'Tremembé' aborda caso Richthofen; lembre crime e notícias no O POVO
Suzane Richthofen foi condenada por assassinar os próprios pais com ajuda de namorado e cunhado. Caso famoso dos anos 2000 é retratado na série Tremembé
O caso Richthofen voltou a reverberar após o lançamento da nova série da Prime Video, “Tremembé”, no último dia 31 de outubro.
A obra aborda as histórias dos presos que tiveram seus crimes repercutidos nacionalmente e cumpriram pena no complexo penitenciário de Tremembé, no interior de São Paulo.
Suzane von Richthofen, interpretada por Marina Ruy Barbosa, arquitetou o assassinato dos próprios pais, Marísia e Manfred von Richthofen, em 2002.
Suzane tinha 19 anos de idade e recebeu ajuda dos irmãos Daniel, seu namorado da época, e Cristian Cravinhos. Após condenados, os três ficaram detidos na cadeia de Tremembé.
A seguir, veja um apanhado da cobertura do O POVO ao longo das décadas e relembre os desdobramentos do caso:
Tremembé: relembre o caso von Richthofen
Suzane von Richthofen chocou o País em 2002, após arquitetar o assassinato de seus pais, Marísia e Manfred von Richthofen. O crime aconteceu na casa da família, uma mansão no bairro Campo Belo, em São Paulo.
Durante a madrugada do dia 31 de outubro, uma quarta-feira, enquanto seus pais dormiam, Suzane permitiu a entrada dos irmãos Daniel Cravinhos de Paula e Silva e Cristian Cravinhos de Paula e Silva, que executaram o casal.
O irmão mais novo de Suzane, Andreas, de 15 anos, não estava no local, pois foi convencido a sair de casa naquele dia e levado a um cibercafé da cidade por Daniel.
No carro de Suzane, os criminosos voltaram a residência Richthofen. A jovem entrou primeiro, checou se os pais dormiam e voltou para avisar a dupla.
Conforme os acusados relataram à polícia, os irmãos golpearam o casal com uma barra de ferro enquanto Suzane estava no piso inferior da residência. Entretanto, outras versões contam que ela permaneceu no automóvel.
Posteriormente, os três simularam um roubo para encobrir o crime e levaram uma maleta com cerca de R$ 8 mil e U$ 5 mil.
Em 9 de novembro de 2002, O POVO publicou em sua edição impressa uma notícia sobre o caso com a manchete: “Filha participou da morte de pais e foi para motel”.
Seguido de um selo ilustrativo escrito “crimes hediondos” e a cartola “desvendamento”, o texto conta o que se sabia sobre o assassinato naquela época, um dia depois de os envolvidos confessarem o crime.
Suzane declarou que o assassinato foi “por amor”. Daniel Cravinhos e a jovem eram namorados há quase três anos e, segundo registros, não eram aprovados pelos pais de Suzane.
No intertítulo da matéria resgatada, é revelado que Marísia e Manfred pretendiam mandar Suzane para estudar na Alemanha depois dos exames de fim de ano na faculdade como estratégia para separar o jovem casal.
No dia do crime, os dois teriam deixado Cristian em casa e ido a um motel, onde ficaram das 1h36min às 2h56min. Depois, pegaram Andreas e passaram um tempo na casa de Daniel antes de retornarem para a casa das vítimas.
Por volta de 4 horas, já na casa, Suzane ligou para o namorado e em seguida para a polícia.
Acusação e condenações
Em 14 de novembro, a reconstituição do crime é feita. No dia seguinte, O POVO publicou sobre a prisão preventiva dos três acusados até o julgamento.
Segundo o promotor Roberto Tardelli, do 1º Tribunal do Júri, o grupo foi acusado de homicídio triplamente qualificado e “fraude processual” na intenção de simular um latrocínio.
Suzane esteve detida primeiro na penitenciária feminina do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo. Já os irmãos Cravinhos foram encaminhados ao Centro de Detenção Provisória do Belém, na Zona Leste.
Na época, a pena para homicídio qualificado já variava de 12 a 30 anos. Suzane foi condenada a 39 anos e seis meses de prisão em regime fechado por duplo homicídio.
Cristian respondeu por um crime a mais que Daniel e Suzane, o de furto simples, por ter levado joias de Marísia.
Andreas, o irmão mais novo de Suzane
Após a reconstituição do assassinato do casal, o filho mais novo, Andreas von Richthofen, se pronunciou pela primeira vez desde que descobriu que sua irmã, Suzane, havia participado do crime.
Por meio de uma nota da assessoria de imprensa da Dersa (empresa onde Manfred era diretor de Engenharia), Andreas disse que perdoou a irmã.
Em um dos trechos resgatados em publicação de novembro de 2002, o jovem diz que “perdoar é abrir o coração”.
Confira o trecho:
“Não só perdoei minha irmã, mas continuo a amá-la. Agora é o momento que ela mais precisa de amor. Ainda ontem ouvi uma frase que me marcou: a humanidade deve caminhar unida em busca da civilização do amor”.
No dia anterior, o jovem, de apenas 15 anos, tinha sido o único parente a visitar Suzane na penitenciária.
Durante a cobertura do caso, principalmente nas edições de novembro, O POVO ouviu vários profissionais preocupados com a saúde mental do adolescente. O foco da mídia em Andreas na época era grande.
Após perder os pais e sua irmã ser presa, a única família de Andreas que restou no Brasil era o tio Miguel Abdalla e a avó Lourdes Magnani Abdalla, ambos por parte de mãe.
Desdobramentos do caso Richthofen em 2006
A maneira como os irmãos Cravinhos contavam o caso enquanto esperavam por julgamento foi registrada em um dos “breves” do O POVO publicados no dia 18 de janeiro de 2006. O texto trazia o pedido do promotor Roberto Tardelli pela prisão preventiva de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Christian Cravinhos.
“Em recente entrevista à rádio Jovem Pan, uma frieza e uma capacidade de dissimulação tão grandes para planejar o homicídio que representam 'risco à ordem pública'”, afirmava Tardelli.
Em 20 de fevereiro, o jornal noticiou que Suzane e os irmãos seriam julgados em julho.
Suzane ficou em liberdade condicional até abril. A famosa entrevista concedida no dia 9 daquele mês ao programa Fantástico, da Rede Globo, fez com que a Promotoria solicitasse ao Tribunal de Justiça o retorno dela ao cárcere.
Nas páginas do dia 11 de abril, o texto informava que Suzane voltou a ser presa após ser orientada a mentir em entrevista, fingindo sofrimento e choro, como estratégia para tentar ser absolvida de seu julgamento.
Sob os gritos de “assassina”, Suzane foi transferida do Departamento de Homicídios da Polícia Paulista (DHPP), no Centro de São Paulo, para a Penitenciária Feminina Sant’Ana, no Complexo do Carandiru, na Zona Norte.
Em uma página da edição de 21 de abril, O POVO noticiou que o tio de Suzane, Miguel Abdalla, alegou que ela era uma ameaça para o irmão.
Em carta enviada ao desembargador Damião Cogan, que ainda iria julgar o pedido de habeas corpus da jovem, Miguel dizia que viu a sobrinha rondando sua casa várias vezes após ser liberta.
Para o julgamento de Suzane e os irmãos, marcada para 5 de junho, as senhas estavam sendo disputadas e congestionaram o site do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, que recebia diariamente de 20 a 30 pedidos de senha para assistir o caso.
Durante sessão no tribunal, Daniel inocentou o irmão e culpou Suzane. Segundo o namorado de Ritchtofen, Cristian ficou paralisado na hora do crime.
Após vários desdobramentos, versões diferentes e tentativas de defesa, os três foram condenados. A seguir, confira a cobertura feita sobre o julgamento publicada pelo O POVO:
Suzane von Richthofen em Tremembé
Os acusados pelo assassinato Marísia e Manfred Richthofen, em 2002, foram condenados e transferidos para a Penitenciária de Tremembé cinco anos após o crime.
Separados em alas masculinas e femininas, Suzane e irmãos Cravinhos conviviam com outros autores de delitos que ganharam repercussão nacional.
Também estavam presos em Tremembé:
- Alexandre Nardoni, acusado de jogar a filha pela janela;
- Roger Abdalmassih, ex-médico responsável por série de estupros;
- Elize Matsunaga, condenada por esquartejar o próprio marido, CEO da Yoki;
- Sandrão, presa por sequestrar e assassinar o vizinho de 14 anos.
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Durante a pena, Suzane se envolveu em um triângulo amoroso com Sandrão e Elize Matsunaga.
Richthofen conheceu Sandrão enquanto trabalhavam na fábrica de roupas da prisão, enquanto a colega mantinha um relacionamento com Elize.
Em 2014, as duas oficializaram o casamento e, seis meses depois, foram transferidas para a ala destinada a casais, conhecida como “gaiola do amor”.
Segundo Ulisses Campbell, jornalista e autor de livros que embasam a nova série do Prime Video, Suzane teria iniciado o relacionamento com Sandrão somente para ter acesso a essa área.
“É uma ala mais confortável, tem mais privacidade. A Suzane queria ir para lá, porque é um lugar mais seguro. Como para ir para lá, ela teria que estar namorando uma mulher, ela traça esse plano”, afirma.
Onde está Suzane hoje?
Após cumprir 13 anos em regime fechado, a Justiça permitiu que Suzane migrasse para o regime semiaberto e, em seguida, passou a cumprir em regime aberto, em 2023.
Sem direito a herança dos pais, a primogênita Richthofen vive em liberdade condicional no interior de São Paulo. Atualmente cursa Direito e é casada com o médico Felipe Zecchini Muniz, com quem se conectou através das redes sociais.
O casal celebrou a chegada do primeiro filho em 2024. Agora, a mulher que chocou o Brasil passou a usar o nome Suzane Louise Magnani Muniz, combinando o sobrenome de sua avó materna com o do marido.
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