Unicef presta solidariedade às famílias de vítimas de ataque em Sobral
Mais de 15 mil crianças e adolescentes foram mortos de forma violenta no País, entre 2022 e 2024, segundo o Unicef. Ataque foi nessa quinta-feira, 25
Após o ataque a uma escola na região de Sobral, na última quinta-feira, 25, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) publicou uma nota prestando solidariedade às famílias das vítimas.
Na ocasião, cinco alunos da Escola de Ensino Médio (EEM) Professor Luis Felipe foram atingidos. Victor Guilherme Sousa de Aguiar, 16, e Luiz Cláudio Sousa Oliveira Filho, 17, faleceram na hora e outros três jovens foram baleados no abdômen, na coxa e na panturrilha.
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Unicef posta nota em apoio às famílias de estudantes
Na nota, o Unicef diz que o episódio viola os direitos de toda a comunidade escolar. “Dos meninos que morreram, dos que foram feridos e dos que presenciaram o ocorrido, de suas famílias, dos profissionais de educação que trabalham na escola, e dos moradores do bairro onde o crime ocorreu”.
A organização destaca que a escola deve ser um espaço de aprendizagem, convivência, proteção e garantia de direitos para crianças e adolescentes, e nunca de violência.
Segundo o Unicef, entre 2022 e 2024, mais de 15 mil crianças e adolescentes, com idades entre 0 e 19 anos, foram mortos de forma violenta no País. O órgão reitera que a realidade que não pode ser naturalizada.
"O Unicef reitera o direito inviolável à proteção de cada menino e cada menina, conforme preveem o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Convenção Sobre os Direitos das Crianças, instrumento internacional do qual o Brasil é signatário", complementa a nota.
Após o ataque, duas vítimas sobreviventes do ataque receberam alta da Santa Casa de Sobral e, pelo menos, uma delas prestou depoimento à Polícia Civil do Ceará (PC-CE). A terceira vítima segue internada.
Mais de 2 mil adolescentes morreram no Ceará entre 2014 e 2023
Uma pesquisa do Comitê de Prevenção e Combate à Violência, vinculado à mesa diretora da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), informou que entre 2014 e 2023 o Ceará registrou 37.051 homicídios. Deste número, 2.839 são adolescentes. Por dia, pelo menos um adolescente era morto no ano de 2023.
O Comitê também publico uma nota prestando apoio: “A violência armada em territórios conflagrados expõe e vulnerabiliza crianças e adolescentes. Não podemos permitir que a escola, espaço de proteção, aprendizado e garantia de direitos, seja atravessada pela lógica da violência”.
O Comitê reforçou a urgência do fortalecimento de políticas de proteção e da ampliação da rede de apoio a familiares de vítimas e sobreviventes.
“Destacamos a importância de fortalecer as Comissões de Proteção e Prevenção à Violência contra Crianças e Adolescentes — Lei Estadual nº 17.253/2020, já instituídas em escolas públicas e privadas do Estado”, diz a nota.
“Além disso, é fundamental a implementação de protocolos de cuidado e atuação preventiva em situações de ameaça, garantindo segurança e proteção imediata às crianças e adolescentes”, finaliza o Comitê.
ONG havia pedido transferência de aluno em agosto
Em agosto deste ano, um ofício enviado pela ONG Visão Mundial foi enviado à Secretaria de Educação do Estado do Ceará (Seduc), solicitando que um aluno fosse transferido para outra unidade de ensino.
Segundo a ONG, a integridade do estudante estava comprometida. Até esta sexta-feira, 26, o aluno não havia sido transferido. O jovem citado no ofício não chegou a ser atingido.
O documento aponta que o jovem recebia ameaças de grupo armado atuante na região da escola, localizado no bairro Campo dos Velhos. Ele era morador do bairro Nova Caiçara, dominado por um grupo rival.
Devido ao risco de deslocamento diário, o jovem acumulou 125 faltas na unidade escolar, resultando em sua ausência completa das aulas no primeiro semestre de 2025.