Missa realizada no Parque Rio Branco aborda relação da fé com a saúde mental
Missa no Parque Rio Branco reuniu fiéis para refletir sobre a relação entre fé e saúde mental, promovendo acolhimento e combate ao estigma
O Parque Rio Branco, localizado no bairro Joaquim Távora, em Fortaleza, recebeu na manhã deste domingo, 21, uma missa promovida pelo Movimento Igreja em Saída.
A celebração foi dedicada ao tema da relação da Igreja e a Saúde Mental. Reunindo dezenas de fiéis, a cerimônia refletiu sobre a importância de integrar fé, comunidade e cuidados psicológicos.
O padre Ermanno Allegri, representante do Movimento Igreja em Saída, explicou que a iniciativa das missas ao ar livre nasceu há cerca de cinco anos visando tornar as celebrações mais próximas do cotidiano dos fiéis.
“Nos inspiramos no papa Francisco, que sempre insistia que a igreja não pode ficar presa dentro do templo. Jesus Cristo não tinha horários fixos. Ele ia ao encontro das pessoas”.
Leia também | Mulher é flagrada retirando ladrilho da estátua de São Francisco das Chagas, em Canindé
As missas no Parque Rio Branco acontecem no terceiro domingo de cada mês. Segundo o sacerdote, celebrar em meio à natureza simboliza a necessidade de uma ecologia integral, que envolve respeito não apenas aos seres humanos, mas a todos os elementos da criação.
Durante a celebração, foi enfatizado que muitas pessoas em sofrimento psicológico acabam isoladas e até mesmo sentem-se excluídas das próprias comunidades religiosas.
Entre as mensagens transmitidas estava a necessidade de acolher, oferecendo atenção e evitando que alguém permaneça sozinho.
A homilia também contou com reflexões do padre Ottorino Bonvini, conhecido como padre Rino, missionário comboniano e médico psiquiatra. Ele destacou que a saúde mental se tornou um dos grandes desafios contemporâneos, com índices crescentes de depressão, ansiedade, dependência química e suicídio.
“É necessário potencializar todos os recursos que o SUS deveria garantir por meio da rede de saúde mental, com os Caps, as residências terapêuticas e, sobretudo, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics). Essas práticas, que deveriam ser oferecidas à população, incluem biodança, terapia comunitária, arteterapia, musicoterapia, massoterapia, reiki, biomagnetismo, entre outras. Todas elas ajudam a lidar com estresse, frustração e dor psíquica”, indica.
Ele também ressaltou que fatores sociais - como pobreza, violência e miséria - contribuem para o agravamento dos transtornos psíquicos, reforçando a urgência de políticas públicas mais eficazes.
Padre Rino chamou atenção ainda para o estigma que envolve o tema. “Muitas vezes, quando se fala em saúde mental, logo se associa à 'loucura' ou até a questões espirituais, como possessão. A saúde mental deve ser entendida como algo biopsicossocioespiritual. É preciso unir ciência e religião, enxergando o ser humano em toda a sua complexidade: usar o remédio quando necessário, mas também investir em psicologia, vínculos sociais e espiritualidade”, concluiu.
Entre os fiéis presentes, Camila Saraiva, 34 anos, moradora do bairro Joaquim Távora, ressaltou a alegria de acompanhar a celebração ao ar livre. Na companhia do marido, Nuno Cruz, 34 anos, o domingo marcou um momento especial: foi a primeira vez que levou a filha Cecília, de sete meses, à missa.
“Eu acho que essa mensagem, de cuidar da saúde mental, é essencial não só para quem tem religião, mas para todos que possuem algum tipo de fé. A saúde mental é uma base da nossa vida, dela depende tudo. Então receber essa mensagem — eu sou católica — dentro da minha religião, e neste espaço, me deixa mais tranquila e consciente”, comenta Camila.
Leia também | Canindé se prepara para os festejos de São Francisco das Chagas 2025
Saúde mental e acolhimento
Morador do bairro Passaré, Leonardo Accioly, 44 anos, também participou da celebração, após ser convidado pelo pai, que mora próximo ao Parque Rio Branco. Para ele, a celebração trouxe uma reflexão importante sobre acolhimento.
“A intenção da igreja é cada vez mais a gente acolher. Além disso, foi falado sobre a importância de cuidarmos de nós mesmos: trabalhar, mas também ter momentos de descanso. Estar mais próximo da família, refletir, descansar, tudo isso faz diferença”, reflete.