Câncer: saiba tudo sobre a doença da influencer Isabel Veloso

Nas últimas semanas, a influenciadora Isabel Veloso comoveu o público ao casar-se com o namorado mesmo com a perspectiva de poucos meses de vida

No último dia 13 de abril, a influenciadora Isabel Veloso se casou com seu namorado, Lucas Borbas, após ser diagnosticada com um câncer terminal com perspectiva de poucos meses de vida. A moça compartilha em seu perfil como é a "experiência de viver um câncer terminal".

Apesar da situação de Isabel, atualmente, o câncer não é mais sinônimo de morte.

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É o que explica a oncologista clínica e doutora em oncogenética Ana Carolina Leite Gifoni, em entrevista ao O POVO. Para ela, o tabu em torno da doença traz o peso que ela tem na sociedade. Contudo, evoluímos muito no tratamento.

“No mundo todo, a gente tem ferramentas, tratamentos muito mais individualizados. Então não é uma sentença de morte, é um tratamento de forma multidisciplinar (...) com cada um colocando sua melhor peça para alcançar o melhor desfecho”, explica Carolina.

Entenda a seguir sobre o câncer.

O que é o câncer?

Câncer é o nome dado a um conjunto de doenças que têm em comum o fato de as células acumularem várias alterações genéticas que irão transformá-las de células benignas para células malignas. Estas têm o potencial de se proliferar pelo organismo, causando as chamadas metástases.

Ana Carolina explica que a doença se apresenta de várias formas. “Por mais que a gente tenha essas características comuns a todas células de câncer, o câncer de mama, por exemplo, é diferente do câncer de pulmão e diferente do câncer de intestino”, afirma a médica.

Cada tipo de câncer têm um tratamento específico, dependendo também do primeiro órgão que foi atingido. Ele é entendido como doenças diferentes, pois se comporta diferente em cada caso.

Por exemplo: um câncer de mama que se espalha para o pulmão, segue sendo um câncer de mama que se espalhou para outro órgão. É uma doença totalmente diferente do câncer que nasce no pulmão.

Devido a essas complexidades, não há um tratamento específico que se aplique a todo o conjunto de doenças.

O que é câncer terminal?

 A influenciadora Isabel Veloso foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer do sangue, aos 15 anos. Depois do primeiro tratamento, ela recebeu o diagnóstico de cura.

No entanto, em setembro do ano passado, foi identificado que o câncer retornou e que ela estava em estágio terminal. O termo significa que nenhum tratamento é capaz de melhorar o seu estado de saúde. Os médicos deram uma previsão de seis meses de vida para a influenciadora.

Nesta fase da doença, o tratamento paliativo se torna prioritário para garantir qualidade de vida. Leia mais sobre o assunto abaixo.

Quais os principais tipos de câncer?

Na última década, houve um aumento de 20% na incidência de câncer. Até 2030, a previsão é de 25 milhões de novos casos, conforme o artigo Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil, publicado na Revista Brasileira de Cancerologia. 

Carolina indica que alguns tipos de câncer são líderes de incidência no mundo. No caso das mulheres, é o câncer de mama. Já para os homens, é o câncer de próstata.

Nos dois sexos, são comuns os cânceres de pulmão e colorretal. A oncologista também chama atenção para o câncer de colo uterino, que ainda tem alta taxa de incidência no Brasil, mesmo com a vacinação contra o HPV (sigla em inglês para papilomavírus humano), que está associado ao desenvolvimento deste tipo de doença.

Vacinação também pode ajudar a combater o câncer

A vacinação foi um dos pontos citados por Carolina para combater o câncer de colo uterino, o terceiro tumor que mais atinge as mulheres no Brasil. No último dia 1º, a ministra da saúde, Nísia Trindade anunciou que o País adotará um esquema de dose única para a vacina contra o HPV.

Para a profissional, “quando conseguimos ter uma cobertura vacinal de HPV adequada e quando conseguimos ter um rastreamento - detecção precoce - adequado para este tipo de câncer, essa doença é evitável”.

Então, com uma boa campanha de vacinação, o número de tumores de colo uterino irá diminuir.

Quais os sintomas do câncer?

Segundo Leite, por se tratar de uma doença plural, não há sintomas típicos para cada um dos cânceres. No geral, os indivíduos que apresentam perdas drásticas de peso e dores em alguma parte do corpo devem ficar atentos e identificar a causa.

Em casos específicos, como o câncer de mama, a pessoa pode perceber um nódulo. Pode-se perceber uma mudança no padrão de respiração ou gerar uma tosse, no caso do câncer de pulmão.

No câncer colorretal, são comuns mudanças no hábito intestinal para diarreia ou para constipação.

“O ideal é que tenha um acompanhamento médico preventivo regular. Para que o câncer seja diagnosticado antes mesmo de apresentar sintomas”, aconselha a médica.

Essa é a função do rastreamento: a realização de exame periódicos em indivíduos assintomáticos, na intenção de diagnosticar precocemente algum tumor.

É o caso da mamografia, que deve ser feita anualmente por mulheres a partir de 40 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia. O exame ajuda a reduzir a mortalidade por câncer de mama.

Já para prevenir o câncer colorretal, a colonoscopia deve ser recomendada para os pacientes a partir dos 45 anos.

Treino, dieta, vacina, não fumar: Como prevenir o câncer?

Devido ao impacto pessoal e social do câncer, a sociedade está sempre em busca de prevenir a doença. E não tem segredo: manter um estilo de vida saudável e fazer exames periódicos são ações que auxiliam contra a doença.

  • Ainda, a oncologista Ana Carolina Leite recomenda:
  • evitar o consumo de álcool;
  • ter uma alimentação saudável, com carga menor de doces, de embutidos e de carne vermelha. E uma
  • maior variedade de frutas e verduras;
  • combater o tabagismo;
  • combater a obesidade; e
  • praticar atividade física.

Além disso, o rastreamento também é uma forma de se proteger contra o câncer. “Estilo de vida saudável e o rastreamento são medidas que, juntas, diminuem muito o impacto que o câncer causa, do ponto de vista de incidência e de mortalidade”, completa a médica.

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Como é feito o tratamento do câncer?

Com a evolução da biologia, inúmeros tratamentos foram surgindo para combater o câncer. As medidas incluem tratamentos locais, que focam apenas na localização do tumor; e os tratamentos sistêmicos, que atuam em todo o corpo.

“São medicações múltiplas, que têm um mecanismo de destruição da célula tumoral, e que são escolhidas de acordo com o tipo de tumor”, explica a oncologista sobre os tratamentos sistêmicos, que são escolhidos principalmente quando a doença já está em estágio avançado.

A radioterapia - que consiste em usar radiação ionizante para destruir as células de um tumor- e a cirurgia são exemplos de tratamentos locais do câncer. Assim como a quimioterapia, que utiliza uma combinação de medicamentos para tratar o câncer.

Os médicos se preocupam em poupar o corpo da pessoa que está em tratamento, devido às toxicidades das medicações. Foi nesse contexto que surgiram os tratamentos locais, tendo como alvo determinado a célula tumoral.

Para que essas medicações funcionem, a equipe também pode incorporar a imunoterapia. “É uma medicação que destrava nosso sistema imunológico para que o próprio corpo possa combater a célula tumoral”, completa Leite.

O que são cuidados paliativos?

Os médicos da influenciadora Isabel Veloso recomendaram que a jovem iniciasse os cuidados paliativos, já que os tratamentos não conseguiram curar a doença.

O termo se refere a cuidados integrais de saúde prestados à pessoa com doença grave e que ameaça a continuidade de sua vida.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os cuidados paliativos devem ser iniciados precocemente, e também podem estar associados ao tratamento com objetivo de cura da doença, a fim de melhorar as condições clínicas do paciente.

Com o avanço da doença, a abordagem paliativa deve ser ampliada para zelar pelos aspectos psicológicos, sociais e espirituais dos pacientes. A dinâmica de transição do cuidado com o objetivo de cura e o cuidado paliativo depende de cada paciente.

Além disso, os cuidados paliativos oferecem um sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto.

Câncer: a importância dos estudos clínicos

“A gente sempre incentiva os pacientes que têm um diagnóstico de câncer a buscar oportunidade de serem incluídos em estudos clínicos”, afirma Carolina.

A médica explica a fala dizendo que algumas inovações que já estão disponíveis no exterior chegam ao País em pesquisas clínicas. Assim, a dinâmica pode ajudar os pacientes em seu tratamento.

Leia mais: Terapia celular contra câncer: entenda tratamento em teste no SUS

A oncologista destaca que a cidade de Fortaleza possui bons centros de pesquisa, como o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital São Carlos e o Centro de Pesquisa do Instituto do Câncer do Ceará.

Quais os direitos de um paciente com câncer?

Conforme a lei 7.713/1988, o paciente com câncer tem os seguintes direitos sociais assegurados:

Saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

O trabalhador ou um de seus dependentes com câncer pode sacar seu FGTS em uma agência da Caixa Econômica Federal. O direito se aplica na fase sintomática da doença, de acordo com a lei nº 8.922, de 1994.

Saque do Pis/Pasep

O valor do PIS/Pasep também pode ser sacado pelo paciente ou pelo trabalhador que possuir dependente com câncer, na fase sintomática da doença. Os cadastrados devem ir até uma agência da Caixa Econômica Federal para sacar o PIS, e a uma agência do Banco do Brasil para sacar o Pasep.

Auxílio-doença

Os pacientes de câncer que contribuem para a Previdência Social podem requerer o Auxílio Doença. O benefício é concedido a quem fica temporariamente incapaz para o trabalho em virtude de doença, por mais de 15 dias consecutivos, no caso de empregado(a) de empresa e, a partir do primeiro dia de afastamento, no caso de contribuinte individual, facultativo(a) ou empregado(a) doméstico(a).
A regra ainda ressalta que as contribuições devem ter sido feitas antes do diagnóstico de câncer.

Afastamento do trabalho

O afastamento do trabalho em caso de doença também é um direito do trabalhador. Comprovado no atestado, o médico especificará o tempo concedido de dispensa às atividades de trabalho e estudantil, necessário para recuperação do paciente.

Aposentadoria por invalidez

A pessoa com câncer tem direito à aposentadoria por invalidez, independente do número de contribuições na Previdência. Ela é concedida a partir da solicitação de auxílio-doença, desde que a incapacidade para o trabalho seja considerada definitiva pela perícia médica do INSS ou do órgão pagador.

Tratamento Fora de Domicílio (TFD) no Sistema Único de Saúde (SUS)

O Tratamento Fora de Domicílio é um programa normatizado pela Portaria SAS nº 055, de 24 de fevereiro de 1999, que visa garantir o acesso de pacientes moradores de um município a serviços assistenciais em outro município, ou ainda de um Estado para outro Estado.

Os pacientes de câncer também podem fazer parte deste programa, que garante transporte, hospedagem e ajuda de custo para alimentação. É concedido, exclusivamente, aos pacientes atendidos na rede pública e referenciada.

Isenção do Imposto de Renda na Aposentadoria, Pensão e Reforma

A lei 7.713/1988 garante a isenção do Imposto de Renda para a pessoa com câncer está isenta do imposto de renda, inclusive as complementações recebidas de entidade privada e a pensão alimentícia.

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