Caso Eloá na Netflix: saiba o que está e não está no documentário

Caso Eloá na Netflix: saiba o que está e não está no documentário

Caso de repercussão nacional ganhou um documentário na Netflix. Produção busca focar na vítima e não dá voz ao sequestrador, abordando o crime como um feminicídio
Atualizado às Autor Joyce Rodrigues Tipo Notícia

Com o lançamento do documentário “Caso Eloá: Refém ao Vivo”, a Netflix revisitou o cárcere e assassinato de Eloá Pimentel ocorrido em outubro de 2008.

A obra, além de retratar como o crime aconteceu, apresenta registros do diário de Eloá e depoimentos inéditos da família da vítima e de jornalistas e autoridades que acompanharam o caso.

Caso Eloá: o que está no documentário da Netflix?

A produção lançada pela Netflix ficou dois anos em desenvolvimento e não possui fatos ficcionais. Na obra, o espectador pode acompanhar a reconstituição dos fatos, com um olhar sobre como se deu a interferência midiática e policial no caso.

São exibidos depoimentos inéditos dos pais de Eloá, do irmão, Douglas, e da amiga Grazieli Oliveira, com os dois últimos falando pela primeira vez sobre o ocorrido. Além disso, o conteúdo traz entrevistas com jornalistas e autoridades que trabalharam no caso.

A obra apresenta ainda trechos do diário de Eloá que ajudam a entender como a adolescente era, seus medos, pedidos de ajuda a Deus e planos futuros, incluindo um casamento com Lindemberg.

A proposta do documentário é focar na vítima, sem dar espaço de fala para o sequestrador. Cris Ghattas e Veronica Stumpf, que estão à frente do projeto, trazem à tona que o crime que ocorreu foi um feminicídio, algo que ainda era pouco discutido no momento que tudo aconteceu.

Nayara Rodrigues não aparece no documentário

Uma das ausências na produção é a de Nayara Rodrigues, amiga de Eloá que também foi feita refém por Lindemberg. Questionada sobre isso, a diretora Cris Ghattas explicou que Nayara foi convidada a participar, mas recusou.

"Acredito que ela ainda carrega essa ferida. Este assunto continua sendo muito delicado para ela, e nós respeitamos isso", acrescentou.

Desde o crime, Nayara tem se mantido afastada dos holofotes, sem conceder entrevistas. A última aparição dela na mídia foi em 2018, quando o Tribunal de Justiça de São Paulo reconheceu que a intervenção policial contribuiu diretamente para que Nayara retornasse ao apartamento do sequestrador e fosse ferida.

A garota havia sido liberada após dois dias de cárcere, mas foi instruída pela Polícia a retornar ao cativeiro para ajudar nas negociações. O Estado foi condenado a pagar R$ 150 mil em indenização por danos morais, materiais e estéticos.

Sônia Abrão também não é mostrada

Outra figura central do caso que não aparece no documentário é a jornalista Sônia Abrão, que à época apresentava o programa "A Tarde é Sua" e conseguiu o telefone da casa de Eloá e falou ao vivo com Lindemberg e a menina por ligação.

Segundo Veronica Stumpf, produtora do documentário, "a jornalista Sônia Abrão não quis de jeito nenhum porque os advogados dela recomendam que ela não fale sobre o assunto".

Já Luiz Guerra, repórter responsável por intermediar a conversa na época, aparece na produção da Netflix e afirma que qualquer jornalista gostaria de estar no lugar dele naquele momento.

Especialistas em segurança e comunicação questionam a produção do programa agiu corretamente não só dando espaço de fala para o sequestrador como ocupando a linha telefônica, interferindo diretamente no desfecho da negociação.

Em 2023, Sônia Abrão, conversou com a revista Quem sobre o assunto e declarou que foi um momento bastante tenso e emocionante de sua carreira e que “faria tudo de novo".

Caso Eloá: o que aconteceu?

Em 13 de outubro de 2008, Lindemberg Alves, de 22 anos, invadiu o apartamento de sua ex-namorada, Eloá Pimentel, de 15 anos. Na ocasião, a menina estava acompanhada de três colegas e faziam trabalhos escolares.

Em pouco tempo, dois dos jovens foram liberados e no apartamento restaram apenas Eloá e Nayara Rodrigues.

As duas amigas foram mantidas como reféns por quase cinco dias no apartamento localizado em Santo André, São Paulo.

No dia 18 de novembro, Eloá foi baleada pelo sequestrador após a polícia tentar entrar no apartamento para resgatá-la. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos e teve morte cerebral.

As repercussões e consequências do crime

O crime ganhou repercussão nacional ao ser transmitido ao vivo por emissoras de TV. A imprensa chegou a montar um acampamento em frente à moradia, expondo o passo a passo das negociações entre Lindemberg e a polícia.

Nayara Rodrigues também foi atingida com um tiro no rosto, mas sobreviveu, precisando passar por cirurgias de reconstrução da face.

Lindemberg foi preso em flagrante e depois condenado com pena inicial de 98 anos e 10 meses. Em 2013, porém, a sentença foi reduzida para 39 anos e três meses e posteriormente passou por novas diminuições por recursos como tempo de trabalho na prisão e outras atividades.

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