Ato contra redução de ônibus enfrenta resistência de motoqueiros

Ato estudantil contra redução de ônibus enfrenta resistência de motoqueiros no Pici

Com a interrupção do transporte coletivo, alunos denunciaram riscos à segurança no campus e dificuldades para assistir às aulas nesta terça-feira, 30
Atualizado às Autor Victor Marvyo Tipo Notícia

Estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC) se reuniram na noite desta terça-feira, 30, na avenida Humberto Monte, para protestar contra a redução e interrupção de linhas de ônibus em Fortaleza. Na ocasião, concentrados no semáforo, uma breve altercação com os motoqueiros, que tentaram forçar a passagem entre os estudantes, foi registrada.

A medida que culminou no protesto foi anunciada pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindônibus) na última segunda-feira, 29. As 25 linhas suspensas devem retornar a circulação nesta quarta-feira, 1°.

Com faixas, cartazes e gritos de ordem, os manifestantes fecharam parte da via e entoaram: “Pelo busão, eu vou lutar. Sem transporte, não tem como estudar”. A concentração ocorreu na Praça Prisco Bezerra, em frente ao campus do Pici.

Veja vídeo da manifestação:

Linha 020: principal alvo de críticas

A principal queixa dos estudantes é a suspensão da linha interna 020 – Campus do Pici, responsável por interligar os blocos da instituição. O serviço era considerado essencial para garantir mobilidade dentro da cidade universitária.

Maria Luísa, estudante de Economia Ecológica e representante discente no Conselho Universitário, relatou as dificuldades enfrentadas:

“Muitos não conseguem se alimentar, chegar às aulas ou se locomover entre os blocos, especialmente estudantes com deficiência física. Temos relatos de alunos que se arriscam caminhando grandes distâncias no campus mal iluminado. Alguns chegam atrasados ou deixam de assistir aulas por completo.”

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Risco à segurança dos estudantes

A falta de transporte seguro e eficiente, especialmente no período noturno, também foi apontada pelos alunos como um risco. Levi Rabelo, estudante de Engenharia de Produção e diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE), destacou o impacto:

“Sou estudante noturno e muitos colegas tiveram que jantar no RU e voltar às 18 horas ou 18h30min, no breu do campus do Pici, sem garantia de que estariam seguros. Mesmo andando em grupo, não havia certeza de segurança em todo o trajeto. O 020 ajudava muito, mas com sua redução, os estudantes estão expostos a riscos maiores à noite.”

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Dificuldades ampliadas com a suspensão da linha 020

A linha 020, que operava dentro do campus do Pici, era geralmente atendida por um veículo do Sindônibus, seguindo o padrão das demais linhas da cidade, e contava com o reforço de uma topic da Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Passageiros do Estado do Ceará (Cootraps) nos horários de pico.

“Só restaurar o 020 não resolve; os ônibus continuam superlotados e sem condições adequadas de uso, especialmente para pessoas com deficiência”, reforçou Levi.

Estudante com deficiência relata impacto da redução do transporte

Esse é também o caso de André Luiz, 59 anos, estudante de Economia Ecológica na UFC, que tem deficiência visual. Morador da Messejana, ele explicou que a redução do 020 impacta diretamente seu deslocamento, que já envolve várias conexões de transporte.

“O campus do Pici é grande, e sem o 020 vai ser complicado. A gente defende que haja o retorno do 020 como era antes, até com mais ônibus, porque o deslocamento de quem está no início do campus, como no ICA, RU e av. Humberto Monte, não tem condição de ser feito a pé”, lamentou.

Durante a manifestação, estudantes chegaram a queimar palhas em frente a um semáforo. A ação, organizada pelos movimentos estudantis, buscou chamar atenção para os cortes das 25 linhas e suspensão de outras 29, e sensibilizar motoristas sobre a importância do transporte coletivo para quem não possui veículo próprio.

Allisson Bruno, graduando em Gestão de Políticas Públicas, destacou que o protesto foi também uma forma de se solidarizar com os colegas prejudicados:

“Quando eu vejo os meus colegas tendo que andar a pé pelo campus ou perdendo um direito que é deles, isso também me afeta. Mesmo não utilizando a linha 020, eu participei por dever acadêmico e profissional, mas também por empatia”, afirmou. (Colaborou Penélope Menezes)

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