Ministério da Saúde se cala sobre Bolsonaro atropelar cartilha sanitária em ato
Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus, Bolsonaro cumprimentou apoiadores que se manifestavam no Palácio do PlanaltoO presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro atentou contra a democracia neste domingo, 15, ao promover as manifestações pró-Governo em meio à pandemia de coronavírus no País. "Com requintes de sadismo", completou Santa Cruz.
"O pensamento egoísta de quem não se considera no grupo de risco parece incapaz de ultrapassar o raciocínio mais básico de que ninguém é uma bolha; e que todos cercamos pessoas para as quais a contaminação pode, sim, representar mais que uma gripe qualquer", afirmou. "As renúncias que este momento exige são uma demonstração de compromisso com o coletivo".
Pacientes com suspeita de coronavírus devem seguir as recomendações médicas de isolamento e quarentena.Elas podem ser impostas compulsoriamente,com base na Lei13979 e na Portaria356/Min da Saúde.Mas isso não é necessário com autorresponsabilidade. A saúde pública é a lei suprema.
— Sergio Moro (@SF_Moro) March 12, 2020
Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus, Bolsonaro cumprimentou apoiadores que se manifestavam no Palácio do Planalto. O presidente chegou a usar o telefone celular de algumas pessoas para tirar selfies ao lado delas, além de cumprimentá-las com as mãos abertas. Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos.
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AssineBolsonaro atropela cartilha sanitária
O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não comentaram até o momento a presença do presidente Jair Bolsonaro em manifestação pró-governo, anti-Congresso e anti-STF, em Brasília. Procurado, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), também não comentou o assunto.
O Ministério da Saúde fez recomendações na semana passada para que eventos com aglomerações fossem cancelados, adiados ou realizados sem público. Neste sábado, 14, após pressão do setor de turismo, a pasta recuou e orientou a medida apenas para locais com transmissão local da doença.
Durante a última semana, o ministério evitou se opor a realização de atos pró-Bolsonaro com aglomerações neste domingo. Técnicos da pasta têm dito que cabe bom senso para evitar, por exemplo, ir ao protesto se estiver com suspeita da nova doença.
Grande ativo do Governo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, publicou na última quinta-feira, 12, que “pacientes com suspeita de coronavírus” devessem seguir as recomendações médicas de isolamento e quarentena. “Elas podem ser impostas compulsoriamente, com base na Lei 13979 e na Portaria 356/Min da Saúde. Mas isso não é necessário com autorresponsabilidade. A saúde pública é a lei suprema”, advertiu no Twitter.
Domingo do presidente
Além de participar do ato em Brasília, Bolsonaro passou o dia compartilhando vídeos e fotos sobre as manifestações no Twitter. Em uma delas, era possível ler faixas 'Fora Maia', em referência ao presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), 'Fora STF' e 'SOS Forças Armadas'. Bolsonaro identificava a imagem como sendo de Maceió, Alagoas. A foto foi apagada da conta de Bolsonaro.
Santa Cruz escreveu que a promoção dos atos por parte de Bolsonaro "dolosamente aumenta o risco de um pico de contágio pelo coronavírus". "Em um momento de união e prudência, todas as instituições estão se reunindo para suspender eventos, encontros e reuniões, cujas importâncias ficam absolutamente relativizadas diante do interesse maior de proteger nossa população e nosso sistema de saúde".
Bolsonaro x Santa Cruz
Bolsonaro e Santa Cruz têm um histórico longo de desavenças. Tudo começou em 2011, quando o então deputado federal afirmou em palestra na Universidade Federal Fluminense (UFF) que Fernando Santa Cruz, pai do atual presidente da OAB, teria morrido "bêbado" após pular o carnaval. Militante do grupo "Ação Popular", Fernando foi preso pelo governo em 1974 e nunca mais foi visto.
À frente da OAB-Rio, Felipe iniciou movimento em 2016 para pedir ao Supremo Tribunal Federal a cassação do mandato de deputado federal de Jair Bolsonaro por "apologia à tortura". Ao votar pelo impeachment de Dilma Rousseff, o então parlamentar fez uma homenagem a Carlos Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi de São Paulo, centro de tortura durante a ditadura.
No ano passado, já presidente, Bolsonaro falou que poderia "contar a verdade" sobre como o pai de Felipe Santa Cruz desapareceu na ditadura militar.
"Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade", disse. Bolsonaro questionava a atuação da OAB ao falar das investigações sobre Adélio Bispo, responsável pela facada contra o presidente em 2018. Adélio foi considerado inimputável pela Justiça por transtorno mental. O presidente não recorreu.
Em resposta na época, Santa Cruz afirmou que as declarações de Bolsonaro demonstravam "crueldade e falta de empatia". "Lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro - e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos", diz.
O Covid-19 é causado pelo coronavírus Sars-Cov-2.
Por que se chama coronavírus?
O nome "corona" se deve à coroa de espinhos que o envolve. Esses espinhos estão envolvidos por uma camada de gordura - retirada das próprias células humanas. Ele entra nessa capa de gordura para invadir outras células. Sem esta fina capa de gordura, o coronavírus morre.
Como é a transmissão do coronavírus?
Os coronavírus são transmitidos por ar e por mucosas. O vírus sobrevive bastante tempo em gotículas de espirro e tosse. Para evitar contaminação por meio das gotículas, recomenda-se ficar a pelo menos um metro e meio de pessoas com tosse ou espirrando.
O vírus também está em gotículas aerossóis. Elas são tão minúsculas e finas que ficam suspensas no ar, e contaminam principalmente pessoas que estão em ambientes fechados com ar condicionado.
Veja as recomendações da OMS para prevenir o novo coronavírus:
Lave as mãos frequentemente
Lave as mãos regularmente com álcool em gel ou com água e sabão. O álcool e o sabão matam vírus que podem estar nas mãos.
Mantenha distância social
Mantenha ao menos um a dois metros de distância entre você e pessoas que estejam tossindo ou espirrando. O vírus do Covid-19 é transmitido por gotículas que estão nos corrimentos nasais e saliva. A distância entre pessoas com sintomas de gripe evita que as gotículas cheguem a você.
Evite ficar tocando os olhos, nariz e boca
As mãos tocam todos os tipos de superfície e podem pegar vírus. Uma vez contaminadas, as mãos podem transferir o vírus para os olhos, nariz e boca. De lá, o vírus pode entrar no organismo e adoecer você.
Cubra a boca e o nariz ao tossir ou espirrar
Quando estiver rodeado de pessoas, cubra a boca com a dobra do cotovelo ao espirrar ou tossir. Também é possível usar lenços, que devem ser descartados prontamente depois do uso - dobre-os com a parte usada para dentro, a fim de evitar que o vírus se espalhe.
Se você tiver febre, tosse e dificuldade em respirar, ligue para o posto de saúde
Se você está se sentindo mal, fique em casa. Caso tenha sintomas como febre, tosse e dificuldade em respirar, ligue para o posto de saúde mais próximo. A partir da ligação, os agentes de saúde indicarão o que você deve fazer: se deve ficar em casa, se encaminharão um profissional, ou se você pode ir a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Quais os sintomas do novo coronavírus?
Os sinais do novo coronavírus se assemelham ao de uma gripe comum:
- Febre
- Tosse seca
- Cansaço
- Dificuldade para respirar em alguns casos
- Pode haver dores no corpo
- Congestão nasal
- Coriza
- Dor de garganta
- Há casos de diarreia
- Pode haver infecção do trato respiratório inferior, como nas pneumonias.
Há pessoas que não desenvolvem nenhum sintoma.
Período médio de incubação: cinco dias, com intervalos que chegam a 12 dias - período em que os primeiros sintomas levam para aparecer desde a infecção.
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