Bolsonaro preso por golpe: linha do tempo

Veja linha do tempo dos crimes até a condenação e prisão de Jair Bolsonaro

Relembre como as investigações se desenrolaram e culminaram na condenação histórica do ex-presidente pelo STF esse ano

Desde a derrota nas eleições para presidência de 2022, Jair Bolsonaro e outros réus se viram envolvidos em um processo judicial grave que culminou, em 2025, na condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado.

O ex-presidente foi preso preventivamente neste sábado, 22.

A seguir, uma linha do tempo com os principais acontecimentos, as denúncias e a sentença:

 

1. Acusações e investigação inicial

  • Em 18 de fevereiro de 2025, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou formalmente Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF).
  • Ele foi acusado de liderar uma “organização criminosa armada” focada em tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
  • Entre os crimes apontados estão: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, ameaça grave, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
  • A denúncia tem 272 páginas e descreve uma estrutura que envolveria militares de alta patente e aliados políticos para minar a democracia.

2. Operação Tempus Veritatis

  • Em 8 de fevereiro de 2024, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Tempus Veritatis”, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, visando desmantelar parte desse suposto plano golpista.
  • A investigação se baseou em vídeos apreendidos no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que mostrariam uma reunião em 5 de julho de 2022 entre Bolsonaro e ministros, com discussão de medidas para minar o Judiciário e o sistema eleitoral.
  • Na decisão autorizando as medidas, Moraes apontou crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação, atentado à soberania nacional e ainda tentativa de abolição do Estado de Direito.

3. Medidas cautelares impostas pelo STF

  • Em 18 de julho de 2025, o ministro Alexandre de Moraes impôs medidas cautelares a Bolsonaro: ele teria de usar tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar em determinados horários, se abster de se aproximar de embaixadas e de contatar certas autoridades ou réus, além de ser proibido de usar redes sociais.
  • Essas medidas foram referendadas pela Primeira Turma do STF.
  • Moraes também afirmou, em sua decisão, que Bolsonaro agiu em conjunto com o filho Eduardo para coagir autoridades, obstruir o andamento da ação penal e buscar apoio internacional para sua agenda antidemocrática.

4. Confissão e fundamentação da acusação

  • Segundo o próprio Moraes, Bolsonaro teria feito uma “confissão flagrante” de obstrução de Justiça, em declarações públicas consideradas intimidatórias.
  • A PGR sustentou, na acusação, que o ex-presidente usou instituições do Estado, sobretudo militares, para articular uma trama golpista.
  • No documento da denúncia, há menção a mobilização contínua desde 2021 para minar a confiança nas urnas eletrônicas, difundir desinformação e preparar um plano de ruptura institucional caso perdesse as eleições.

5. Julgamento e condenação pelo STF

  • No dia 11 de setembro de 2025, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro por cinco crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, e deterioração de patrimônio tombado.
  • A pena foi fixada em 27 anos e 3 meses de prisão, em regime inicial fechado.
  • Também foi aplicada multa de 124 dias, cada dia equivalente a dois salários mínimos.
  • A dosimetria (cálculo da pena) levou em conta a gravidade da acusação, responsabilizando Bolsonaro como líder da organização criminosa, mas também considerou a idade avançada do ex-presidente como fator atenuante.
  • A decisão do STF foi 4 votos favoráveis e 1 contra: os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram pela condenação; o ministro Luiz Fux votou pela absolvição.

6. Situação atual e próximos passos

  • Mesmo com a condenação, Bolsonaro não foi preso imediatamente, porque ainda pode recorrer.
  • Em 27 de outubro de 2025, a defesa do ex-presidente tinha até o final do dia para apresentar embargos de declaração, recurso que busca esclarecer pontos do acórdão.
  • Se os recursos forem rejeitados e a decisão transitar em julgado, poderá haver execução da pena, momento em que a prisão poderá ser efetivada.
  • Em paralelo, Bolsonaro ainda responde a outros processos no STF, como inquéritos que investigam sua atuação para pressionar o governo dos EUA e outras autoridades.

A condenação de Bolsonaro é histórica: é a primeira vez no Brasil que um ex-presidente é sentenciado por crimes relacionados a um golpe e ataque à democracia.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar