Psol: Zuleide assume na Assembleia; Leo Suricate encerra mandato

Psol: Zuleide assume vaga na Assembleia; Leo Suricate encerra mandato e não descarta candidatura

Professora Zuleide assumiu mandato, por 30 dias, após saída de Leo Suricate, que ficou 90 dias na função; ambos são suplentes do deputado estadual licenciado Renato Roseno (Psol)
Atualizado às Autor Mariana Lopes Tipo Notícia

A Professora Zuleide Queiroz (Psol) assumiu, nesta quinta-feira, 6, o cargo de deputada estadual na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). Ela ficará no cargo durante 30 dias, período em que se encerrará a licença tirada pelo deputado Renato Roseno (Psol).

Zuleide assume após 90 dias de atuação do deputado Léo Suricate (Psol), primeiro suplente de Roseno e que atuou por três meses na Casa. O objetivo da nova deputada é ressaltar a agenda racial no debate legislativo, apoiada em experiências com o movimento negro cearense e brasileiro.

“Estar na Alece significa enegrecer aquele espaço. Serei a primeira parlamentar da Casa com um mandato focado na questão racial. A população tem o direito de ver uma mulher negra representando essa pauta. Não é apenas sobre mim, é sobre abrir caminhos, ocupar espaços de poder”, enfatiza.

Entre as propostas que serão apresentadas pela parlamentar estão “uma educação antirracista, a ampliação das cotas raciais, o acesso de pessoas negras, indígenas, trans, quilombolas e ribeirinhas ao ensino superior", dentre outras demandas do segmento.

Nas eleições de 2022, Zuleide recebeu 20.112 votos, sendo 5.130 apenas no Crato, cidade onde atuou como Secretária dos Direitos Humanos e professora na da Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte (FMJ).

Leo Suricate faz balanço e projeta futuro

O deputado Leo Suricate esteve no O POVO, na última quarta-feira, 5, e fez um balanço da passagem pelo Legislativo. Ele também afirmou que, no momento, não pensa em candidatura para algum cargo em 2026, mas aponta que “se tiver a existência um projeto claro para a sociedade”, a possibilidade pode ser considerada.

Segundo ele: “Se for uma questão de grupo político, de discutir com coesão e ter um projeto para a sociedade, porque eu acho que o que falta é projeto, a gente pode, sim, pensar nessa possibilidade (de candidatura). Mas a título de hoje, o que vamos fazer é avaliar, ver o que foi bom, ver o que foi ruim e pensar qual o próximo passo”, disse.

Sobre o período de mandato, Leo disse que procurou utilizar o mandato para dar visibilidade a temas ligados às periferias e considera como legado a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Internet Livre, que inclui o acesso universal e igualitário à internet como um princípio fundamental da Constituição do Ceará.

Outro destaque do mandato é o projeto de indicação que propõe a criação da Política Estadual Zona Viva de Cultura e Tecnologia (ZVCT). “O nosso texto passou sem muita alteração, está na mesa do governador e estamos esperando esse ato simbólico. A gente quer levar essa política para diversos territórios, especialmente os conjuntos habitacionais”, disse.

Na arena política, Suricate foi um dos protagonistas de duas discussões no plenário da Casa. Ele relembrou os casos e criticou articulações políticas contraditórias no Ceará, mencionando a filiação do ex-ministro Ciro Gomes ao PSDB, que juntou líderes de oposição do PL, União Brasil e uma ala de deputados que ainda estão no PDT.

“Não esperava que ia pegar fogo daquele jeito, primeiro porque fazia tempo que não tinha uma grande discussão, também porque o que eu estava dizendo era óbvio, estava apontando as contradições dessa relação do Ciro com o André Fernandes, desse namoro do PSDB com PL”, relembrou Léo.

No mês passado, Suricate fez críticas a pré-candidatos ao Senado pelo Ceará, dentre eles o também deputado estadual Alcides Fernandes (PL) e o deputado federal Jr. Mano (PSB). Instantes depois, uma confusão se instaurou no Plenário 13 de Maio, envolvendo deputados da base e da oposição.

Já no início de outubro, Léo e Alcides, pai do deputado federal André Fernandes (PL), tiveram embate em sessão que aprovou a PEC da Internet Livre.

Na tribuna, Léo lamentou pelos que foram contra a PEC e se dirigiu a Alcides: “Eu conheci o filho dele, o André Fernandes, gravando vídeo para a internet, indo lá para a minha casa, gravar vídeo comigo. Foi na internet que André Fernandes ficou famoso, falando inclusive mal do Ciro Gomes (PDT) que hoje está agarrado com ele”, ressaltou.

Alcides retrucou que todos "podem mudar", mas afirmou que Léo é ainda o “mesmo suricate seboso”, em referência à página nas redes sociais administrada pelo então colega de Legislativo.

Trajetória de Zuleide

Nascida em Fortaleza, mas com raízes no Cariri e atuação política nas questões raciais e sociais, a Professora Zuleide Queiroz envolve a docência e a pesquisa no seu ativismo, que busca promover uma educação libertadora das desigualdades de raça, gênero e classe.

“Até recentemente, atuou como docente da Universidade Regional do Cariri (URCA) e da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte (FMJ), nos programas de pós-graduação em Educação e Ensino de História. Desenvolve pesquisas sobre gênero, raça, saúde e educação, com foco na experiência das mulheres negras, e integra grupos como o GRUNEC, Movimento Negro Unificado e a Frente de Mulheres do Cariri”, ressalta parte da biografia divulgada pela equipe da parlamentar.

A carreira política começou no movimento estudantil da universidade, o que a levou para o Partido Socialismo e Liberdade. Em 2018, foi candidata à deputada federal e em 2020, à prefeitura do Crato. Ela se candidatou para ser deputada estadual em 2022 e vereadora em 2024. Até outubro de 2025, antes da sua posse na Alece, era Secretária dos Direitos Humanos do Crato.

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