Cerca de 90% do Ceará foi afetado por seca relativa em julho de 2025
Monitor de Secas analisa a situação por comparações com outros meses de 2025. O cenário é o mais crítico desde janeiro de 2024
Ceará registrou seca em 88,7% do território em julho. O dado veio mediante estudo mais recente do Monitor de Secas. Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), trata-se do cenário mais crítico desde janeiro de 2024, quando praticamente todo o Estado estava comprometido.
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No mês passado, a variação foi de aproximadamente 13%, com destaque para o avanço da seca fraca, caracterizada por redução no plantio, déficits hídricos mais prolongados e pastagens ou lavouras que não se restabeleceram por completo.
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Já o evento moderado do fenômeno, um grau mais severo, saltou de 33,89% para 35,12% entre junho e julho. Essa categoria concentra-se no oeste do Estado, abrangendo áreas da Ibiapaba, Sertão Central e Inhamuns e trechos da Jaguaribana.
A zona livre do cenário permeia 11,31%, localizada em uma faixa litorânea, principalmente entre Fortaleza, Pecém e parte do sul do Ceará.
De acordo com a Funceme, a intensificação do caso está associada à redução das precipitações de forma anormal com o fim da quadra chuvosa, que ocorreu em maio. Além disso, é estudado a saúde da vegetação para chegar a um diagnóstico.
De acordo com Júnior Vasconcelos, pesquisador da Funceme, existem cinco níveis de seca: fraca, moderada, grave, extrema e excepcional. Assim, o Estado sofre com cerca de 88% do território com seca fraca e em torno de 25% de seca moderada.
O pesquisador informa que a população pode sofrer os impactos em temperaturas mais altas, com uma evaporação maior da água no solo, e baixa umidade do ar.
"Requer atenção no Estado. O cenário pode se acentuar e ficar um pouco pior, principalmente na região do Sertão Central e Inhamuns, devido a estiagem do segundo semestre, com baixíssima pluviometria", analisa.
Seca e estiagem: qual a diferença dos cenários?
Em entrevista anterior ao O POVO, Meiry Sakamoto, gerente de meteorologia pela Funceme, informa que a estiagem se refere à redução ou ausência de chuvas, em que a perda de umidade do solo é superior à reposição.
Já a seca trata-se desse episódio de forma prolongada, durante um período suficiente para que a falta de precipitação provoque desequilíbrio hidrológico, com consequências ambientais, econômicas e sociais.
Para a tese, ela usa os conceitos do glossário do Monitor de Secas. "Conforme suas próprias definições, os dois eventos estão relacionados", explica.
Sobre o Monitor de Secas
O Monitor de Secas é um instrumento de acompanhamento contínuo da estiagem no Brasil. Os resultados são divulgados mensalmente em um mapa que indica a intensidade e extensão da seca em cada unidade do País.
A iniciativa é coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com apoio de instituições estaduais parceiras. No Ceará, a Funceme é a responsável pela operacionalização e análise local.
"O monitoramento funciona como subsídio estratégico para decisões em áreas como agricultura, gestão de recursos hídricos e formulação de políticas públicas, especialmente em regiões historicamente vulneráveis à variabilidade climática, como o semiárido nordestino", explica.