5 data centers, com um do TikTok, e fábrica de amônia são aprovados no Ceará

O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportações (CZPE) aprovou a instalação dos empreendimentos que somam R$ 583 bilhões em investimentos

10:22 | Nov. 04, 2025

Por: Beatriz Cavalcante
Vista Aérea de onde vão construir o data center do Tiktok (foto: AURÉLIO ALVES)

O Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportações (CZPE) aprovou a instalação de cinco data centers, incluindo o do TikTok, e uma indústria de amônia verde na Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE-CE), localizada no Pecém. São R$ 583 bilhões de aportes estimados.

Os investimentos previstos para os cinco centros de dados são de R$ 571 bilhões, dos quais R$ 81 bilhões vão para obras de infraestrutura e de energia renovável. 

Estes montantes serão aportados pelas empresas Bytedance (TikTok) e Exportdata.

Juntos, os cinco projetos data center esperam exportar em torno de R$ 80 bilhões por ano em serviços.

Apenas a fábrica para produção de amônia verde líquida chega a R$ 12 bilhões em prospecções.

No Brasil, foram 12 novos projetos empresariais aprovados, distribuídos em três ZPEs, que somam R$ 585 bilhões.

Portanto, o Ceará concentrou metade das aprovações e 99% do volume de investimentos estimados.

Quatro data centers da Exportdata no Ceará

A Exportdata prevê a construção de quatro unidades que entrarão em operação entre 2027 e 2032.

Somente ela fala em R$ 349 bilhões, incluindo equipamentos, obras de infraestrutura e de geração de energia eólica e solar. Espera-se a criação de 95 mil empregos diretos e indiretos.

A empresa com a razão social Exportdata Company foi fundada em 13 de janeiro de 2025, com sede Maracanaú, e tem como atividade principal o tratamento de dados, provedores de serviços de aplicação e serviços de hospedagem na internet.

No quadro de sócios tem o Fundo de Investimento Salus Multimercado Crédito Privado Investimento no Exterior (administrado pela BRL Trust Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.).

Um data center do TikTok no Ceará

Já o data center da Bytedance Brasil Tecnologia Ltda., do TikTok, gira em torno de R$ 108 bilhões até 2035 em equipamentos de alta tecnologia. Este projeto tem parceria da Omnia, do Fundo Patria Infraestrutura V, com a cearense Casa dos Ventos.

O volume é para investimentos diretos em infraestrutura e os indiretos, em compra de energia limpa e renovável, ainda serão definidos pela empresa e adicionados a esses valores.

O início da operação será em 2027, mas para o decênio posterior a 2035 (2036-2046), a empresa espera investir outros R$ 135 bilhões em atualizações tecnológicas.

Em funcionamento, são estimados 550 empregos diretos e indiretos e nas obras de infraestrutura 3.800.

Data centers do Ceará e o retorno de empregos

Projeto industrial de amônia verde líquida no Ceará

Para o projeto industrial ligado ao hidrogênio de baixo carbono, com produção de amônia verde líquida a partir de energia renovável e água de reúso, são estimados R$ 12 bilhões.

O projeto é da empresa CDV Pecém, e prospecta-se a produção anual de 900 mil toneladas de amônia verde e geração de 1.230 postos de trabalho.

Governo do Ceará cita planejamento estratégico

Conforme o presidente da ZPE, Fábio Feijó, o que aconteceu na 41ª reunião ordinária do CZPE é a materialização de um planejamento estratégico que vem sendo construído com visão global e foco em sustentabilidade, tecnologia e geração de oportunidades para o povo cearense.

Para ele, nunca o Brasil aprovou tantos projetos, tantos investimentos e tantos empregos em uma única sessão, e nunca o interior do Ceará esteve tão diretamente beneficiado por investimentos de multinacionais instaladas em uma ZPE.

“Fomos a primeira ZPE a operar no Brasil, a primeira a aprovar um projeto de hidrogênio verde (H2V) e agora somos também a primeira a aprovar projetos exportadores de serviços. Isso prova que o Ceará está na vanguarda da nova economia global”, frisou ao O POVO.

O gestor destacou que o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), posicionou o Estado como protagonista mundial em hidrogênio verde e na economia do Conhecimento.

“E o mais importante: essa transformação não fica restrita à localidade onde está a ZPE. Os parques eólicos e solares necessários para viabilizar os projetos serão instalados no Interior, levando emprego, renda e oportunidades para onde fazem maior diferença”, conclui.

Avaliação do Governo Federal

Para o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, esse volume de aplicações impulsiona a competitividade do Brasil, estimulando a exportação com sustentabilidade.

“São investimentos, incluindo o projeto estratégico de hidrogênio verde, que colocam o Brasil na vanguarda da inovação e da economia de baixo carbono, gerando renda e emprego para os brasileiros”, disse. 

O retorno econômico do data center do TikTok, segundo a Casa dos Ventos

Investimentos aprovados em todo o Brasil

Em todo o Brasil, foram 12 novos projetos empresariais aprovados, distribuídos em três ZPEs, que somam:

  • R$ 585 bilhões em novos investimentos
  • R$ 99 bilhões em novas receitas anuais de exportação
  • R$ 21,7 bilhões em investimentos indiretos
  • 26 mil novos empregos diretos

Além dos seis do Ceará, portanto, na mesma reunião, o Conselho aprovou pedido de criação de nova ZPE no Pará, proposta pelo governo daquele estado.

A criação já inclui o aval de um projeto-âncora da Bravo Metals Ltda., para processamento de metais de platina, níquel e cobre.

São R$ 1 bilhão em investimentos e a estimativa é que esse primeiro projeto já crie na ZPE de Barcarena 2.500 empregos na implantação e 210 empregos na operação, diretos e indiretos.

Ainda foi autorizada instalação da empresa Biomasstrust Ltda. na futura ZPE de Aracruz (ES). Com atividade voltada para exportação, o projeto conta com investimentos de R$ 250 milhões

Fabio Pucci, secretário-executivo do CZPE, frisou que o resultado da reunião evidencia o quanto o regime de ZPE tem se fortalecido como instrumento de atração de investimentos produtivos, geração de empregos e estímulo às exportações brasileiras.

“É gratificante ver o trabalho técnico, transparente e estratégico que temos feito no CZPE — junto a estados, municípios, empresas, Congresso Nacional, ministérios e associações — se traduzir em avanços tão concretos para o País”, acrescentou.

Para ele, as ZPE estão, de fato, “ganhando protagonismo” na nova política industrial e na estratégia de reindustrialização sustentável do Brasil.

“Vivemos hoje um momento absolutamente paradigmático na história dessa política, depois de37 anos de resultados até então limitados”, destacou.

Entenda o que são ZPEs

As ZPEs são áreas criadas para desenvolvimento das exportações brasileiras, difusão tecnológica e redução de desequilíbrios regionais.

As empresas que se instalam em ZPE têm acesso a tratamento tributário, cambial e administrativo diferenciado para promover maior competitividade de seus produtos no mercado internacional.

A produção no espaço da ZPE, destinada à exportação, garante às empresas a suspensão do recolhimento de IPI, PIS, Cofins, Imposto de Importação e Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM).

Mas essa isenção é para aquisição de máquinas, equipamentos e instalações e também para insumos e matérias-primas, com a conversão em isenção ou alíquota zero no caso de posterior exportação do produto final.

O CZPE é órgão deliberativo presidido pelo Mdic. Também fazem parte do Conselho representantes da Casa Civil da Presidência da República e dos ministérios da Fazenda, da Integração e do Desenvolvimento Regional, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Planejamento e Orçamento, de Portos e Aeroportos e dos Transportes.

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