Cláudio Castro chama megaoperação no Rio de "sucesso" e volta a provocar governo federal
Governador do Rio defendeu ação das forças de segurança, negou irregularidades e afirmou que o Estado "não pode vencer essa guerra sozinho"
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 29, o governador Cláudio Castro (PL-RJ) fez um balanço da megaoperação policial que se tornou a mais letal da história do Rio de Janeiro, com mais de 120 mortos. O governador classificou a ação como um “sucesso” e voltou a provocar o governo federal, cobrando maior integração e apoio no combate ao crime organizado.
“Nós temos a convicção de que temos condições totais de vencer batalhas, mas, sozinhos, não temos condições de vencer essa guerra. Essa guerra é uma guerra contra o Estado paralelo, que a cada dia vem se demonstrando mais forte, com um poder bélico maior, com mais poderio financeiro”, declarou Castro.
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Divergência nos números de mortos
O balanço oficial divulgado pelo governo do Rio aponta 58 mortos, sendo quatro policiais e 54 suspeitos. Porém, na terça, o governo havia informado 64 mortes, número que foi alterado na manhã seguinte sem explicação.
Já no início da tarde desta quarta, a cúpula da segurança pública atualizou os dados novamente: quatro policiais e 115 suspeitos mortos.
Moradores afirmam ainda que 74 corpos foram encontrados na mata e expostos em uma praça da Penha. O secretário da Polícia Civil confirmou “63 corpos achados na mata”, aumentando a confusão em torno dos números oficiais.
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Embate com o governo federal
Durante a coletiva, Cláudio Castro proibiu seus secretários de se envolverem em “batalhas políticas” e de darem declarações que não sejam “pró-segurança pública”. O governador fez um apelo para que outras autoridades só intervenham de forma construtiva.
“Todo aquele que quiser vir para cá no intuito de somar — seja governador, ministro ou autoridade — é bem-vindo. Os outros que quiserem fazer confusão, nosso recado é: ou soma ou suma”, afirmou.
Castro voltou a cobrar apoio da União, alegando que o Rio “não pode vencer essa guerra sozinho” e que a operação pode marcar “o início de um grande processo no Brasil”.
A polêmica com o governo federal começou na terça-feira, quando o governador afirmou que o Estado tem recebido pouco suporte financeiro e logístico em ações de combate ao crime organizado.
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“Únicas vítimas foram os policiais”
O governador reafirmou que a operação foi conduzida de forma transparente e com mandados judiciais, prestando condolências às famílias dos quatro policiais mortos durante a ação.
“Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais”, afirmou.
Por fim, Cláudio Castro declarou que a vida na cidade já começa a voltar à normalidade, com o transporte público funcionando e empresas retomando as atividades.
“A vida na cidade vai tomando a normalidade. O transporte público já voltou a funcionar, aquelas empresas que quiseram funcionar, estão funcionando normalmente”, concluiu.