Israel deporta 171 ativistas, incluindo Greta Thunberg; nenhum brasileiro está na lista
Serviço Prisional de Israel anuncia nova deportação de 170 participantes da Flotilha Global Sumud, interceptada a caminho de Gaza
O Serviço Prisional de Israel (IPS) informou à organização de direitos humanos Adalah que deportará cerca de 171 participantes da Flotilha Global Sumud nesta segunda-feira, 6. Dentre as pessoas está a ativista climática Greta Thunberg.
De acordo com o governo israelense, os deportados são cidadão de Itália, Grécia, França, Suécia, Irlanda, Polônia, Bulgária, Lituânia, Alemanha, Áustria, Finlândia, Luxemburgo, Dinamarca, Eslováquia, Suíça, Reino Unido, Noruega, Estados Unidos e Sérvia. Não há brasileiros no grupo, segundo o Ministério de Relações Exteriores de Israel.
O grupo aprisionado integra a missão humanitária internacional, interceptada por forças israelenses em 1º de outubro quando tentava levar alimentos, medicamentos e suprimentos à Faixa de Gaza. Em meio aos brasileiros está a deputada federal cearense Luizianne Lins (PT).
A falta de transparência sobre o paradeiro e a situação dos detidos têm dificultado o trabalho das delegações nacionais e de advogados na identificação dos ativistas já libertados. Nos últimos dois dias, aproximadamente 170 participantes já foram enviados a outros países — a maioria para Istambul (TUR), com grupos menores encaminhados para Itália e Espanha.
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Primeiro integrante da delegação brasileira deportado
Apesar da ausência de informações oficiais sobre deportações de brasileiros, está prevista para esta segunda-feira, 6, a chegada ao Brasil de Nicolas Calabrese, primeiro integrante da delegação brasileira da Flotilha Global Sumud a retornar ao país.
Argentino e italiano, mas residente no Brasil há mais de dez anos, Nicolas foi deportado por Israel no dia 4, passando por Turquia, Itália e Portugal até embarcar rumo ao Rio de Janeiro, onde deve desembarcar à noite, no Aeroporto do Galeão. Professor e educador popular, ele coordena a Rede Emancipa de cursinhos populares e atua como militante do Psol.
Greve de fome e denúncias de maus-tratos
Segundo a Adalah, advogados foram impedidos de visitar a maioria dos presos neste domingo, 5. O IPS permitiu apenas uma visita de 30 minutos, em que foi possível encontrar 11 participantes tunisianos — todos em greve de fome. Eles relataram que diversos outros detentos aderiram à greve, em protesto contra a prisão e as condições de detenção.
Entre os grevistas confirmados estão quatro brasileiros: Thiago Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles. Segundo os organizadores, Thiago Ávila também recusa o consumo de água, em solidariedade à população de Gaza, submetida ao bloqueio imposto por Israel.
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Os ativistas relatam agressões físicas e violência durante o transporte do porto até a prisão e restrições a cuidados médicos adequados. A Adalah afirmou que continuará monitorando as condições dos detidos e pressionando por acesso jurídico e deportações seguras.