Chacina do Curió é a 3ª maior da história do Ceará; lembre as mortes que marcaram o Estado

Em quase um século e meio desde a primeira chacina noticiada no Ceará, o Estado viveu 46 crimes com mais de três mortos. Maioria dos casos aconteceu na década de 2010

Desde o século XX, 46 chacinas foram registradas e noticiadas no Ceará, conforme levantamento realizado pelo O POVO e atualizado nesta terça-feira, 21. O crime com maior número de vítimas marca o início dessa linha do tempo, em 1878. Em seguida, estão dois eventos que marcaram Fortaleza: a chacina das Cajazeiras e a chacina do Curió.

A terceira maior chacina do Estado, que deixou 11 mortos em diferentes bairros da Grande Messejana, teve um desdobramento nesta terça, 21. A Justiça cearense já tem data para julgar os primeiros réus da Chacina do Curió. O primeiro ulgamento começou 20 de junho.

Segundo o levantamento do O POVO, 24 das 46 ocorrências com mais de três mortos aconteceram entre 2010 e 2019. O ano de 2020 foi marcado por três crimes do tipo, que deixaram 16 mortos.

Em 2021, sete chacinas terminaram em 31 mortes no Ceará. Já em 2022, os cearenses viveram três chacinas, com 13 mortos.

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No último 11 de fevereiro, o município de Ibicuitinga presenciou a primeira chacina de 2023. Quatro pessoas da mesma família foram assassinadas a tiros, e uma criança foi baleada na cabeça. As vítimas são dois homens e duas mulheres. A criança foi socorrida e levada a um hospital da região.

10 maiores chacinas no Ceará: lembre as mortes que marcaram o Estado

1878 — Viçosa — 19 mortos

Conflito entre duas famílias, Macacheira e Juritis, iniciado pela criação de porcos que destruía a plantação de um dos clãs, deixou 19 mortos. Conforme reportagem do O POVO de 1º de setembro de 1956, baseada nos arquivos do Cartório de Ibiapina, a família Juriti reuniu um grupo armado e dirigiu-se às terras dos rivais, ateando fogo na fábrica de aguardente dos Macacheira e atirando com bacamartes, uma arma de fogo de cano curto e largo, contra os rivais.

2018 — Fortaleza (Cajazeiras) — 14 mortos

A maior chacina decorrente da disputa entre facções criminosas ocorreu em 27 de janeiro de 2018. Ao todo, 14 pessoas foram mortas na casa de shows Forró do Gago, no bairro Cajazeiras. As vítimas foram mortas aleatoriamente; o crime só ocorreu porque o espaço recebia festas que seriam patrocinadas pelo Comando Vermelho (CV).

Conforme as investigações, a cúpula da Guardiões do Estado (GDE) autorizou a matança. Os criminosos usaram fuzil e até mesmo uma granada foi lançada, apesar de não ter detonado. Ainda não houve julgamento dos 15 réus; a primeira audiência do caso está previsto para outubro próximo.

2015 — Fortaleza (Grande Messejana/ Curió) — 11 mortos

Nesse caso, 11 pessoas foram mortas aleatoriamente, em quatro bairros da Grande Messejana, por policiais militares após a morte de um colega de farda, em latrocínio ocorrido um dia antes. Nenhuma das vítimas tinha ligação com o crime. Foram denunciados 44 policiais pelo MPCE; hoje, 34 seguem como réus e aguardam julgamento em liberdade. 

2013 — Itaitinga — 10 mortos

Dez presos morreram asfixiados na Casa de Privação Provisória de Liberdade (CPPL) I após outros detentos atearem fogo em colchões na porta das celas onde estavam as vítimas. O ato seria uma retaliação por um preso da vivência onde ocorreu o crime ter agredido um outro interno durante dia de visita, o que é proibido pelo "código de conduta" existente entre os presos.

2018 — Itapajé — 10 mortos

Dez presos da Cadeia Pública de Itapajé foram mortos por outros presos da unidade. As vítimas seriam ligadas à facção Primeiro Comando da Capital (PCC), enquanto os autores da execução, do Comando Vermelho (CV). O crime ocorreu em uma emboscada, quando as celas foram abertas para banho de sol. As vítimas foram mortas a golpes de faca e tiros de revólver que havia sido introduzido ilegalmente um dia antes. 

2003 — Limoeiro do Norte — 7 mortos

Sete pessoas foram mortas a tiros em três pontos do bairro Luiz Alves de Freitas, num intervalo de dez minutos. Seis das vítimas chegaram a ter as orelhas decepadas pelos homicidas, marca registrada de um dos acusados pelo crime José Roberto dos Santos Nogueira, o “Chico Orelha”. O crime teria sido praticado por pistoleiros em uma retaliação pela prisão de um integrante do grupo.

2004 — Ibicuitinga — 7 mortos

Mais uma chacina provocada por desavença entre duas famílias. A inimizade vinha de seis anos antes, quando uma das vítimas da chacina, Manuel Rodrigues Oliveira, teve um sobrinho lesionado. O episódio ganhou revide, o que gerou um ciclo de vingança pelos anos que se sucederam.

Dias antes da chacina, Manuel e Francisco Hernandes de Oliveira, também morto no crime, teriam tentado praticar um assassinato contra um integrante da família rival. Os dois fugiam quando foram mortos. Quatro das vítimas, porém, não eram da família. Nove pessoas foram acusadas pelo crime.

2018 — Fortaleza (Benfica) — 7 mortos

Sete pessoas foram mortas em três pontos do bairro Benfica. Dois dos três réus foram condenados em primeira instância a mais de 100 anos de prisão. O crime ocorreu, conforme a investigação, no contexto da briga entre GDE, facção a que pertenciam os executores, e o CV.

O objetivo seria matar o maior número possível de pessoas ligados à facção rival. A Polícia, porém, encontrou indícios de que duas das vítimas foram apenas confundidas com os verdadeiros alvos.

2018 — Milagres — 14 mortos (7 resguardadas pelo excludente de ilicitude)

Nesse caso, 14 pessoas morreram na tentativa por parte de PMs de evitar ataques a banco em Milagres. Seis eram reféns feitos pelos assaltantes. A morte de seis criminosos foi considerada pelo Ministério Público como morte em intervenção policial, o que é resguardada pelo excludente de ilicitude, mas a morte de dois outros assaltantes ocorreu em execução, conforme o órgão ministerial.

Sobre o caso de uma outra refém, o MPCE entendeu que se tratar de "erro de tipo permissivo", durante legítima defesa. Ao todo, 19 PMs foram acusados pelos crimes.

2020 — Ibaretama — 7 mortos

Sete pessoas foram mortas dentro de uma casa na zona rural de Ibaretama, incluindo uma criança de 6 anos. Cinco das vítimas teriam ligação com a GDE; o crime foi praticado por integrantes do CV.

Conforme a Polícia Civil, uma vereadora eleita do município havia dado anuência ao crime após ter a casa roubada por integrantes da GDE. Ela teria participado da logística do crime. A vereadora e mais seis são réus pela chacina.

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