Desfile militar com Bolsonaro dá início às tensas comemorações da independência

No ano passado, o Dia da Independência foi marcado por manifestações pró-Bolsonaro, com slogans golpistas e com o presidente jurando que "só Deus" poderia tirá-lo do poder

O presidente Jair Bolsonaro participa, nesta quarta-feira (7), do desfile militar em Brasília que deu início às comemorações do bicentenário da Independência, sob um clima de tensão a menos de um mês das eleições.

O presidente convidou os brasileiros a irem às ruas e defendeu que "ainda dá tempo de sair, de verde e amarelo, para festejar e comemorar a terra onde vivemos", antes do início dos atos à TV Brasil.

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"O que está em jogo é nossa liberdade, nosso futuro", acrescentou, numa alusão velada às eleições de 2 de outubro.

No ano passado, o Dia da Independência foi marcado por manifestações pró-Bolsonaro, com slogans golpistas e com o presidente jurando que "só Deus" poderia tirá-lo do poder.

As pesquisas, porém, mostram que ele está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição mais polarizada da história recente do Brasil.

"O 7 de setembro de 2022 acontece no pico da campanha, na reta final da campanha. Então será necessariamente politizado", comentou à AFP Paulo Baia, professor de ciência política da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

"Teremos um 7 de setembro tenso, com possibilidades de violência, na medida em que o dia está sendo apropriado como parte da campanha eleitoral de todas as candidaturas, não só de Jair Bolsonaro", apontou.

O presidente chinês, Xi Jinping, e seu colega russo, Vladimir Putin, enviaram mensagens de felicitações ao governo brasileiro pelo bicentenário. 

Escoltado por um tanque, Bolsonaro chegou ao desfile no clássico Rolls Royce presidencial, com a faixa presidencial no peito, e acompanhado pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e vários filhos.

O presidente e sua esposa sorriram e cumprimentaram o público, enquanto avançavam pela Esplanada dos Ministérios.

Bolsonaro então desceu do veículo e continuou a pé, cumprimentando de perto milhares de pessoas que seguiam o desfile militar, ao qual se juntaram vários tratores pertencentes a apoiadores de Bolsonaro.

"Mito, mito!", gritaram seus seguidores.

O desfile militar, cancelado em 2020 e 2021 devido à pandemia, ocorreu sob um esquema de segurança excecional.

Uma manifestação a favor de Bolsonaro começará mais tarde em Brasília, às 13h00.

À tarde, as atenções vão se voltar para o Rio de Janeiro e à praia de Copacabana.

Tradicionalmente, o desfile militar no Rio acontece a cerca de 15 km, na Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade.

Mas o chefe de Estado insistiu que este ano os soldados passassem pelo local onde costumam acontecer as manifestações bolsonaristas.

Não haverá carros blindados perto da praia, mas navios de guerra no oceano e aviões militares no céu, além de paraquedistas.

Bolsonaro deve cumprimentar uma multidão de motociclistas que marcaram uma mobilização em Copacabana, e depois falará aos manifestantes de um grande palanque alugado por pastores aliados.

Os magnatas do agronegócio também têm contribuído financeiramente para a organização de eventos no país, segundo a imprensa local.

Uma intensa campanha foi realizada nas redes sociais para reunir o maior número possível de manifestantes, e youtubers bolsonaristas lançaram pedidos de doações online.

"A campanha de Jair Bolsonaro está se preparando para uma grande demonstração de força em todas as cidades brasileiras, sobretudo nas cidades com mais de 100.000 habitantes. Essa demonstração de força é para se traduzir em votos, para fidelizar os eleitores, e seduzir eleitores de outros candidatos menores", comentou Paulo Baia.

Para não assustar os eleitores moderados, o chefe de Estado pediu aos seus apoiadores mais entusiastas que evitem as faixas e slogans exigindo intervenção militar para fechar o Supremo Tribunal Federal (STF), que abriu vários inquéritos contra Bolsonaro, especialmente por espalhar informações falsas.

Bolsonaro moderou um pouco seu discurso nas últimas semanas, embora no sábado tenha chamado o juiz do STF Alexandre de Moraes, um de seus alvos favoritos, de "marginal".

De acordo com a última pesquisa do instituto Datafolha, divulgada na semana passada, Lula mantém uma vantagem confortável, com 45% das intenções de voto, ante 32% de Bolsonaro, embora a diferença tenha diminuído nas últimas semanas.

Manifestações de 7 de setembro ocorrem hoje em várias partes do Brasil, organizadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Pelo segundo ano consecutivo, há grandes atos, marcados por críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Confira abaixo as últimas notícias de hoje, quarta-feira, 7 de setembro (07/09), do ato programado para feriado da Independência.

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Manifestações de 7 de setembro: programação em Fortaleza

Na capital cearense, a organização do ato de apoiadores de Bolsonaro ficou por conta do movimento Endireita Fortaleza. A concentração para o ato está marcada para o Castelão. Os participantes sairão em uma carreata para a Praça Portugal. A previsão de chegada é às 15 horas.

Os movimentos sociais promovem o Grito dos Excluídos. A concentração será realizada a partir das 9 horas, no terminal da Lagoa.

O desfile cívico começará às 8 horas no Aterro da Praia de Iracema e seguirá até o Mercado dos Peixes.

Ataques ao STF antes do 7 de setembro

Nas redes sociais, aliados de Bolsonaro insuflam a militância com críticas e ataques aos magistrados, sem um comando claro do presidente para evitar que o clima de confronto seja transportado para as ruas. Decisões recentes dos ministros alimentam os fóruns de discussões bolsonaristas nas redes sociais. Em trocas de mensagens em grupos públicos no Telegram e WhatsApp nos últimos dias, políticos ligados ao governo têm propagado ataques ao STF em paralelo à convocação para os atos de 7 de Setembro, como forma de se opor ao "arbítrio" dos membros da Corte.

Segurança no 7 de setembro em Brasília

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal montou uma megaoperação para evitar tentativas de invasões aos prédios públicos da Esplanada do Ministério e, em especial, ao STF. Sob risco de invasão da Esplanada dos Ministérios por caminhões e outros veículos pesados de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, a Polícia Militar do Distrito Federal antecipou para a noite de segunda-feira, 5, a interdição das vias que dão acesso ao Congresso e à Praça dos Três Poderes.

Bolsonaro convida empresários para atos de 7 de setembro

Bolsonaro disse que convidou os empresários que foram alvo de operação da Polícia Federal (PF) por terem defendido um golpe de Estado para participar das manifestações do 7 de setembro. Entre eles está o dono do Coco Bambu, o cearense Afrânio Barreira. Apoiadores do chefe do Executivo como Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, tiveram até mesmo o sigilo bancário quebrado por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

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