Análise: mesmo com um a menos em clássico, Fortaleza cria, mas segue desperdiçando gols

O Esportes O POVO analisou como o Tricolor conseguiu criar espaços no Clássico-Rei mesmo depois da expulsão de Felipe no primeiro tempo e o problema crônico de finalizar as jogadas

A situação do Fortaleza no Brasileirão está ainda mais delicada após a derrota por 1 a 0 para o Ceará na última quarta-feira, 1°. Com dois pontos e isolado na lanterna, o time de Juan Pablo Vojvoda ainda busca uma vitória para tentar dar início a uma remontada no campeonato.

Com um bom começo de jogo, o Fortaleza se complicou após Felipe ser expulso aos 15 minutos do primeiro tempo. Apesar de atuar com um homem a menos durante praticamente toda a partida, o Tricolor do Pici conseguiu se defender bem e até criar oportunidades de balançar as redes, mas novamente esbarrou na ineficácia do ataque.

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O Esportes O POVO analisou como o Fortaleza conseguiu criar espaços mesmo com um a menos e o problema crônico de finalizar as jogadas que tem prejudicado a equipe no campeonato.

Viradas de jogo e espaços criados

Pelo sistema tático principal possuir três zagueiros, o Fortaleza naturalmente aposta em lançamentos e inversões de jogo para ter mais espaços para progredir ao gol. E para impedir o êxito da pressão dos jogadores do Ceará sobre o portador da bola, os atletas tricolores realizavam essa estratégia — visto que o Ceará subia um pouco mais as linhas por ter um homem a mais — e assim reduziam o problema de inferioridade numérica nos setores onde o companheiro era acionado.

Uma das melhores chances do Fortaleza aconteceu após um lançamento em busca de Silvio Romero em profundidade. O lance terminou com o atacante tricolor finalizando para fora, uma das melhores oportunidades da equipe na partida.

E pelo forte jogo pelas laterais, a ultrapassagem também auxiliava a criação de jogadas geradas a partir das inversões de jogo. Em outra boa oportunidade que culminou na finalização para fora de Robson, a origem do lance aconteceu após uma virada de jogo de Juninho Capixaba, que encontrou Ceballos, que já estava atuando como um lateral-direito naquela altura do duelo e se projetava pedindo a bola pelo lado direito.

No lance em que os jogadores do Fortaleza reclamaram de pênalti de Fernando Sobral, a origem da jogada começou após Juninho Capixaba ser acionado na esquerda e com apenas um adversário para realizar a marcação no mano a mano. O lateral conduziu até a linha de fundo e executou o cruzamento sem tantas dificuldades.

Além disso, as tomadas de decisões também prejudicaram o Fortaleza na busca pelo empate. No fim do jogo, Romarinho recebeu pela direita e conduziu pela linha de fundo. Conforme avançava, o ponta do Leão conseguiu atrair dois marcadores, que deixaram Yago Pikachu sem marcação na grande área. O atleta, porém, preferiu efetuar o cruzamento para a grande área mesmo sem muito espaço.

Capricho exacerbado nas finalizações

Com um a menos, o Fortaleza não foi tão inferior ao Ceará na partida, nem mesmo em números. Correndo atrás do adversário em superioridade numérica, o Leão chegou a finalizar 11 vezes contra 17 do Ceará, segundo o FootStats, uma estatística equilibrada levando em consideração as adversidades que o time de Juan Pablo Vojvoda teve no duelo.

Porém, de 11 finalizações, apenas três foram em direção ao gol de João Ricardo e pelo menos dois chutes fora do alvo foram grandes chances de balançar as redes, uma com Moisés, ainda no primeiro tempo, e depois com Silvio Romero, na segunda etapa.

Dos chutes que foram ao gol, nenhum ofereceu tanto perigo quanto aqueles que saíram pela linha de fundo, o que evidencia o excesso de capricho do Fortaleza na conclusão das jogadas.

Na primeira grande chance, ainda com o 0 a 0 no placar, Moisés driblou os marcadores alvinegros, limpou a jogada e entrou na grande área para finalizar rasteiro, mas a bola saiu pela direita de João Ricardo.

A demora do atacante tricolor para finalizar prejudicou a qualidade do chute, além de atrair mais marcadores na cola e reduzir o tempo de qualidade para aplicar um pontapé em direção ao gol. Balançar as redes dentro dessas circunstâncias favorecia o jogo do Fortaleza, que priorizaria defender os espaços e correria menos que o adversário.

A segunda boa oportunidade aconteceu aos 12 minutos do segundo tempo com Silvio Romero. Após bom passe de Lucas Lima, que despistou quatro marcadores do Ceará na jogada, o argentino procurou demais o canto livre para colocar a bola na rede.

Apesar de estar com o corpo bem posicionado e de frente para a meta de João Ricardo, Romero bateu com curva e a bola sequer passou perto da trave. Em que pese a pressão pelo resultado e as condições de finalizar eram preciosas, o atacante tinha opções melhores de definir a jogada.

Uma possibilidade seria o atacante finalizar com força, com a chapa do pé, e em linha reta, no canto de João Ricardo. Com a distância curta, um chute forte complicaria as chances de êxito do goleiro e na pior das hipóteses poderia gerar um rebote que seria favorável ao Tricolor, uma vez que Pikachu estava dentro da pequena área e Moisés se projetava a frente da região da marca de pênalti.

Saldo negativo

O Fortaleza é o pior ataque do Brasileirão, com apenas quatro gols marcados. Segundo os dados do FootStats, o time é o quarto que mais finaliza no campeonato, com 112 no total, e o terceiro que mais peca nas tentativas, com 78 chutes errados. Além disso, o time precisa chutar 28 vezes para balançar as redes uma única vez. 

Disputando apenas o Brasileirão até metade do mês, o Fortaleza vê a distância para sair da zona em sete pontos, e somou apenas um contra três adversários diretos na zona de rebaixamento: derrota para o Cuiabá (0-1) e Ceará (0-1) e empate contra o Juventude (1-1). Vale lembrar que o time era o mandante em todas essas partidas.

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