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Os "super contaminadores" de vírus, mito ou realidade?

09:50 | Mar. 14, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

Um paciente de coronavírus é capaz de contagiar dezenas ou centenas de pessoas? O conceito do "super contaminador" de vírus continua sendo muito questionado pelos médicos devido aos múltiplos fatores que entram em jogo durante a transmissão.

O conceito de "super contaminador" ("super-spreader", em inglês) já havia sido mencionado, por exemplo, durante outras duas epidemias mortais de coronavírus, a Sars (2002-2003) e a Mers (em curso desde 2012).

 

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O termo foi retomado com a pandemia atual que começou na China e se propagou pelo mundo.

 

"Não é um termo médico, mas serve para designar uma pessoa que contagia proporcionalmente um grande número de indivíduos, sem que necessariamente exista um teto", explica à AFP Amesh Adalja, médico especialista em doenças infecciosas emergentes e na preparação de pandemias, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

 

Desde o início da epidemia no fim de dezembro, ao menos duas pessoas foram denominadas "super contaminadores" pela imprensa: elas teriam infectado mais pessoas que a média, que é de dois a três por paciente quando não são adotadas medidas de controle (confinamento, limitação de concentrações, entre outras)

 

Este é o caso de Steve Walsh, um empresário britânico que ao retornar de Singapura contaminou uma dezena de pessoas em fevereiro na França e Inglaterra.

 

Na Coreia do Sul, uma mulher de 60 anos identificada como "paciente 31" pode ter infectado dezenas de pessoas, especialmente durante um evento religioso em fevereiro.

 

Mas este conceito depende de muitas incertezas e variáveis, de acordo com especialistas: Como saber até que ponto influenciaram as características biológicas do enfermo, seu comportamento, seu entorno? Como eram as pessoas ela infectou? Eram especialmente vulneráveis? Como ter certeza que foi realmente a mesma pessoa que provocou todos os contágios?

 

Outra variável desconhecida é o papel de contágio das crianças, menos afetadas pelo coronavírus mas vetores da doença. Justamente porque existe o temor de que podem infectar muitas pessoas, vários países, como Espanha, França e Itália, fecharam suas escolas.

 

"É possível que existam os 'super contaminadores'. O problema é que não conseguimos detectá-los", afirmou o doutor Eric Caumes, diretor do departamento de doenças infecciosas e tropicais no hospital Pitié-Salpêtrière, de Paris.

 

"Parece que alguns pacientes, sem que isto esteja relacionado com a intensidade dos sintomas, excretam muitos mais vírus que outros e, portanto, o transmitem mais", disse à AFP o médico Olivier Bouchaud, diretor do serviço de doenças infecciosas no hospital Avicenne, nas região de Paris.

 

"Mas esta é apenas uma hipóteses e não temos uma explicação clara no momento", completou.


"Todos somos diferentes, no que diz respeito a nossos sistemas imunológicos, nossos comportamentos e os locais que frequentamos. Todos estes elementos podem desempenhar um papel no número de pessoas que podemos infectar. Os fatores biológicos e comportamentais podem influenciar, mas também o momento e o lugar", resume Christl Donnelly, professora de Epidemiologia Estadística do Imperial College de Londres e da Universidade de Oxford.

Estas incertezas levam o doutor Bharat Pankhania, especialista em doenças infecciosas da Faculdade de Medicina da Universidade britânica de Exeter, a afirmar que os "super contaminadores" não existem.

"É um termo inadequado. O que temos são circunstâncias que levam à infecção de um maior número de pessoas", declarou, ao citar o caso da "paciente 31" na Coreia do Sul.

"Na maioria das vezes é a multidão, um local confinado com pouca ventilação, um controle infeccioso equivocado (...) e com frequência uma pessoa no início de sua doença, quando as secreções estão no ponto máximo", disse.

Por estes motivos muitos preferem falar de uma "situação de super propagação", ao invés de classificar a pessoa como "super contaminador", que é um termo que estigmatiza, segundo o ministro francês da Saúde, Olivier Véran.


O Covid-19 é causado pelo coronavírus Sars-Cov-2.

Por que se chama coronavírus?

O nome "corona" se deve à coroa de espinhos que o envolve. Esses espinhos estão envolvidos por uma camada de gordura - retirada das próprias células humanas. Ele entra nessa capa de gordura para invadir outras células. Sem esta fina capa de gordura, o coronavírus morre.

Como é a transmissão do coronavírus?

Os coronavírus são transmitidos por ar e por mucosas. O vírus sobrevive bastante tempo em gotículas de espirro e tosse. Para evitar contaminação por meio das gotículas, recomenda-se ficar a pelo menos um metro e meio de pessoas com tosse ou espirrando.

O vírus também está em gotículas aerossóis. Elas são tão minúsculas e finas que ficam suspensas no ar, e contaminam principalmente pessoas que estão em ambientes fechados com ar condicionado.

Veja as recomendações da OMS para prevenir o novo coronavírus:

Lave as mãos frequentemente

Lave as mãos regularmente com álcool em gel ou com água e sabão. O álcool e o sabão matam vírus que podem estar nas mãos.

Mantenha distância social

Mantenha ao menos um a dois metros de distância entre você e pessoas que estejam tossindo ou espirrando. O vírus do Covid-19 é transmitido por gotículas que estão nos corrimentos nasais e saliva. A distância entre pessoas com sintomas de gripe evita que as gotículas cheguem a você.

Evite ficar tocando os olhos, nariz e boca

As mãos tocam todos os tipos de superfície e podem pegar vírus. Uma vez contaminadas, as mãos podem transferir o vírus para os olhos, nariz e boca. De lá, o vírus pode entrar no organismo e adoecer você.

Cubra a boca e o nariz ao tossir ou espirrar

Quando estiver rodeado de pessoas, cubra a boca com a dobra do cotovelo ao espirrar ou tossir. Também é possível usar lenços, que devem ser descartados prontamente depois do uso - dobre-os com a parte usada para dentro, a fim de evitar que o vírus se espalhe.

Se você tiver febre, tosse e dificuldade em respirar, ligue para o posto de saúde

Se você está se sentindo mal, fique em casa. Caso tenha sintomas como febre, tosse e dificuldade em respirar, ligue para o posto de saúde mais próximo. A partir da ligação, os agentes de saúde indicarão o que você deve fazer: se deve ficar em casa, se encaminharão um profissional, ou se você pode ir a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Quais os sintomas do novo coronavírus?

Os sinais do novo coronavírus se assemelham ao de uma gripe comum:

- Febre

- Tosse seca

- Cansaço

- Dificuldade para respirar em alguns casos

- Pode haver dores no corpo

- Congestão nasal

- Coriza

- Dor de garganta

- Há casos de diarreia

- Pode haver infecção do trato respiratório inferior, como nas pneumonias.

Há pessoas que não desenvolvem nenhum sintoma.

Período médio de incubação: cinco dias, com intervalos que chegam a 12 dias - período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.

Acompanhe o noticiário sobre a pandemia:

Como prevenir o coronavírus

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Saiba como os idosos devem se proteger contra o coronavírus

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