Estudantes do Ceará vencem medalhas de bronze em olimpíada de robótica
Um dos projetos medalhistas se propõe a auxiliar crianças com dificuldade na fala. O segundo, manipula solo marciano para gerar um habitat a partir da água
06:00 | Dez. 08, 2025
Estudantes cearenses conquistaram medalhas de bronze na World Robot Olympiad (WRO), uma das maiores olimpíadas de robótica do mundo. Realizado em Singapura entre 26 e 28 de novembro, o evento reuniu alunos de todo o globo, que apresentaram diversas inovações tecnológicas.
A etapa nacional classificatória ocorreu em Jaraguá do Sul (SC), em 30 de agosto. Ao todo, seis equipes brasileiras foram à final na cidade asiática e conquistaram medalhas de prata e bronze. Duas das equipes são cearenses, compostas por alunos da Escola Sesi Senai, no bairro Parangaba.
A primeira, All Might, concorreu na subcategoria Sênior (para estudantes entre 14 e 19 anos), enquanto a All Might Kids concorreu como Elementary (de 8 a 12 anos). Ambas apresentaram projetos na categoria Future Innovators, que funciona como uma “feira de ciências”, com estandes.
Os mais velhos apresentaram o robô Amiko, que usa a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) — uma série de figuras que indicam necessidades diversas, como se alimentar e ir ao banheiro — para auxiliar crianças com dificuldades na fala e na verbalização.
Ferramente útil para professores, o robô tem o sistema da CAA embutido e, conforme é utilizado, analisa os dados a partir de uma inteligência artificial e emite relatórios sobre hábitos e comportamentos da criança.
Para João Antônio de Macedo, de 18 anos, um dos integrantes da All Might, receber uma medalha de bronze pelo Amiko é “realmente muito gratificante”, pois ver “nosso esforço e nosso comprometimento sendo reconhecidos mundialmente, isso mostra a força da robótica e da educação cearense”.
“Então, a gente fica muito feliz de ver a equipe colhendo os frutos do seu trabalho”, complementou. Viajaram com ele para Singapura os colegas Ana Larissa Abreu e Niord Pereira, também da All Might.
Segundo João Antônio, o grupo teve “um pouco de dificuldade” com a mudança de fuso horário, além do “friozinho na barriga que toda competição dá”. Porém, ele disse que souberam “lidar bem com isso, pois somos uma equipe que não se deixa abalar mediante os desafios”.
Com a vitória internacional, a mensagem que o estudante enfatiza é “de que a nossa robótica é muito forte e muito preparada. E com muito empenho, força e dedicação, a gente pode chegar longe”.
“Para as próximas gerações, que fique o exemplo e a demonstração de até onde podemos chegar, as portas que a robótica pode abrir na nossa vida. A gente espera que essa vitória possa levar jovens a seguirem seus sonhos”.
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'E se o robô fosse o próprio habitat?'
Os projetos exibidos na categoria Future Innovators são protótipos, hipóteses que podem ser futuramente utilizadas por empresas e indústrias. Outra ideia vencedora de medalha de bronze é o Habtron, um robô autônomo que pode desviar de obstáculos e explorar solo de Marte.
O mecanismo pode detectar sinais de água em solo marciano (que é congelada), perfurar o solo, descongelar o líquido e dividir as moléculas de oxigênio e hidrogênio.
Assim, o oxigênio possibilita a criação de um habitat que pode ajudar na sobrevivência de astronautas em missões espaciais, enquanto o hidrogênio se torna uma fonte de energia adicional, além da energia solar.
“Em um brainstorm, houve um estalo em nossa mente. E se o robô fosse o próprio habitat?”, narrou Miguel Mota, de 11 anos, um dos integrantes do grupo All Might Kids, ao lado de Samuel Dutra e Thales de Sousa.
Viajar para Singapura para apresentar o protótipo foi uma experiência “incrível”, explicou Miguel: “Desenvolvi meu inglês, vi novas pessoas e projetos incríveis. Nenhum projeto era ruim, todos eram incríveis”.
“Descobri novas amizades, culturas, alimentos”, acrescentou. “Percebi que o mundo não é só o Brasil, é milhares de outros países. E eu percebi que eu posso ir para o espaço, a Terra não é meu limite. Minha mente se expandiu”.
Só a experiência já valeria, explicou o estudante, mas a medalha de bronze alavancou a viagem. “E, acima de tudo, não é só uma medalha que a gente pode tocar. Uma conquista é tudo que a gente consegue ver e fazer”.
“Mesmo bronze, já foi uma conquista, porque a gente foi para outro país, a gente viu novas pessoas. Acho que isso já é uma conquista de primeiro lugar”.
Na visão do cearense, a vitória do projeto mostra que “estamos no caminho certo, mas ainda precisamos desenvolver mais a robótica. Tudo isso mostra como a robótica e a tecnologia estão evidentes no nosso dia a dia, desde o café na cafeteira até a construção de carros com braços robóticos”.
Por fim, Miguel conclui que “a All Might Kids gostaria de dizer que qualquer pessoa pode ser o que ela quiser, só precisa ter desempenho e estudo”.