Emprego formal responde por 71,2% das vagas para jovens

Emprego formal responde por 71,2% das vagas para jovens em programa Unicef

Com apenas 2,61% dos estudantes do Ensino Médio e da Educação Profissional e Tecnológica em vagas de estágio, a 1MiO atua como meio de inclusão de jovens no trabalho
Atualizado às Autor Isabella Pascoal Tipo Notícia

Entre 2023 e 2025, 71,20% dos empregos conquistados por jovens vieram do mercado formal, conforme dados gerados no âmbito da iniciativa 1 Milhão de Oportunidades (1MiO), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Em dados apresentados pela 1MiO, o País soma hoje cerca de 8,9 milhões de jovens entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham.

Já o desemprego juvenil permanece historicamente em patamares quase duas vezes superiores à média nacional, atingindo com maior intensidade jovens negros, mulheres e pessoas com deficiência.

A transição entre escola e trabalho segue marcada por desigualdades. Apenas 2,61% dos estudantes do Ensino Médio e da Educação Profissional e Tecnológica conseguem vagas de estágio, frente a 8,4% entre estudantes do Ensino Superior.

Outro entrave estrutural está na aprendizagem profissional. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que menos de 50% das empresas cumprem a cota obrigatória, o que faz com que apenas 6% dos jovens elegíveis estejam inseridos como aprendizes.

A lacuna entre o que a legislação prevê e o que o mercado entrega contribui para a exclusão precoce desses jovens.

Iniciativa “1 Milhão de Oportunidades”

É nesse cenário que a 1MiO atua como estratégia de mitigação de um sistema que, historicamente, não absorve a juventude mais vulnerável.

Em cinco anos, a iniciativa ultrapassou a meta inicial e alcançou 1.294.165 oportunidades geradas, entre formação profissional, estágio, aprendizagem e emprego formal.

Desse total, 820.664 jovens foram empregados em empresas e governos parceiros, enquanto 473.501 passaram por formações voltadas ao mundo do trabalho.

A iniciativa tem como foco a inclusão produtiva de jovens minorizados, como povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, mães adolescentes e jovens, além de moradores de periferias urbanas e zonas rurais.

Para Lívia Felix, especialista em Business Development e responsável pelo diálogo entre empresas e os cursos vinculados à 1MiO, um dos principais desafios está na mudança de mentalidade do setor privado.

“As empresas precisam fazer um trabalho de aumento de consciência de que essas jovens mães têm potencial”, afirma.

Segundo ela, o processo passa por reconhecer que a exclusão não é homogênea: “Temos que olhar para a interseccionalidade das pessoas que estão sendo excluídas”.

Diálogo entre empresas e jovens

Esse esforço se traduz em reuniões de sensibilização, voltadas à promoção de inclusão e integração nas empresas, numa tentativa de romper estigmas que ainda afastam jovens mulheres, especialmente mães, das oportunidades formais.

Para Monica Pinto, chefe de Educação do UNICEF no Brasil, o problema central é um desencontro histórico entre oferta e demanda.

“É muito difícil esse encontro. Não é à toa que estamos nessa situação: há um desencontro entre o que as empresas dizem que esperam e o que os jovens falam que precisam para sua formação”, avalia.

Como tentativa de reduzir essa distância, a 1MiO tem promovido feiras de oportunidades em territórios periféricos, reunindo adolescentes e jovens de regiões como periferias de Salvador, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte com empresas dispostas a dialogar sobre vagas de emprego, estágio e aprendizagem.

“É uma atividade que demanda esforço do nosso lado, mas cria um espaço de diálogo em que conseguimos aproximar mundos que são muito diferentes”, explica Mônica.

Ainda assim, ela reforça que esse movimento precisa ser contínuo: “É preciso aproximar esse diálogo”.

Condições básicas para o trabalho

Mônica também chama atenção para a precariedade das condições básicas que atravessam a vida desses jovens.

“Muitos desses adolescentes não têm acesso à internet, o que, no tempo contemporâneo, é um absurdo”, afirma.

Segundo ela, a ausência de políticas integradas gera consequências diretas: “Isso gera um quadro de violência bastante grave” e compromete a permanência na escola e a possibilidade de inserção profissional.

Dificuldades da inclusão de grupos minoritários

Embora mais de 463 mil jovens tenham sido formados por meio de microformações, os desafios persistem, especialmente na ampliação da empregabilidade em áreas como as exatas, onde meninas — muitas vezes responsáveis pelo cuidado familiar — enfrentam ainda mais barreiras.

“A gente ainda não garantiu os direitos de todos esses jovens”, reconhece Mônica.

O SINE e o emprego jovem | Agir: Trabalho, Emprego e Renda

 

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