Chacina no Lagamar completa dois meses sem suspeitos presos

Quatro homens foram mortos na ação criminosa. Motivação da matança seria um racha dentro da facção que disputa uma zona de tráfico de drogas em Fortaleza

A chacina que deixou quatro mortos na comunidade do Lagamar, no bairro Alto da Balança, em 18 fevereiro deste ano, completou ontem dois meses sem que nenhum suspeito tenha sido preso. Por meio de nota, a Polícia Civil informou que a apuração do caso segue em andamento e que "algumas informações sobre as investigações serão preservadas para não comprometer o trabalho policial".

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A chacina ocorreu no fim da tarde do dia 18. Conforme relato de moradores, três das vítimas estavam em uma esquina da comunidade quando foram surpreendidas pelos assassinos. Elas foram identificadas como Yuri da Silva Sousa, Airton Delfino da Silva e Eduardo Bezerra do Nascimento. A quarta vítima estava em uma casa e chegou a tentar fugir, mas foi morto a tiros, também em via pública. As testemunhas afirmaram que não chegou a haver confronto entre assassinos e vítimas.

Dois dos corpos foram encontrados em um beco localizado na rua Sousa Pinto. O terceiro corpo foi achado na rua José Buson, enquanto a quarta vítima foi localizada na rua Capitão Aragão. Cerca de 200 metros separavam os locais onde os corpos foram localizados.

 

O POVO teve acesso ao laudo cadavérico elaborado pela Polícia Forense referente ao corpo de Airton Delfino da Silva. Conforme o exame, a vítima foi atingida por sete tiros, que se concentraram nas regiões do tórax, abdômen e nas pernas. Os projéteis perfuraram ambos os pulmões, coração, fígado e intestino de Airton, aponta o médico legista.

Durante as buscas efetuadas pelas forças de segurança, uma jovem de 19 anos chegou a ser presa com duas pistolas e quase um quilo de maconha, já horas após a chacina. A Polícia Civil apura se as armas apreendidas com Grasiela Pinheiro Machado foram utilizadas nos quatro homicídios. Apesar disso, ela não foi formalmente apontada como suspeita da chacina e, portanto, até o momento, ninguém foi preso por conta da série de assassinatos.

Apesar da falta de suspeitos presos, O POVO apurou que a motivação para o crime já foi estabelecida, como já mencionado em matéria de 21 fevereiro. O crime seria consequência de um racha dentro da facção criminosa Guardiões do Estado (GDE). Parte dos faccionados decidiram romper com a organização criminosa, fazendo com que uma liderança da GDE, identificado apenas como Chico Preto, tenha determinado a matança. Na Chacina do Lagamar, teriam sido mortas pessoas que participavam do grupo de um homem identificado apenas como "Boladão", um dos que decidiram romper com a facção cearense.

Um racha também havia sido registrado dentro da facção Comando Vermelho (CV), o que tem se desenrolado desde meados de junho de 2021, em locais como Caucaia (Região Metropolitana de Fortaleza), Grande Messejana e Pirambu. Também esse conflito resultou em chacinas. Em 1º de agosto, cinco pessoas foram mortas no distrito de Boqueirão das Boqueirão das Araras, em Caucaia. Já em 25 de dezembro, no bairro Sapiranga, cinco pessoas foram mortas durante uma festa em um campo de futebol.

Outro racha registrado na GDE ocorreu no bairro Jangurussu, também tendo deixado mortos. Somente entre 28 e 30 de março, por exemplo, três foram mortas no Conjunto Habitacional José Euclides.

 

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