Delegação com Luizianne em Israel denuncia condições degradantes e obstáculos para receber remédio
Brasileiros seguem detidos em Israel e ainda não há detalhes sobre a deportação dos ativistas. Nesta segunda, 171 participantes da flotilha foram deportados
A deputada federal Luizianne Lins (PT) e os 12 brasileiros presos em Israel denunciam condições degradantes e uso de violência psicológica. A delegação segue detida e ainda não há data confirmada para o processo de deportação ser iniciado.
As denúncias foram feitas durante a visita consular da embaixada brasileira nesta segunda, 6, à prisão de Ketziot, no deserto de Negev.
De acordo com informações da equipe da parlamentar, a delegação também apontou falta de tratamento médico adequado. Alguns brasileiros, incluindo Luizianne, teriam recebido medicamentos após pressão diplomática.
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Segundo o Global Movement to Gaza Brazil, a embaixada brasileira afirmou ter protestado contra os maus-tratos aos ativistas e solicitado às autoridades locais o cumprimento das obrigações à luz do direito internacional.
Os brasileiros que iniciaram greve de fome, como Thiago Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles, seguem com o protesto. Ainda de acordo com o Global Movement to Gaza Brazil, alguns participantes também enviaram cartas aos familiares. Em uma delas, Ariadne Telles afirmou que iniciaria uma greve de sede, caso não fossem libertados até esta segunda, 6.
Pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considerou que Israel segue cometendo violações e informou que deu o comando ao Ministério das Relações Exteriores para prestar auxílio e usar todas as ferramentas diplomáticas legais “para que essa situação absurda se encerre o quanto antes”.
“O Estado de Israel violou as leis internacionais ao interceptar os integrantes da Flotilha Global Sumud, entre eles cidadãos brasileiros, fora de seu mar territorial. E segue cometendo violações ao mantê-los detidos em seu país”, escreveu.
Deportação dos brasileiros
A delegação brasileira integrava, desde o início de setembro, a flotilha com o objetivo de levar alimentos, água potável e suprimentos médicos a Gaza em meio à crise humanitária na região. O grupo foi interceptado pela Marinha israelense na noite da quarta-feira, 1°, e enviado à prisão de Ketziot, no deserto de Negev. A delegação recebeu a primeira visita consular na sexta-feira, 3.
A deputada federal Luizianne Lins está entre os integrantes que se recusaram a assinar o documento de deportação acelerada oferecido pelas autoridades israelenses. A ex-prefeita considerou o documento abusivo e “entendeu que sua responsabilidade ia além de sua própria situação”.
No domingo, 5, a Justiça de Israel concluiu as audiências para a deportação dos brasileiros, porém ainda não há data para que o processo seja iniciado.
Em nota, o Global Movement to Gaza Brazil destaca que ainda não há qualquer informação confirmada sobre o processo de deportação dos brasileiros. A entidade ainda afirma que a delegação brasileira “observa a existência de um tratamento desigual aos integrantes do sul-global” por parte do governo israelense. Além disso, nenhum dos integrantes com passaportes latino-americanos teriam sido deportados pelas autoridades locais.
Nesta segunda, cerca de 171 participantes da Flotilha Global Sumud foram deportados, incluindo a ativista sueca Greta Thunberg.
De acordo com o governo israelense, os deportados são cidadãos da Itália, Grécia, França, Suécia, Irlanda, Polônia, Bulgária, Lituânia, Alemanha, Áustria, Finlândia, Dinamarca, Eslováquia, Suíça, Noruega, Sérvia, do Reino Unido, de Luxemburgo e dos Estados Unidos.
Até o momento, o único integrante da delegação brasileira deportado foi o professor e ativista Nicolas Calabrese. Ele é cidadão argentino-italiano residente no Brasil, com passaporte europeu e foi deportado pela delegação italiana.