Roupas brancas e fogos de artifício: saiba de onde vêm os rituais do Ano Novo

A virada do dia 31 de dezembro para o 1° de janeiro combina elementos culturais e religiosos de diferentes origens e contextos; entenda algumas tradições

08:00 | Dez. 28, 2025

Por: Júlia Honorato
Rituais de Ano Novo têm origem na cultura de cada país em que é celebrado; veja de onde vieram alguns deles (foto: Imagem de lifeforstock no Freepik)

Todo fim de ano rituais são praticados ao redor do mundo. Da roupa usada na virada até pequenas manifestações para os próximos 12 meses definem o que é feito culturalmente.

Celebrada há mais de 4 mil anos, a virada do dia 31 de dezembro para 1° de janeiro marca o começo de um novo ano para regiões do mundo que seguem o calendário gregoriano moderno.

A transição para o início de um novo ciclo destaca a pluralidade mundial relacionada à religião e tradição de cada país. No Brasil, 31 é a véspera do feriado nacional de Dia da Confraternização Universal, marcado para o primeiro dia do ano.

Ano Novo: veja de onde vêm as tradições da virada

Tradicionalmente, os rituais de passagem são feitos entre os últimos momentos do ano que acaba e os primeiros do que se inicia; confira alguns dos principais feitos anualmente:

Comemoração em 1° de janeiro

Apesar da data ser relacionada ao primeiro dia do ano por boa parte do mundo, nem sempre foi assim ou tem essa associação em outros países.

Esta definição veio a partir do calendário juliano, fixada pelo líder romano Júlio César, em 45 a.C. Devido a ajustes após o “último ano de confusão”, 46 a.C., o líder decidiu que seria um novo começo.

Além disso, janeiro é considerado um mês consagrado ao deus Janus, o romano das mudanças e transições. Por esse motivo, 1° de janeiro foi considerado um dia de início de projetos e expansão de novidades.

No entanto, a data foi adotada oficialmente somente com a introdução do calendário gregoriano no Ocidente, oficializado pelo Papa Gregório XIII em 1552. Antes, era celebrado no final de março, entre os dias 22 e 25, conforme o início da primavera no hemisfério norte.

Enquanto alguns países seguiram a nova tradição anos depois, outros mantiveram o seu próprio calendário. Um deles é a China, que segue o Ano Novo Lunar, com uma data móvel entre o final de janeiro e fevereiro.

Pular sete ondas

Ritual tradicionalmente brasileiro, pular sete ondas na virada do ano tem origem africana e de suas religiões, como a Umbanda.

A sua popularização se deu nas praias da Zona Sul do Rio de Janeiro entre os anos 1950 e 60. No momento que o relógio marca meia-noite do primeiro dia do ano, um pedido é feito por onda.

Até hoje, não há consenso sobre uma explicação para a tradição. No entanto, é popularizado que teria se originado como uma homenagem à Iemanjá, deusa das águas.

Outras seis entidades - Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum e Obaluaiê - são homenageadas, somando o número de ondas puladas.

Acredita-se que, ao fazer isso, boas energias são atraídas e acontecimentos ruins do ano que passa sejam deixados para trás.

Branco e outras cores de roupa

Também por influência da Umbanda, muitos usam branco na virada do ano para honrar Oxalá, considerado o pai de todos os orixás, e pedir paz e renovação.

Já as outras surgiram da psicologia das cores e diferentes religiões, como a espírita, para manifestar o que é desejado para o ano que se inicia; veja o significado de cada uma:

  • branco: paz;
  • amarelo: prosperidade;
  • vermelho: paixão;
  • preto: poder;
  • verde: sorte;
  • azul: harmonia;
  • dourado/prata: riqueza;
  • laranja: otimismo;
  • roxo: espiritualidade;
  • rosa: amor.

Cada ano, a depender de quem analisa, tem a sua cor predominante. Segundo Márcia Sensitiva, branco e vermelho foram as predominantes em 2025.

Para o próximo ano, indica vermelho vivo ou rubi, representando um 2026 de ação, força e magnetismo.

Fogos de artifício

Um dos momentos mais aguardados da virada do ano é o show de fogos de artifício. Milhões de pessoas se reúnem em orlas do mundo todo para o espetáculo de luzes.

A tradição veio da China, há mais de dois milênios. Fogos químicos eram usados na ponta de bambus para afastar espíritos malignos durante a passagem do ano.

Com os avanços da química, o show que transforma as principais paisagens do mundo se aprimora com o passar do tempo.

12 uvas

Com origem na Espanha, a Las Doce Uvas de La Suerte (as doze uvas da sorte) consiste em comer doze uvas à meia-noite.

A tradição surgiu como um protesto contra a distinção de classes depois que um grupo de Madri ironizou o ato da burguesia de comer a fruta acompanhando os doze badalados do sino da Praça Puerto Del Sol, atual Real Casa de Correos.

O número representa os 12 meses do ano, simbolizando completude e harmonia; saiba como o ritual é feito, passo a passo:

  1. Escolha as uvas com antecedência para ter certeza de que comerá as frescas;
  2. Prepare o relógio: cada uva deve ser digerida, com calma, nos primeiros 60 segundos do ano;
  3. Mentalize seus desejos e acredite neles: para evitar nervosismo ou esquecimento, escreva o que quer no bloco de notas do celular ou em um papel, mas em forma de afirmação, como se já tivesse conquistado.

Ano Novo: entenda como a celebração começou

Representando o início de um novo ano pela sequência de rituais culturais ou religiosos, as festas de Ano Novo são feitas de ano em ano para celebrar o novo e o que passou.

A celebração teve origem na Mesopotâmia - território que compreende os atuais Iraque, Kuwait, Síria e Turquia - há cerca de quatro milênios. Por dependerem da agricultura para a sua sobrevivência, celebravam o fim do inverno e pediam por fartura no início da primavera.

Nesta época, era comemorado no final de março. A data de hoje, em várias regiões do mundo, veio apenas com a reformulação do calendário gregoriano, como explicado acima.

Já as conhecidas festas de Réveillon (acordar, em francês) surgiram no século 17, na França, representando festas nobres que duravam a noite inteira. Com o declínio da nobreza, foi adaptada para a festa de véspera de Ano Novo.

A partir do século 19, vários países já celebravam a virada do ano no estilo das grandes festas francesas. Hoje, é celebrada com fogos e grandes apresentações musicais, por exemplo.

As tradições apresentadas reúnem a esperança por tempos melhores e manifestações de desejos para o ano que se aproxima, a depender da sua cultura e religião.