbosa e Murilo Borges estavam com visibilidade comprometida, como relataram motoristas que trafegavam pelas vias. A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) foi demandada para organizar o fluxo lento de veículos e interditou a rotatória que fica no encontro entre as vias. Alguns moradores precisaram se abrigar na casa de parentes para fugir da fumaça.

 

O incêndio pode ter sido criminoso. É indício de que homem ligado a facções criminosas teria iniciado a queimada. Uma fonte ouvida pelo O POVO, e que estava entre os militares que combatiam o incêndio, afirma que 12 focos de incêndio não são “’normais’ em uma ocorrência que teria causas ligadas às altas temperaturas de novembro e à vegetação seca. Um foco de fogo não pula de uma margem para outra do rio”, explica.

Uma apuração preliminar apontaria que “um homem teria espalhado o fogo ao longo da avenida Murilo Borges”. As fontes também sinalizam que, próximo ao local atingido pelo incêndio, fica o quartel do BPMA e que na área militar – responsável pela fiscalização da Unidade de Conservação – há câmeras de monitoramento de segurança.

Nas redes sociais, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), informou que determinou “apuração rigorosa” sobre o caso.

Na tarde desta quinta, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), disse que está em contato com Camilo sobre a apuração das causas do incêndio. Sarto destacou que, além da investigação, será necessário lidar com as “tristes consequências desse lamentável fato”. O prefeito da Capital ainda informou que esteve acompanhando o trabalho dos bombeiros nesta tarde. “Agradeci pessoalmente aos profissionais que conseguiram controlar as chamas”, escreveu em publicação nas redes sociais.

Cinco quarteirões com residências da Favela do Papoco, ao lado da avenida Raul Barbosa, na Aerolândia, estiveram numa faixa de grande risco. Os bombeiros temeram que o vento levasse as labaredas para esse lado das residências. Na descrição dada pela assessoria de imprensa dos Bombeiros, havia um "L" de casas que esteve nessa zona de perigo.

Num dos momentos mais tensos do trabalho das guarnições, entre as 22 horas e meia-noite, tenente bombeiro Valdomiro Loreto contou que a extensão do fogo chegou a formar uma linha contínua de quase 900 metros. “Chegamos a ter 872 metros dessa linha de fogo na mata ao lado da avenida. Algumas labaredas mais altas que eu, que tenho 1,86m, mas muitos pontos com chamas muito mais altas”, detalhou.

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