Luizianne volta a criticar aumento de filiações no PT: "É como se tivéssemos aniquilado a disputa"
Deputada participou do PED neste domingo, 6, explicou porque não houve acordo para a unidade de candidaturas e fez críticas a uma avalanche de "filiações artificiais", alertando que seu grupo corre o risco de ser "varrido do PT" em decorrência da prática
A deputada federal Luizianne Lins (PT) participou do Processo Eleitoral Direto (PED) do partido, neste domingo, 6, em Fortaleza e conversou com O POVO sobre a disputa interna no PT e sobre as tentativas de acordo para fechar unidade de chapas neste domingo, que não se concretizaram. A parlamentar apoia candidaturas tanto no plano estadual, quanto no municipal.
Luizianne comentou uma conversa recente que teve com o deputado federal José Guimarães (PT), sobre o processo interno de escolha de candidatura no partido para as eleições de 2024. Na época, ela colocou o nome à disposição, mas a maioria escolheu Evandro Leitão (PT) para representar o partido nas urnas.
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"A gente conversou assim, uma coisa é estar disputando com petistas, você tinha uma dinâmica pró-PT independentemente de qualquer coisa. O que a gente viu (ano passado) foi uma avalanche de filiações artificiais, que totalizaram quase 16 mil filiações em quatro meses", relata.
"Os oito anos que estivemos no poder (em Fortaleza) foram equivalentes a filiações que fizeram em quatro meses. Conversei com ele sobre isso, como está essa disputa até então e como será daqui para frente. Saiu que íamos conversar mais, e também falamos sobre o motivo de não ser feito um acordo para o PED agora", diz.
Segundo Luizianne, a proposta para retirar as candidaturas das vereadoras Professora Adriana (Estadual) e Mari Lacerda (Municipal), era que "das 76 vagas no diretório estadual, ofereceram quatro vagas para o Campo de Esquerda", corrente ligada a parlamentar.
"Acordo pressupõe-se que é bom para os dois lados. Não aceitaríamos só para fazer um gesto para o poder posto. A única questão, para nós, era como dialogar com a sociedade sobre o processo que passa hoje o PT, não é razoável. Essas 16 mil pessoas que foram filiadas, de outubro até fevereiro, elas definem o processo. É como se a gente tivesse aniquilado a possibilidade de disputa interna do ponto de vista prático. Então melhor que a gente dialogue, discurse com a sociedade, explique, porque talvez seja o ultimo PED que a gente disputa de verdade", disse em tom de alerta.
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A parlamentar reconheceu que o PED deste domingo vai mostrar a correlação de forças que está estabelecida dentro do partido. "Corremos o risco de ser varridos do PT, porque a composição da Executiva, a composição do diretório, são baseadas na proporcionalidade da votação", alerta.
"Se tem 16 mil novos filiados, em quatro meses, se eles estiverem mobilizados, eles definem a eleição. Eles não se filiaram porque acharam o PT legal de uma hora para outra. Houve um processo, vimos um monte de gente. Ano passado, quando disputei com Evandro, vimos isso acontecendo em toda a cidade de Fortaleza. Um processo de ruptura dos nossos valores partidários", indica.
Por isso, a parlamentar defendeu que é necessário que seu grupo reafirme posição dentro do partido, defendendo a sigla como ferramenta de luta da classe trabalhadora.
Apoio a Guimarães
Também neste domingo, 6, Guimarães comentou a retomada de diálogos com Luizianne e manifestou interesse em contar com o apoio da correligionária na disputa pelo Senado, em 2026.
O deputado se colocou como pré-candidato ao Senado, enquanto Luizianne já teve o nome ventilado, por apoiadores, para o mesmo posto. Outras lideranças do PT, como o governador Elmano de Freitas e o ministro Camilo Santana serão ouvidos sobre a formação da chapa majoritária para o ano que vem.
Sobre o tema, Luizianne declarou ao O POVO que a questão ainda não está fechada, mas não descartou as possibilidades: "Cada dia com sua decisão. Isso é um processo para ser discutido depois, agora a gente só vai discutir PED.
"Eu não tomo decisões individualmente, tem um grupo, um campo. Fazemos as coisas com calma. Inclusive, até o último momento a gente tinha a possibilidade de fazer acordo (para o PED), mas com a gente podendo dizer o que pensa. Ou não pode mais? Acabou o direito dos filiados do PT dizerem o que pensam? No mínimo, não é razoável isso", pontuou.
Luizianne, que havia chegado de Juazeiro do Norte, declarou que aguardaria a definição do PED para se manifestar sobre outros pontos e reforçou o papel das aliadas no PED deste domingo.
"Vamos ver como saímos desse processo todo, mas as duas vereadoras cumpriram um papel muito importante para o PT. Falei hoje cedo com elas, que a história vai mostrar como foi importante essa posição, porque pelo menos dialogamos com a sociedade, para entender o que está acontecendo", reforça a deputada.
"Faço uma aposta, de quem tenha tido uma trajetória partidária como a minha do ponto de vista dos cargos que ocupei (...) É duro acreditar numa construção coletiva e ver o partido ser tratado dessa forma. Ainda estou tentando recuperar minha saúde mental, por conta de tudo que aconteceu. Ninguém quer o PT como um partido qualquer, que hoje em dia existem os donos de partido (...) Nos resta lutar até o último momento, articulando não para que isso não venha a acontecer, e é isso que estamos fazendo."
Com informações da repórter Thays Maria Salles
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