Quem é Júnior Mano, deputado do Ceará que soma apoios para concorrer ao Senado e é alvo da PF

Quem é Júnior Mano, deputado do Ceará que soma apoios para concorrer ao Senado e é alvo da PF

Parlamentar tem trajetória meteórica. Com menos de uma década de trajetória política, foi de vice-prefeito do Município de Nova Russas para um dos mais influentes deputados federais do Ceará e com apoios poderosos para se tornar senador. Se a Polícia Federal não impedir

A Polícia Federal (PF) cumpre nesta terça-feira, 8, mandado de busca e apreensão na Câmara dos Deputados, em investigação sobre organização criminosa acusada de desviar recursos públicos por meio de fraudes em processos de licitação no Ceará. O principal alvo é o deputado federal Júnior Mano (PSB), acusado de envolvimento no desvio de emendas e manipulação das eleições de pelo menos 50 municípios cearenses.

A Polícia Federal fez buscas no gabinete do parlamentar na Câmara dos Deputados, na residência oficial em Brasília e na casa dele no Ceará. Em nota, o deputado Júnior Mano afirmou não ter "qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos".

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Em nota, o líder do PSB na Câmara, deputado Pedro Campos (PE), afirmou que o partido espera que "todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa".

Do PL para o PSB

Junior Mano se filiou ao PSB após ser expulso do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. O motivo foi o apoio do deputado federal ao hoje prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), que disputou o segundo turno contra André Fernandes, do mesmo PL ao qual Mano estava filiado na época. A entrada de Mano no PSB foi articulada pelo senador Cid Gomes.

De vice prefeito de município pequeno a pré-candidato a senador

Antônio Luiz Rodrigues Mano Júnior, o Júnior Mano, é natural de Nova Russas, a 304 quilômetros de Fortaleza, e tem 40 anos. Ingressou na política em 2016, ao se eleger vice-prefeito do Município. Em 2018, foi eleito deputado federal pelo Patriota, partido que em 2022 se fundiu ao PTB para fundar o PRD. Naquele ano, a legenda lançou Cabo Daciolo como candidato a presidente da República.

Ele se filiou ao PL em 2019, antes ainda da chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro, que só ingressou na sigla em 2021. Quando Mano chegou à legenda, o PL era da base governista no Ceará, liderado por Acilon Gonçalves, então prefeito de Eusébio, distante 21 quilômetros de Fortaleza.

Em 2022, foi reeleito com 216.531 votos, pelo PL. Ele foi o segundo deputado federal mais votado na época, atrás apenas de André Fernandes (PL), que teve 229 mil votos. Em 2022, ele se elegeu pelo Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em 2024, Mano foi expulso do partido após ele ter participado da campanha de Evandro Leitão (PT) à Prefeitura de Fortaleza. O petista concorria contra André Fernandes, que, assim como Júnior Mano, também era filiado ao PL.

Após saída do partido de Jair Bolsonaro, o deputado registrou a filiação formal no Partido Socialista Brasileiro (PSB) em fevereiro deste ano.

No começo de fevereiro, quando as denúncias contra Júnior Mano já eram conhecidas, Cid Gomes defendeu o parlamentar. Na semana seguinte, o senador, que afirma não ter intenção de concorrer a um novo mandato, disse que defenderá a candidatura do deputado federal caso o PSB tenha direito a fazer a indicação na chapa majoritária governista.

Após a sinalização de Cid, vários prefeitos passaram a defender que Júnior Mano concorra a senador. Entre eles está o prefeito de Eusébio, Dr. Júnior (PRD), e o grupo político que o apoia na Região Metropolitana de Fortaleza, sob liderança de Acilon Gonçalves, como mostrou a Vertical.

Em nota, a Liderança da sigla na Câmara dos deputados informou que "tomou conhecimento hoje, 8, da operação da Polícia Federal que investiga a atuação do deputado Júnior Mano. Esperamos que todos os fatos sejam investigados e esclarecidos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa."

Durante a atual legislatura, Junior Mano afastou-se temporariamente do cargo entre setembro de 2024 e janeiro de 2025, sendo um dia por motivos de saúde e 120 dias para tratar de interesses particulares.

Investigação

Segundo a PF, o parlamentar é investigado por manipulação do processo eleitoral por meio da compra de votos e desvio de verbas públicas, esquema que seria supostamente liderado por seu apadrinhado Bebeto do Choró - atualmente foragido da Justiça. O inquérito policial contra Junior teve início a partir de denúncia da ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos), em setembro de 2024.

Deputado nega irregularidades

"O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.

Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.

O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública.

Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta."

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