Fortaleza demite Vojvoda um dia após derrota no Clássico-Rei
Treinador argentino deixa o Tricolor do Pici após quatro anos e dois meses, com 310 jogos disputados, cinco títulos e campanhas históricas, mas temporada ruim em 2025
Um dia depois da derrota no Clássico-Rei, o Fortaleza decidiu demitir, nesta segunda-feira, 14, o técnico Juan Pablo Vojvoda, encerrando um ciclo de quatro anos e dois meses entre conquistas, feitos inéditos e um recorte recente negativo.
A decisão foi vista pela diretoria como necessária diante do momento da equipe, que acumula derrotas e desempenho aquém do esperado em todas as frentes da temporada. Além disso, amarga uma sequência negativa de nove partidas sem vitórias, sendo seis reveses consecutivos.
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No mês passado, já sob pressão, o Tricolor chegou a garantir a permanência do comandante até o fim do ano, quando se encerrava o contrato, o que não se concretizou. A opção pela troca no comando foi selada após uma segunda-feira de reuniões.
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O Leão do Pici está na zona de rebaixamento da Série A do Campeonato Brasileiro, na 18ª colocação. Além disso, perdeu o Campeonato Cearense — novamente para o seu maior rival, Ceará — e caiu de forma vexatória na Copa do Brasil para o Retrô-PE, nos pênaltis, em plena Arena Castelão.
Também foi eliminado nas quartas de final da Copa do Nordeste, superado pelo Bahia, no jogo que marcou a retomada do calendário nacional após a pausa para o Mundial de Clubes. Somente na Copa Libertadores conseguiu atingir o objetivo de chegar às oitavas de final. Ainda assim, a performance não convencia o torcedor.
Vojvoda deixa o clube com 310 jogos no comando. Foram cinco títulos: três Estaduais e duas Copas do Nordeste. Além disso, foi vice-campeão da Copa Sul-Americana, semifinalista da Copa do Brasil em 2021 e conduziu o time, por três oportunidades, à Copa Libertadores.
A passagem de Vojvoda pelo Fortaleza
Vojvoda desembarcou em Fortaleza em maio de 2021. À época, pouco conhecido no cenário nacional, o argentino rapidamente conquistou a torcida com uma proposta de jogo ofensiva, corajosa e bem estruturada. Seu primeiro ano foi mágico: levou o time à inédita classificação para a Libertadores, terminando o Brasileirão daquele ano em 4º lugar — a melhor campanha da história do clube na competição até então.
Além disso, conquistou o Campeonato Cearense e chegou à semifinal da Copa do Brasil, parando no Atlético-MG, que seria o campeão daquele ano.
Na temporada seguinte, em 2022, vieram os primeiros grandes desafios. O Tricolor conquistou o tetracampeonato cearense, mas na Série A sofreu um duro golpe. A equipe encerrou o primeiro turno na lanterna do Brasileirão, com apenas 15 pontos. No returno, porém, fez uma campanha histórica de recuperação: saiu daquela situação delicada e terminou a competição na zona de pré-Libertadores.
Ainda em 2022, participou de sua primeira Libertadores e chegou às oitavas de final, sendo eliminado pelo Estudiantes, da Argentina. No Nordestão, título conquistado ao vencer o Sport por 1 a 0, na Arena Castelão.
O ano de 2023 consolidou Vojvoda como ídolo. O Tricolor do Pici levantou a inédita taça de pentacampeão cearense, batendo o rival Ceará na decisão. Além disso, chegou à final da Copa Sul-Americana, sendo vice-campeão após derrota nos pênaltis para a LDU-EQU.
Em 2024, o Fortaleza conquistou a Copa do Nordeste, mas perdeu a chance de ser hexacampeão estadual. No cenário nacional, fez história no Campeonato Brasileiro: encerrou em 4º lugar, com 68 pontos, garantindo, mais uma vez, vaga na principal competição de clubes das Américas.
No entanto, 2025 começou de forma diferente. A eliminação precoce na Copa do Brasil, derrotas para equipes de menor investimento — como Sousa-PB e Altos-PI — e a perda do título cearense acenderam os primeiros sinais de alerta. Por último, a queda na Copa do Nordeste e a derrota por 1 a 0 para o Ceará, pela Série A.
O início ruim no Campeonato Brasileiro — com apenas duas vitórias em 13 rodadas — e a falta de respostas em campo, somadas ao abatimento visível do próprio treinador nas entrevistas, evidenciavam que o ciclo se aproximava do fim.
O futuro no Pici
A diretoria tricolor ainda não anunciou o substituto de Vojvoda, mas sabe que terá pela frente o desafio de manter o patamar de competitividade estabelecido pelo argentino. O momento é de reconstrução e de busca por uma nova identidade que mantenha o clube na rota das grandes disputas. (Com Afonso Ribeiro)
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