Morre Leonardo Fróes, poeta vencedor do Prêmio Jabuti

Morre Leonardo Fróes, poeta vencedor do Prêmio Jabuti

Autor de "Argumentos Invisíveis" e voz ligada à ecologia, Leonardo Fróes construiu legado vasto na poesia, no jornalismo e na tradução literária

A literatura brasileira perdeu nesta sexta-feira, 21, um de seus nomes mais singulares: o poeta, tradutor e jornalista Leonardo Fróes, morto aos 84 anos.

A informação foi confirmada pela Editora 34, responsável por parte importante de sua obra. Até o momento, a causa da morte não foi divulgada.

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Reconhecido por uma escrita profundamente ligada à natureza e às reflexões sobre a condição humana, Fróes construiu uma trajetória multifacetada.

Nascido em Itaperuna, no Rio de Janeiro, ele atuou como poeta, jornalista, editor, enciclopedista e tradutor, papel em que levou para o Português obras de diversos autores, como Virginia Woolf, George Eliot, Shelley, Goethe, Jonathan Swift, William Faulkner e La Fontaine.

A editora, que publicou em 2021 sua antologia “Poesia Reunida (1968-2021)”, destacou em nota a vida dedicada ao campo e ao meio ambiente.

Relembre a trajetória de Leonardo Fróes:

Desde o início dos anos 1970, Fróes morava em Secretário, na região serrana fluminense, onde cultivava um sítio de 50 mil metros quadrados e se dedicava ao reflorestamento.

Essa convivência íntima com a terra guiou grande parte de sua poesia. “Desta vida simples em harmonia com a natureza, Fróes criou uma obra poética celebrada por sucessivas gerações”, afirmou a editora.

Entre seus livros mais conhecidos estão “Sibilitz” (1981), “Um outro, Varella” (1990), “Chinês com sono” (2005) e “Natureza: a arte de plantar” (2021). A obra “Argumentos Invisíveis” (1995) rendeu ao autor o Prêmio Jabuti de Poesia no ano seguinte.

Outras premiações vieram pelos trabalhos de tradução: o Prêmio Paulo Rónai da Biblioteca Nacional, em 1998; o prêmio da Academia Brasileira de Letras, em 2008; e o prêmio da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, em 2016.

Como jornalista, Fróes escreveu para o Jornal do Brasil, O Globo e para a Encyclopaedia Britannica, atuando principalmente como crítico literário.

Entre 1971 e 1983, assinou a coluna “Natureza” no Jornal do Brasil, reproduzida no Jornal da Tarde, tornando-se uma das primeiras vozes a difundir a consciência ecológica no País.

Em uma de suas falas na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) de 2016, o poeta refletiu sobre o sentido de sua escrita: “Mesmo quando meus poemas são descritivos, há sempre um substrato de pensamento filosófico. Estou considerando a condição humana e de todas as espécies vivas”.

Fróes também costumava repetir que “a vida é muito maior do que a vida humana”, visão que atravessa sua obra e seu modo de viver.

Ele passou parte da juventude em Nova York e na Europa antes de retornar ao Brasil nos anos 1970. Foi montanhista, naturalista amador e tradutor de textos científicos, como "Tukaní", de Helmut Sick, e "Naturalista", de E.O. Wilson.

Sua produção literária permanece como um dos grandes testemunhos da relação entre poesia, natureza e reflexão existencial, um legado que segue vivo entre leitores, tradutores e estudiosos da palavra.

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