"Eu ando!", diz ex-tetraplégico ao completar corrida de rua

"Eu ando! Estou curado", diz ex-tetraplégico ao completar corrida de rua após perder movimentos duas vezes

Paulo Cavalcante, que enfrentou compressão medular por tumores, realizou 5 km de corrida de rua no domingo, 14, em Fortaleza

Duas vezes ex-tetraplégico, que já teve 90% de chance de morrer, Paulo Cavalcante, 41 anos, completou 5 quilômetros da corrida de rua conhecida como Circuito das Estações - Primavera na Avenida Beira Mar, em Fortaleza, no domingo, 14 de setembro.

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“Quis completar os 5 quilômetros porque, para mim, era a prova de que nada é impossível. Eu ando! Sou um atleta e venci a tetraplegia! Eu estou curado!”, celebra.

Palestrante e maratonista, ele viveu a experiência de enfrentar a neurofibromatose, uma doença genética herdada da família paterna. Devido à condição, desenvolveu tumores em diversos órgãos, principalmente na coluna cervical e torácica.

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Dessa forma, passou por três importantes cirurgias: a primeira retirou um tumor de 1,3 kg do plexo braquial; na segunda foi informado que tinha 90% de chance de morte; e a terceira envolveu a abertura de nove vértebras, buscando prolongar a vida.

“A vida é um ciclo de construção, não de destino”, acredita

Não havendo cura e tratamento disponível na época, a doença levou a passar por seis anos de tetraplegia. Apesar disso, a fé e o apoio coletivo mantiveram a esperança.

Há três anos, a primeira medicação capaz de reduzir os tumores, custando mais de R$ 300 mil por mês, foi obtida judicialmente. Trata-se da trametinibe.

O efeito surpreendeu até o próprio laboratório, permitindo os primeiros passos em dezembro de 2022. O êxito levou à participação em uma pesquisa, mas a troca de fármacos resultou no retorno à tetraplegia em junho de 2023. Após enfrentar depressão, o paciente decidiu reagir e, desde julho de 2023, vive a cura.

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“Foi o momento mais difícil da minha vida, mas, ao mesmo tempo, nasceu em mim uma fé muito forte. O pior momento da minha vida me trouxe as melhores oportunidades. Nunca tive tanto carinho e tantas oportunidades de negócios. Eu acreditava! O 'como' isso iria acontecer não era comigo, o 'como' é de Deus”, conta.

Mesmo assim, não esconde que ainda sente dores, por vezes mais intensas. Paulo chega a ficar sem respirar por alguns segundos, passa dias sem dormir e tem infecções urinárias recorrentes.

“Ainda faço uso da medicação que me devolveu os movimentos. É uma quimioterapia e como tal tem seus efeitos colaterais. O corpo e o rosto estão bastante feridos. Mas, em termos de mobilidade, recuperei meus movimentos e consigo andar”, informa.

Os treinos para a corrida de rua

Uma equipe de profissionais acompanhou Paulo na rotina de preparação para a corrida. Ele seguiu cerca de duas horas diárias na fisioterapia e realizou três treinos semanais na Avenida Beira Mar.

“Foi nesse processo que encontrei meu verdadeiro propósito: inspirar pessoas a se levantarem das suas próprias 'cadeiras de rodas invisíveis', sejam elas físicas, emocionais ou mentais. Eu tive que quebrar crenças, enfrentar medos e inseguranças para criar uma nova identidade. Eu recebi o presente não só de voltar a andar, mas de poder impactar e ressignificar histórias e vidas”, estabelece.

O maratonista planeja ainda disputar o Circuito das Estações - Verão no fim do ano.

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