PF cumpre mandado de busca e apreensão para pen drive e celulares do dono do Coco Bambu

Afrânio Barreira e outro empresários teriam defendido, em grupo de whats app, um golpe de estado no Brasil

Polícia Federal cumpre mandado de busca e apreensão para coletar pen drive e celulares do proprietário do Coco Bambu, Afrânio Barreira, na manhã desta terça-feira, 23. Mandado foi expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A ação, que acontece em mais quatro estados, decorre de denúncias que envolvem a divulgação de frases antidemocráticas compartilhadas em um grupo de WhatsApp do qual Afrânio faz parte. 

De acordo com o advogado do empresário, Daniel Maia, a Polícia chegou ao prédio por volta das 7h, cumprindo um mandado apenas para busca e apreensão de mídias, o que inclui pen drive e celulares. O advogado ressalta que a ação foi tranquila. Foram apreendidos dois celulares do empresário.

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"Há um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), onde há acusações levianas e absolutamente infundadas de perseguidores políticos do Dr Afrânio, e diante dessas acusações, o ministro Alexandre de Moraes decretou a busca e apreensão para que fossem averiguadas essas acusações", explicou. 

Ele ressalta que o empresário não tem nada a esconder, sendo apenas uma "perseguição política". "Não do ministro, mas de quem fez a denúncia", frisou o advogado. Ainda conforme Daniel Maia, as informações divulgadas pela imprensa na última semana, sobre as falas antidemocráticas, tratam-se de "fake news". 

O advogado ressalta ainda que o dono da rede de restaurantes Coco Bambu deverá se pronunciar ainda hoje. "Ele quer falar, voluntariamente, porque está sendo perseguido", afirmou, destacando as centenas de empregos gerados pela rede de restaurantes. O advogado afirma que Afrânio acredita no arquivamento do processo após suas declarações à polícia "sem nenhuma consequência para ele e para os outros empresários, mas com consequências gravíssimas para as pessoas que fizeram essas denúncias falsas".

Inquérito no STF

A investigação foi determinada pelo ministro Alexandre de Morais. As buscas, realizadas após o a denúncia de um grupo de advogados e entidades, investigam mensagens possivelmente escritas por empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. 

No grupo, os apoiadores defenderiam um golpe de Estado, caso o ex-presidente, e também candidato à Presidência, Lula (PT), vença as eleições de outubro. 

Conforme informações do G1, os mandados são cumpridos em cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará. Além de Afrânio Barreira Filho, outros sete empresários também são alvo da investigação:

  • Ivan Wrobel (W3 Engenharia);
  • José Isaac Peres;
  • José Koury;
  • Luciano Hang (Havan);
  • Luiz André Tissot;
  • Marco Aurélio Raymundo;
  • Meyer Joseph Nigri

O conteúdo das mensagens

De acordo com o relato do jornalista Guilherme Amado, do site Metrópoles, “o apoio a um golpe de Estado para impedir a eventual posse de Lula ficou explícito no dia 31 de julho”. “José Koury, proprietário com extensa atuação no mercado imobiliário do Rio de Janeiro”, escreveu o jornalista, “foi quem abordou o tema, ao dizer que preferia uma ruptura à volta do PT”.

“Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, publicou Koury nesse grupo chamado de “Empresários e Política”.

Conforme o Metrópoles, “a possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo” e que, além da tese, os integrantes do grupo também compartilharam ofensas a magistrados e críticas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Ao se apresentar ao grupo”, contou Amado, “Wrobel disse ser eleitor de Bolsonaro desde o segundo mandato do ex-capitão na Câmara dos Deputados: ‘Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público’, publicou”. 

O que dizem as defesas

O advogado Daniel Maia, que defende o empresário Afrânio Barreira Filho, disse que "trata-se de uma operação fundada em denúncias absolutamente falsas, que visam perseguir pessoalmente o empresário Afrânio Barreira e outros no País. É importante destacar que a operação não é contra as empresas, é uma operação contra a pessoa física dele. O Afrânio está absolutamente tranquilo, colaborando e com o objetivo principal de esclarecer os fatos para que a investigação seja certamente arquivada".

O empresário Luciano Hang também se manifestou. "Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e com a consciência limpa. Desde que me tornei ativista político prego a democracia e a liberdade de pensamento e expressão, para que tenhamos um país mais justo e livre para todos os brasileiros. Eu faço parte de um grupo de 250 empresários, de diversas correntes políticas, e cada um tem o seu ponto de vista. Que eu saiba, no Brasil, ainda não existe crime de pensamento e opinião. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu NUNCA, em momento algum falei sobre Golpe ou sobre STF."

A reportagem do jornal Estado de S.Paulo entrou em contato com os demais empresários. O espaço está aberto para manifestações. Quando as mensagens vieram a público, José Isaac Peres disse que "sempre teve compromisso com a democracia, com a liberdade e com o desenvolvimento do País."

Marco Aurélio Raymundo, por sua vez, disse que aguardaria a publicação da série de reportagens sobre o grupo para se pronunciar. 

Com informações do repórter Levi Aguiar 

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