Aviões Fantasy: conheça a banda marcial que esteve no palco com Xand Avião

Aviões Fantasy: conheça a banda marcial que esteve no palco com Xand Avião

De Maranguape para o palco de um dos eventos mais aguardados do Ceará, conheça a história da Banda Marcial do Ceará, que fez história no Aviões Fantasy

Quem não lembra do show da cantora Beyoncé no Festival Coachella, em 2018, que colocou uma banda marcial em cima do palco? Em Fortaleza foi realizada uma performance semelhante.

Na noite de sábado, 13, o cantor Xand Avião promoveu mais uma edição do Aviões Fantasy no estacionamento da Arena Castelão. Com uma programação que trouxe grandes nomes da cena musical, o espetáculo fez história quando comparado às outras edições.

Com o tema “Seja o que você quiser”, a festa à fantasia contou com uma mega estrutura que reuniu mais de 100 pessoas simultaneamente no palco. Entre cenários em movimento e a alta tecnologia digna de grandes festivais, um ato durante a apresentação chamou a atenção do público: a presença de uma banda marcial com mais de 70 componentes.

Na ocasião, quem subiu ao palanque foi a Banda Marcial do Ceará (Bamac), a convite do diretor artístico André Gress, que teve a ideia em junho. O intuito era trazer uma experiência "inédita, ousada e imersiva" que unisse a música popular e uma banda marcial.

“Quando recebi o convite para a Bamac participar do maior evento a fantasia da América Latina, vi que a Bamac iria dar mais um grande passo em sua trajetória ao subir ao palco do Aviões Fantasy 2025. O meu coração se encheu de emoção”, explicou Henrique Almeida, fundador e diretor geral da banda.

Para produzir todo o show no palco, a banda marcial contou com a participação de 50 músicos, 20 bailarinos e 10 profissionais de apoio (regente, coreógrafos, marketing e produção) - um total de 80 pessoas.

“Foi uma mistura de orgulho e emoção: orgulho por ver a banda marcial, que nasceu dentro de um espaço escolar, ser chamada para dividir palco com um dos maiores nomes da música brasileira. E emoção por saber que cada integrante estaria vivendo um momento histórico”, afirmou o diretor geral da Bamac.

“Mostrou que a música marcial pode ocupar grandes espaços, dialogar com a cultura popular e emocionar multidões. Foi um momento em que percebi, mais uma vez, que todo esforço vale a pena quando a arte floresce e toca o coração de pessoas”, acrescentou ele.

A banda marcial e o Aviões Fantasy

Além dos componentes que estiveram presentes com seus instrumentos marciais, o corpo coreográfico da Bamac, com sua dança, também chamou atenção do público, pela utilização de bandeiras e o figurino brilhante.

“A idealização das coreografias para a apresentação do Aviões Fantasy foi algo pensado estrategicamente com os grandes coreógrafos Ana Elaíse e Wesley Messi, para que pudéssemos fazer algo que não fugisse do estilo marcial e que comportasse tanto bailarinos quanto o próprio corpo coreográfico do palco”, revelou Victor Dias, responsável pelo grupo de dança da Bamac.

Sobre o figurino, que se inspirou na trajetória da banda marcial e na paleta de cores já adotada pelo grupo, tradicionalmente vermelho e amarelo, foi assinado em parceria com o AS Ateliê, de Alexandre Silva, grande amigo do coreógrafo.

“Bom, pensamos bastante na idealização do figurino de 2025 por ser os 15 anos do grupo”, explicou ele.

Nesse novo marco para a história da Bamac, Henrique relembrou de todas as dificuldades superadas e de tantas outras conquistas que realizaram juntos, além da caminhada de intensos ensaios.

“Para mim, esse convite representa não apenas um reconhecimento ao trabalho da nossa banda, mas também uma vitória para todas as bandas marciais do Ceará e do Brasil”, declarou Henrique.

“As ruas e avenidas sempre são o berço das bandas marciais, mas nós não podemos ficar restritos a esses espaços. Quando uma banda marcial ocupa um palco de grande evento, como o Aviões Fantasy, ela mostra sua força, sua versatilidade e prova que pode dialogar com diferentes público”, comenta o fundador da Bamac.

O que é uma banda marcial?

Assim como os festivais juninos realizados em Fortaleza, que movimentam diversos grupos de quadrilhas ao redor do Ceará, a semana cívica também acolhe organizações musicais que desde o começo do ano planejam o seu espetáculo para as avenidas.

Esses grupos, espalhados por toda capital cearense e por cidades do interior, escolhem desde o tema para apresentar ao público até o repertório musical que irá ser tocado durante todas as apresentações de rua.

Normalmente são cinco ou seis canções, sempre acompanhadas pelas danças do corpo coreográfico da banda marcial.

Também como os grupos de quadrilha do São João, que com esforço e luta por direitos garantiram novos cenários de atuação para a cena junina, os organizadores das bandas marciais buscam espaços de exercício.

“É necessário sim, criar e ocupar novos cenários. Isso fortalece o movimento, valoriza os jovens músicos e renova a imagem das bandas marciais diante da sociedade. Cada vez que saímos do lugar comum, levamos nossa tradição a novos horizontes, sem perder nossa essência”, analisou Henrique.

Henrique definiu a participação da Bamac no Aviões Fantasy como histórica para a banda e também na vida de cada componente, além do movimento de bandas marciais como um todo. “Ao olhar para trás, vejo que cada integrante deixou um pedaço de si naquele palco. Foi a consagração de anos de trabalho, disciplina e paixão pela música. A energia do público, a recepção calorosa e o reconhecimento que recebemos mostraram que valeu a pena todo o esforço”, completou ele.

Xand Avião e Isabele Temoteo se comovem com a história da Bamac

Após o sucesso da apresentação no palco do Aviões Fantasy 2025, a Banda Marcial do Ceará (Bamac) ampliou a sua visibilidade, atraindo não só mais fãs, como também futuros investidores no projeto.

“Acredito que muitas portas vão se abrir a partir daqui. O próprio Xand e sua esposa Isabele Temoteo se mostraram bastante atenciosos e comovidos com a história da Bamac”, mencionou o fundador da banda.

“Essa experiência nos coloca em outro patamar, reforça a ideia de que bandas marciais podem e devem estar presentes em grandes eventos culturais. Tenho certeza de que é apenas o começo de uma nova fase, cheia de oportunidades e conquistas ainda maiores”, acrescentou ele.

Conheça a história da Banda Marcial do Ceará (Bamac)

No ano de 2010, a música e o desejo por criar uma banda para o desfile cívico movia o professor Henrique Almeida, que fundou a Bamac com idealização do professor Eli Machado, que na época era coordenador da EEMTI Caic Senador Carlos Jereissati, instituição pública de ensino localizada em Maranguape.

“A Bamac nasceu do desejo de oferecer aos alunos da escola e da comunidade algo que fosse além da sala de aula, um espaço onde eles pudessem se expressar por meio da música, desenvolver disciplina, cidadania e mostrar que eles são capazes de ser o que eles quiserem”, pontuou Henrique.

Ali, na Escola Caic Senador Carlos Jereissati, 26,85 km de Fortaleza, florescia a Banda Marcial do Ceará, com regência do maestro Kássio Alves, que já soma 12 anos na organização.

“Sempre acreditei que a arte tem o poder de transformar vidas, e uma oportunidade concreta de unir educação, cultura e inclusão social”, frisou o fundador da Bamac.

Desde sua fundação, a banda marcial já conquistou muitos prêmios. Em 2014, 2016 e 2019 foram campeões estaduais. Subiram também ao pódio do Norte e Nordeste em 2016 e no Campeonato Nacional CNBF em 2019.

Além disso, a Bamac é considerada patrimônio cultural e imaterial da cidade de Maranguape, pela lei municipal Nº 38/2023.

Pela estrada do sucesso, Henrique desabafa sobre os desafios enfrentados ao longo do caminho, que envolvem desde falta de apoio, falta de estrutura, até a rótulos que a banda marcial recebia.

“No início, éramos chamados da banda do 'doidinho' por que sempre buscamos inovar. Hoje servimos de referências para muitas bandas”, ponderou ele.

Para o fundador, o desafio que ainda persiste na banda marcial é a questão estrutural, como recursos, instrumentos e espaços adequados para os ensaios, além do engajamento dos jovens componentes no projeto, que exige disciplina e dedicação.

“Contamos com o apoio dos espaços para ensaios das Escolas Caic Senador Carlos Jereissati (em reforma), Escola Deputado Manoel Rodrigues e Escola José Fernandes Vieira e da Secretaria de Educação do Município de Maranguape e da Secretaria de Educação do Estado com os ônibus para as viagens para campeonatos”, expressou ele.

Com um olhar atento e crítico de um professor, depois de alguns anos com a banda em ação nas ruas e avenidas, Henrique percebeu a necessidade de um projeto maior, com o objetivo de afastar os jovens das vulnerabilidades sociais e que, ao mesmo tempo, abrisse caminhos para as conquistas.

“Assim, a Bamac nasceu como um movimento de esperança e transformação, levando inovação, alegria, cor, ritmo e vida às ruas e, hoje, alcançando palcos de grande visibilidade”, ponderou Henrique.

“A trajetória que começou com um sonho se tornou um legado cultural que segue inspirando outras bandas e hoje é Patrimônio Cultural e Imaterial de Maranguape”, declarou.

Desde então, a Bamac vem mergulhando em um mundo de fantasia e ludicidade. Em 2015, transformou as pistas de Fortaleza e da Região Metropolitana em um espetáculo com o tema “Os Incríveis” que, além das músicas temas do filme da Pixar, também trouxe personagens e danças imersivas na trama do diretor Brad Bird.

Em 2016, a saga de “Harry Potter” foi tema da banda marcial. Essas e outras temáticas fizeram com que a Bamac se tornasse um projeto que inspirasse outras organizações da cena marcial, não só no Ceará, e fosse aguardada pelo público nos desfiles cívicos.

Mas foi nas apresentações de setembro de 2018 que a Bamac alçou um novo voo. O grupo teve um resumo da sua história contado no programa da Eliana, após a viralização e o sucesso do tema da avenida, “Um conto de Deuses e Faraó”, que trouxe como canção principal “When You Believe”, de Whitney Houston, emocionando o público.

A apresentação foi narrada pela influenciadora digital e empresária Morgana Camila, responsável pelo hit “Arrasa na Major”, que divulgou nas suas redes sociais e viralizou com o conteúdo.

“Aparecer em um programa de grande audiência nacional ampliou a visibilidade da banda, mostrando para milhares de pessoas que as bandas não ensaiam apenas para desfiles cívicos”, ponderou Henrique.

“Além disso, gerou interesse de outros jovens e de outros lugares para participarem da Bamac e serviu como incentivo para que outras escolas e instituições montassem suas bandas, vendo a Bamac como um projeto cultural, relevante e inspirador”, acrescentou.

Quando convidado a olhar para o futuro da Bamac, Henrique reflete: “Continuar crescendo, inovando e inspirando”.

“Buscar parcerias e apoio para que possamos ter a possibilidade de renovar nossos instrumentos e ter uma melhor estrutura. Pois, queremos explorar novos cenários para apresentações, participar de festivais nacionais, internacionais e fortalecer parcerias que valorizem a música marcial e o trabalho educativo da banda”, mencionou o professor.

Durante entrevista ao Vida&Arte, o fundador da banda marcial revelou que está em processo de registro da Associação Bamac de Arte, Cultura, Esporte e Educação. O projeto visa acolher e fortalecer a cena marcial no Ceará.

Sobre os desfiles cívicos, a Bamac começa a sua montagem desde janeiro, realizando encontros e reuniões com a direção da banda para decidirem a escolha do tema e, a partir daí, o repertório, campeonatos e arranjos musicais.

Quando decidido, iniciam o processo criativo do figurino, design, personagens e coreografias, além de formações de marcha e elementos visuais.

“A construção do repertório para a semana cívica é trabalhado separadamente do repertório dos campeonatos. Selecionamos músicas que remetem mais o caráter marcial e de músicas popularmente conhecidas pelo público”, explicou Henrique.

Entenda a modalidade de dança das bandas marciais: Color Guard

O Color Guard, guardas de cor ou corpo de bandeira, são equipes de artistas que utilizam de vários equipamentos para aprimorar e interpretar a música das bandas marciais. Desde bandeiras até instrumentos como rifles de madeira e air blade.

“No meu ponto de vista, o lado visual e artístico fica muito mais rico e atraente quando se tem o color guard a frente. As pessoas gostam de ver, se encantam com um trabalho bem feito, de energia. Todas as bandas deveriam aderir e adicionar um corpo coreográfico a suas corporações”, ponderou Victor.

Além da banda instrumental da Bamac, o corpo de dança é um dos pontos de destaque da organização, conhecidos também pelas coreografias, muitas vezes aceleradas e com altas técnicas.

“Nós temos uma marca registrada que sempre são nossas coreografias de bandeira, e todo ano temos que trazer inovação e técnica que é o que sempre predominam em nossas coreografias”, explica ele.

Para a construção desse feito, eles buscam inspiração em grandes bandas internacionais, sem deixar de lado o jeito brasileiro e cearense de ser. “Estudamos alguns aspectos e as coisas fluem da melhor forma”, finaliza Victor.

Para quem assistiu a apresentação da Bamac no Aviões Fantasy e se interessou em participar do projeto, basta entrar em contato através do Instagram @bmceara e falar com o maestro Kássio, informando o instrumento que deseja tocar.

“Nosso objetivo é garantir que cada integrante esteja preparado para manter a qualidade e o padrão das apresentações da banda”, finaliza Henrique Almeida.

Com cerca de 90 componentes, entre músicas e dançarinos, a Bamac segue encantando o público com a sua capacidade de trazer as avenidas à ludicidade, inspirando-se em filmes, livros e até mesmo histórias mitológicas. Os aplausos e reconhecimento que recebem na avenida são o grande prazer dos componentes e da direção da banda.

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