Chacina do Curió: acompanhe o que aconteceu em quatro dias de júri

Neste primeiro julgamento sobre a chacina que aconteceu há oito anos na Grande Messejana, quatro policiais militares sentam no banco dos réus.

O Tribunal do júri sobre a Chacina do Curió, que teve início na terça-feira, 20, está ocorrendo no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza. O procedimento deve ser concluído até o fim desta semana. Nesta sexta-feira, 23, acontece a fase de debates entre acusação e defesa.

De acordo com a assessoria do MPCE, para esta sexta-feira estão previstas nove horas de debate. A quesitação (quando os jurados votam sobre as alegações feitas em plenário) e a sentença estão prevista para acontecer na manhã do sábado, 24.

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Outros dois julgamentos referentes à Chacina do Curió ainda estão previstos ao longo deste ano. O próximo júri do caso está marcado para o dia 29 de agosto, e o terceiro julgamento deve ocorrer no dia 13 de setembro.

Neste primeiro julgamento sobre a chacina que aconteceu há oito anos na Grande Messejana, quatro policiais militares sentam no banco dos réus. Acompanhe o que aconteceu em quatro dias de júri:

Chacina do Curió: o primeiro dia de julgamento

O primeiro dia do júri do Curió foi marcado pelos depoimentos de vítimas sobreviventes e testemunhas da Chacina.

A terça-feira, 20, começou com o sorteio dos jurados. Foram escolhidos cinco homens e duas mulheres, que estarão nos próximos dias incomunicáveis a fim de resguardar o devido processo legal e
a imparcialidade do julgamento.

Houve leitura do pregão pelo corpo de jurados (documento onde constam informações gerais do processo para que os jurados se apropriem no início da sessão) e da peça de denúncia, peça inicial do processo. Em seguida, sobreviventes da chacina testemunharam.

VEJA detalhes dos depoimentos das testemunhas de acusação:

Sobrevivente da Chacina do Curió é primeira testemunha ouvida em julgamento

Chacina do Curió: segunda testemunha é sobrevivente que levou oito tiros

Chacina do Curió: terceira testemunha em julgamento foi aposentada com sequelas de tiros

Chacina do Curió: quarta testemunha em julgamento sobreviveu por se esconder debaixo de carro 

Chacina do Curió: mãe de vítima parou de trabalhar e ficou refugiada em casa por conta de ameaça 

Chacina do Curió: o segundo dia de julgamento

O segundo dia de julgamento da Chacina do Curió, iniciado às 10h, concentrou a oitiva de sete testemunhas de defesa dos réus. Essas pessoas responderam perguntas de advogados de defesa, acusação (Ministério Público) e assistência de acusação (Defensoria Pública)

A sessão foi encerrada por volta das 18h20, quando a última testemunha de defesa foi escutada em plenário. 

ENTENDA o que diz a defesa dos quatro réus da Chacina do Curió

Chacina do Curió: o terceiro dia de julgamento

O terceiro dia foi destinado exclusivamente ao interrogatório dos réus, que responderam perguntas feitas pelo colegiado de juízes (composto por três magistrados) e os advogados de defesa. Foram ouvidos os quatro acusados, três deles de forma presencial e um deles de maneira virtual, por estar morando nos Estados Unidos.

Por instrução dos advogados de defesa, nenhum dos réus respondeu a questionamentos do Ministério Público e da Defensoria, exercendo o direito de permanecerem em silêncio.

Saiba mais sobre o terceiro dia do júri

Chacina do Curió: o quarto dia de julgamento

No 4º dia de julgamento da Chacina do Curió, nesta sexta-feira, 23, estão previstos o debate entre acusação e defesa, leitura de quesitos e votação dos jurados. Serão, no mínimo, nove horas de debate. Essa fase é crucial para formação de opinião e juízo dos jurados.

Saiba mais sobre o quarto dia do júri

Chacina do Curió: como se deu o crime na Grande Messejana

Crimes ocorridos dias antes da matança concorreram para que 11 pessoas fossem mortas na madrugada de 12 de novembro de 2015

25 de outubro de 2015 — Curió

Por volta das 22 horas, o adolescente Francisco de Assis Moura de Oliveira Filho, 16 anos, conhecido como Neném, é morto a tiros e uma outra pessoa é baleada. Conforme investigação, os autores do crime foram o soldado Marcílio Costa Andrade e o namorado de sua sobrinha, Giovanni Soares dos Santos.

O episódio teria ocorrido após uma discussão banal entre a vítima sobrevivente e uma familiar de Marcílio. Neném foi morto por equívoco, diz a investigação, já que o alvo seria o outro homem. Marcílio e Giovanni foram pronunciados pelo crime, mas recorreram da decisão e aguardam julgamento.

29 de outubro de 2015 — Curió

Após a morte de Neném, as famílias de Marcílio e Giovanni se mudam do bairro por medo de retaliação, já que Neném seria integrante da quadrilha que comandava o tráfico de drogas no bairro. O fato indignou vários PMs, que acreditavam que o soldado havia sido expulso por criminosos por causa de sua profissão. Na noite do 29, militares encapuzados ajudam na mudança da família de Marcílio

30 de outubro de 2015 — Curió

Durante a madrugada, o pai de Neném, Francisco de Assis Moura de Oliveira, é morto a tiros. A vítima era cadeirante. Até hoje, o crime não foi elucidado, mas moradores que ligaram para a Polícia pedindo socorro afirmaram que os assassinos eram PMs. Horas antes, uma outra ligação para Ciops relata que policiais à paisana e de balaclava estavam “aterrorizando” os moradores do bairro.

11 de novembro, por volta das 21h30min — Lagoa Redonda

O soldado Valterberg Chaves Serpa é morto a tiros em uma tentativa de assalto. Ele jogava futebol quando tentou impedir que três homens assaltassem a sua esposa. Até hoje, nenhum suspeito do latrocínio foi identificado e o inquérito que investiga o caso foi arquivado.

Após a morte de Serpa, policiais militares de folga combinaram, por meio das redes sociais, reunião em base do programa "Crack, é Possível Vencer" para auxiliar as buscas por suspeitos do crime.

11 de novembro, por volta das 23h30min — Lagoa Redonda

Na rua Raquel Florêncio, a primeira vítima da chacina. Um homem que havia fugido da clínica de recuperação em que era atendido é surpreendido por homens em carros particulares, que passam a efetuar disparos contra ele. A vítima, porém, foi socorrida e sobreviveu.

11 de novembro, por volta das 23h30min — Lagoa Redonda

Um jovem apontado por um informante da PM como alguém que sabe do paradeiro de dois traficantes da região é abordado por policiais do Serviço Reservado, que estavam encapuzados. Ele fica cerca de quatro horas sob poder dos policiais, "submetido a intenso sofrimento mental", conforme o Ministério Público.

O jovem chegou a ser colocado em um carro e obrigado a ligar para pessoas para que pudesse obter pistas de suspeitos de matar o soldado Serpa. Sem sucesso. Já quando os PMs levavam-no para casa, eles passaram pelo local onde uma das vítimas foi morta. "Tá vendo o que acontece com quem fica na rua fora de hora?", disse um dos militares.

12 de novembro, por volta das 0h26min — Lagoa Redonda

Homens encapuzados em sete veículos abordam cinco rapazes e uma moça que estavam em uma calçada da rua Lucimar de Oliveira. Eles ordenaram que as vítimas ficassem de joelhos, virados para a parede e, em seguida, atiraram contra eles. Quatro jovens foram mortos: Antônio Alisson Inácio Cardoso, Jardel Lima dos Santos, Pedro Alcântara Barroso do Nascimento Filho e Alef Souza Cavalcante. O quinto rapaz é baleado, mas sobrevive, enquanto a moça conseguiu fugir.

12 de novembro, por volta das 0h44min — Lagoa Redonda

O pai de uma das vítimas da chacina na rua Lucimar de Oliveira socorre os jovens na própria picape, acompanhado de um vizinho. Na tentativa de socorro, os homens se depararam com encapuzados. Temendo que eles tenham retornado para “terminar o que tinha começado”, o homem que acompanhava o pai de uma das vítimas pula da carroceria do veículo e corre em direção a uma churrascaria fechada.

Ele é perseguido e alcançado por oito homens encapuzados, que passam a espancá-lo e forçá-lo a identificar traficantes que atuavam no bairro. A vítima consegue fugir, mas é, novamente, alcançada, levando um tiro na perna. Ele sobreviveu.

12 de novembro, por volta da 1 hora — José de Alencar

Homens encapuzados passaram a invadir casas da rua Elza Leite de Albuquerque, no conjunto São Miguel, dizendo estarem atrás de um traficante. Em uma das residências, eles atiram na perna de um jovem, que sobrevive.

Em outro ponto da rua, os homens abordam dois jovens que estavam sentados numa calçada: Marcelo da Silva Mendes e Patrício João Pinho Leite. Eles são espancados e mortos a tiros. Um dos assassinos usava colete balístico com a inscrição Polícia Militar.

12 de novembro, por volta da 1h06min — Lagoa Redonda

Na avenida Professor José Arthur de Carvalho, Renayson Girão da Silva é retirado do ônibus onde estava ao lado da namorada por homens encapuzados, que o matam.

12 de novembro, por volta da 1h43min — José de Alencar

Na mesma rua onde Marcelo e Patrício foram mortos, homens encapuzados atiram e matam Valmir Ferreira da Conceição, que havia ido a um comércio comprar cigarros. Ele era tio de um homem apontado como traficante da região. O dono do estabelecimento, Francisco Elenildo Pereira Chagas, também foi morto.

Em uma casa em frente ao comércio, os criminosos invadem uma casa e matam Jandson Alexandre dos Santos, que estava deitado na companhia de uma criança de seis anos.

12 de novembro, por volta da 1h47min — Barroso

José Gilvan Pinto Barbosa e um amigo conversavam em uma esquina quando foram atingidos por disparos. Os autores do crime também estavam encapuzados e trafegavam em dois veículos. Ambos são socorridos, mas Gilvan morre dois dias depois.

22 de novembro, por volta das 21 horas — Curió

Mesmo após a chacina, PMs continuaram a buscar suspeitos de matar o soldado Serpa de forma clandestina. Um jovem de 22 anos, parente de Valmir, foi abordado por PMs quando estava em casa e conduzido às proximidades de uma horta. Os homens disseram para ele não reagir, caso contrário, iriam matá-lo. "A gente já matou um bocado aqui, um ou dois não faz diferença não”, teria dito um deles.

Na horta, o jovem passou a ser espancado para que dissesse o paradeiro de um traficante. Após a tortura, os PMs deram a ele uma pá e mandaram que ele cavasse a própria cova. A vítima, porém, não foi morta; um dos PMs atendeu uma ligação do traficante que procuravam em que este dizia que a população havia filmado os PMs e queimado um ônibus. Eles, então, desistiram do assassinato.

11 pessoas foram mortas na Chacina do Curió

 

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