Almir Garnier no julgamento no STF: saiba quem é e de quais crimes é acusado
Ex-comandante da Marinha e aliado próximo de Jair Bolsonaro, Almir Garnier é apontado pela PGR como único chefe militar a apoiar a trama golpista
O almirante de esquadra Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, figura entre os réus no processo que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) o acusa de compactuar com Jair Bolsonaro e de ser o único chefe das Forças Armadas a se alinhar ao ex-presidente no suposto plano de ruptura institucional.
Quem é Almir Garnier
Aos 64 anos, Almir Garnier Santos foi o responsável por comandar a Marinha durante o governo Bolsonaro.
Considerado o mais próximo do ex-presidente entre os chefes militares, foi citado na delação de Mauro Cid como tendo se colocado à disposição para apoiar medidas golpistas.
Além disso, Garnier assinou nota em defesa dos acampamentos montados em frente a quartéis após a derrota de Bolsonaro nas urnas.
Depoimentos de outros comandantes — como Freire Gomes, do Exército, e Baptista Junior, da Aeronáutica — indicam que ele teria sido o único a demonstrar disposição para sustentar a intentona golpista.
Almir Garnier e as acusações da PGR
De acordo com a denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Garnier responde por crimes como:
- organização criminosa armada;
- tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- tentativa de golpe de Estado;
- dano qualificado contra o patrimônio da União;
- e deterioração de patrimônio tombado.
A Procuradoria sustenta que ele colocou tropas à disposição de Bolsonaro e teria participado de ações simbólicas, como a Operação Formosa, em que tanques desfilaram em Brasília, interpretada como demonstração de força do governo diante das instituições democráticas.
A defesa de Garnier
Em documento de 86 páginas enviado ao STF, a defesa do almirante pediu a absolvição e contestou a denúncia.
Os advogados alegam haver fragilidade nas provas, ausência de nexo causal entre suas ações e os atos de 8 de janeiro e que a acusação apresenta interpretações distorcidas dos fatos.
Os defensores também pediram a anulação da delação premiada de Mauro Cid e invocaram o princípio da consunção, pelo qual um crime menor pode ser absorvido por outro mais amplo.
Segundo eles, a reunião entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas não teve resultado prático, conforme já havia dito o general Freire Gomes em depoimento.
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Demóstenes Torres: advogado de Almir Garnier
O ex-senador Demóstenes Torres defende o almirante Almir Garnier desde o início das investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Já foi Secretário de Segurança Pública e Promotor da República, mas teve seu mandato cassado em 2012.
Atualmente comanda um escritório de advocacia em Brasília e é lembrado pelo site da Câmara como “um dos principais personagens do escândalo envolvendo ligações do bicheiro Carlos Cachoeira com agentes públicos e privados”.
Trajetória do processo
O envio das alegações finais marca a última fase antes do julgamento pela 1ª Turma do STF. O relator, ministro Alexandre de Moraes, deverá concluir seu relatório e voto antes de levar o caso a apreciação.
Se condenado, Garnier pode se tornar o primeiro ex-comandante das Forças Armadas responsabilizado por envolvimento em um plano golpista.