Assédio no Carnaval: foliãs se sentem seguras em Fortaleza, mas estão sempre em alerta

Andar em grupo é uma das principais estratégias usadas pelas fortalezenses

Andar em grupo é uma das principais estratégias usadas por mulheres ouvidas pelo O POVO neste fim de semana do Carnaval 2024, em Fortaleza.

Apesar de se sentirem seguras até o momento e de não terem vivenciado ou presenciado casos de assédio, elas contam que estão sempre em alerta. Um sinal que fica entre amarelo e vermelho.

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Seja em frente ao Mercado dos Pinhões, no bairro Centro, ou na Praça da Gentilândia, no bairro Benfica, era possível encontrar vários grupos entre cinco e seis mulheres reunidas em roda.

A presença de homens nesses espaços era mais restrita com, no máximo, dois. 

No sábado, 10, Luiza Mota de Lima, de 35 anos, não havia percebido casos de assédio a sua volta. A nutricionista estava acompanha de duas amigas e um amigo.

Ela participou de quase todos os pré-carnavais da capital cearense e, no primeiro dia de Carnaval nos Pinhões, disse não ter presenciado uma situação em que se sentisse incomodada, seja com ela ou com outra mulher. 

"Eu acredito que existe isso de, talvez, os homens estarem aprendendo a se comportar nos ambientes. Mas, também, temos muito uma espécie de alerta. Afinal, a gente às vezes prevê uma possível situação e tenta evitar". Uma das estratégias que usa é justamente se antecipar para que não enfrente casos do tipo. 

"Mas acho que também deve existir uma parte dessa questão da consciência, pois se tornou um tema abordado". No palco, o apresentador do evento, em dados momentos da festa, repetia o mantra: "não é não".

Já Elen Barbosa, 24, é estudante de psicologia e busca outras formas de se proteger. Ela acredita que estar em grupo e acompanhada do esposo amenizam as chances de ser assediada, mas não impedem  que aconteça.

"Eu não viria se fosse sozinha. Acho que esse é ponto". A graduanda foi para um pré-carnaval e um dia de Carnaval e não se sentiu assediada. 

Enquanto isso, no segundo dia de folia, a advogada Jessiane Oliveira, 43, pontou que "ainda" não foi vítima de assédio, mas que "é uma situação muito corriqueira, infelizmente".

"A gente sabe que isso é uma coisa que acontece ainda. Os homens ainda se sentem na liberdade de tirar essas brincadeiras, que não são brincadeiras", explica.

Apesar disso, ela acredita que "as campanhas de conscientização estão sendo importantes para as pessoas entenderem os limites das outras". E segue: "mas, seguras, a gente nunca se sente só por ser mulher".

Questionada se participaria de uma festa carnavalesca sozinha, sem a companhia das amigas ou mesmo de amigos, ela respondeu que sim.

"Eu viria e não tenho costume de andar com grupos muito grandes. Hoje, é porque é uma situação especial. Viria, porque sou uma mulher corajosa mesmo, mas dizer que me sinto segura... E não só no Carnaval, em qualquer atividade corriqueira em que eu, como mulher, esteja me sentindo vulnerável, eu não me sinto segura", finalizou.

Juntas há 16 anos, a também advogada Denise Falcão, 40, e a web designer Niobe Raposo, 50, relatam que, comparado a anos anteriores, neste o clima está "tranquilo" em relação ao assunto.

Ainda na Gentil, a estudante de psicologia Íria Nascimento, 22, estava acompanha de outras duas amigas de curso e contou: "A gente ainda não passou por nenhum tipo de assédio, mas o medo sempre tem".

A colega Maria Eduarda Bandeira, 22, por sua vez, disse que foi alerta por uma amiga de uma possível situação. "A gente está em grupo e isso é importante também. Eu estava ali e minha amiga me contou que tinha um cara se aproximando mais. Então, ela me alertou. Se eu estivesse sozinha, eu estaria muito mais insegura"..

"Hoje não aconteceu nada, mas fica aquela coisinha. A gente sempre fica olhando para os lados para ter certeza que não tem ninguém incomodando", finalizou a amiga Luiza Freitas, 20.

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