Deputados criticam petista que divulgou Marcha da Maconha e aliados se solidarizam

Deputados criticam petista que divulgou Marcha da Maconha e aliados se solidarizam

O debate voltou à tona após parlamentares de esquerda fazerem convocações para a Marcha da Maconha; oposição rebate apoio

O debate sobre a descriminalização da maconha voltou à tona nesta semana na política cearense. O tema ganhou repercussão após a deputada estadual Larissa Gaspar (PT) fazer um vídeo convocando a população para a Marcha da Maconha que acontecerá neste mês de maio.

Em sessão plenária na terça-feira, 13, a segunda-vice-presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) usou a tribuna para defender a legalização para fins medicinais, e citou que a medida para fins recreativos também afetaria o poder das organizações criminosas.

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"Eu defendo a legalização da maconha, sobretudo para o uso de fins terapêuticos. Nós temos uma enorme quantidade de crianças que apresentaram uma melhora extraordinária no seu desenvolvimento, no seu comportamento e na fala com o uso do óleo da cannabis (...) As evidências científicas mostram a importância do uso da cannabis pra melhoria de dores crônicas como epilepsia, parkinson, alzheimer, pra tratamento de TDAH e TEA", afirmou a petista.

Prosseguiu: "Aqueles que enchem a boca pra dizer que enfrentam a violências e as organizações criminosas não queiram afetar o principal fomento de lucro dessas organizações que é o tráfico. Inclusive, legalizar o uso da maconha, seja recreativo ou medicinal, vai afetar o bolso das organizações criminosas, porque é a compra do tráfico que sustenta essas organizações criminosas".

A deputada também afirmou ter sido vítima de diversos ataques, mesmo com outros deputados homens divulgando a marcha. "Resolvem atacar uma mulher porque são machistas, gostam de diminuir a nossa capacidade", declarou.

O líder do Governo Elmano na Alece, o deputado Guilherme Sampaio (PT), se solidarizou com a Larissa pelos ataques e também disse apoiar a medida de legalizar medicamentos à base de canadibiol que já foram regulamentados pela Anvisa.

Larissa também lembrou que existe um projeto de lei 01014/2023 que legaliza a cannabis para fins medicinais e terapêuticos assinado por ela e os deputados De Assis Diniz (PT), Missias Dias (PT), Jô Farias (PT) e Renato Roseno (Psol), que atualmente está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Casa.

Após a fala de Larissa, o deputado Fernando Hugo (PSD), que é médico, rebateu a tese para fins recreativos da colega parlamentar, afirmando que o uso de tal forma é um passo "para a morte ou a penitenciária".

"Eu falo aqui para que intérpretes do mal não possam dizer que houve um silêncio dessa Casa total com a fala da deputada Larissa, que deixou transparecer que a drogadição com uso recreativo seja psicotrópico, entorpecente, droga pesada, faz com que se prelude hoje a desgraça da penitenciária hoje ou o cemitério amanhã", declarou.

Legalização da maconha: lideranças de oposição criticam petista

A fala da Larissa Gaspar na Assembleia Legislativa suscitou respostas de membros da oposição no Ceará. O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), chamou o posicionamento de "inacreditável" e afirmou que mostra um descompromisso do PT com o real enfrentamento contra o crime organizado.

"Esse é um discurso da esquerdinha dos bares de classe média alta de Fortaleza que no fundo não tá comprometido em nada em proteger as famílias do bárbaro aumento da violência produzida pelas facções aqui no Ceará. Absolutamente lamentável. É digno de uma nota de repúdio da própria Assembleia", disse RC.

Outro pedetista a também expor sua posição contrária à fala de Larissa foi o deputado estadual Antônio Henrique. Ele chamou a fala de "absurda" e falou que a maconha é a porta de entrada para outras drogas, que destroem famílias.

"Eu fico muito triste. Nós temos tantos problemas para resolver aqui no Estado do Ceará, temos tantos assuntos pra defender: A saúde, a melhor segurança, emprego e renda. Mas infelizmente aqui nesta Casa, deputados defendendo a legalização da droga e convidando o povo para a Marcha da Maconha. Eu me envergonho de uma pauta como esta", afirmou.

O ex-deputado federal Capitão Wagner (União) também se pronunciou. Ele declarou que o Estado está tomado por facções e o posicionamento da petista vai contrário as falas do governador Elmano de Freitas (PT) de ser rígido contra o crime.

"Não era isso que a sociedade cearense esperava do seu partido. É deprimente, decepcionante ver que o PT ainda não acordou para o que tá acontecendo no Ceará", disse.

Roseno defende Larissa

O deputado estadual Renato Roseno (Psol), coautor do projeto de lei que visa legalizar a cannabis para fins medicinais, prestou solidariedade a colega. Ele destaca também ter gravada vídeo convocando as pessoas para a Marcha da Maconha, mas não foi alvo de ataques como a Larissa, classificando o movimento como "encontro perverso de reacionarismo e misoginia".

"Essas lideranças que sacaram esses vídeos contra a Larissa o fizeram por misoginia, reacionarismo e antipetismo. Porque queriam, em especial, um oportunismo eleitoral para atacar o PT. Não pensaram no paciente terminal, no uso paliativo que pode diminuir a dor", disse.

Roseno também se posicionou favorável a tese defendida pela petista, argumentando que o tema deveria ser tratado na esfera de saúde e que a política proibicionista durante o último século só fez o problema crescer ao invés de diminuir.

O deputado do Psol, em resposta aos membros da oposição, disse lamentar quem antes era progressista e hoje se abraça ao reacionarismo. "Triste fim", completou.

 

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