Luta para transplante do pai motiva médico a atuar na captação de órgãos no Ceará

Luta para transplante do pai motiva médico a atuar na captação de órgãos no Ceará

André de Gois Rocha, 34, passou a atuar na captação de órgãos após o pai entrar na fila à espera de um coração
Atualizado às Autor Kaio Pimentel Tipo Notícia

A batalha para conseguir o transplante de coração do pai motivou o médico André de Gois Rocha, 34, a seguir em outra área da Medicina, no Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim, a 212,24 km de distância de Fortaleza.

Antes médico na área clínica, ele se tornou coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Cihdott).

Setembro Verde: 38% das doações de órgãos no Ceará são do IJF; VEJA

O pai de André, José Alberto Rocha, 68, entrou na fila de transplantes em 2017 por enfrentar insuficiência cardíaca desde 2004. Ele conseguiu o novo órgão em 2018. 


Em uma das consultas, o médico ouviu que o pai poderia não ver os netos, caso não tratasse o grave problema. 

"Pude viver o lado do paciente e da família na ansiedade, na esperança e no medo de que não desse certo. Isso impactou muito na minha profissão. Quando você passa por essa experiência, é como se cada órgão fosse uma missão pessoal”, relata.

Cinco órgãos foram captados em 2025 por dois doadores no HRSC

Cinco órgãos foram captados este ano, de dois doadores, no Hospital Regional do Sertão Central. Desde a implantação da Cihdott, que se deu em 2019, a equipe obteve 62 órgãos.

Segundo o Governo do Estado, o HRSC oferece todos os recursos necessários e trabalha com rigor na aplicação do protocolo de morte encefálica (ME). Doação só ocorre com permissão da família. 

"Hoje, nosso grande desafio é a recusa familiar. Infelizmente, o que mais impede as doações é o 'não' da família. Eu entendo que a negativa envolve muitos fatores, entendo a dor da perda, mas elas têm a chance de transformar essa dor em alegria para outras famílias”, defende.

Um único doador pode salvar até sete pacientes na fila de espera

De acordo com o médico, um único doador pode salvar até sete pacientes que estão numa fila de espera.

Desde 2019, 59 pessoas entraram no radar da unidade após apresentarem o perfil adequado. Na abordagem com a família, 32 casos tiveram a captação negada, ao passo que 27 indivíduos efetivamente doaram.

"Quando estou conversando com a família, tentando convencer e explicar a importância da doação na mudança de vida daqueles que esperam por um transplante, eu me vejo ali. Quando uma família diz 'sim', ela possibilita que outras pessoas vejam seus filhos crescerem, conheçam netos e sigam vivendo, como foi com meu pai. É um gesto que ultrapassa a dor da despedida e se transforma em vida para muitos", reflete.

Setembro é o mês de conscientização sobre a doação de órgãos, conhecido como "Setembro Verde". Assim, o intensivista reforça a importância da decisão, buscando agir mais forte na sensibilização das famílias como política pública.

Saiba mais sobre transplante de órgãos no programa Ciência e Saúde

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