Kamala x Trump: saiba como funciona a disputa eleitoral nos Estados Unidos
Entenda sobre o modelo de votação indireta dos Estados Unidos e a demora na contagem dos votos. A eleição presidencial estadunidense ocorre na próxima terça, 5
Da mesma forma que no Brasil, a lei dos Estados Unidos determina uma eleição presidencial a cada quatro anos. E a semelhança das eleições presidenciais entre os dois países param por aí, uma vez que nos EUA o sistema eleitoral se difere no voto não obrigatório, uso de cédulas de papel na votação, escolha de delegados e uma contagem dos votos que leva dias.
No Brasil, qualquer cidadão com mais de 16 anos é capaz de votar. O voto é obrigatório às pessoas de 18 a 70 anos. Ao contrário das eleições brasileiras, o voto nos Estados Unidos é indireto e não obrigatório.
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Lá os cidadãos a partir dos 18 anos podem se cadastrar nos próprios estados para exercer o direito de votar. A votação popular serve para orientar os delegados - um grupo de representantes estaduais que escolhe quem vencerá a disputa presidencial, baseado no voto da população de cada estado.
O candidato que vencer em um estado consegue todos os delegados daquela região, independentemente das diferenças das votações. O Colégio Eleitoral dos Estados Unidos - grupo de representantes estaduais - é constituído por 538 delegados.
O número de delegados varia em relação ao número de habitantes de cada estado e a soma de parlamentares no Senado e na Câmara. Desse modo, o candidato à presidência precisa obter o voto de, ao menos, 270 delegados para vencer a eleição. Normalmente, os delegados votam de acordo com a escolha popular.
Embora já tenha ocorrido casos em que “delegados infiéis” selecionaram um candidato diferente do voto popular, essa prática é incomum e não modificou nenhum resultado eleitoral até hoje.
Isso significa que a população vai às urnas, mas o resultado da votação apenas indica como o Colégio Eleitoral deve eleger a pessoa candidata à presidência. Nesse sentido, o sistema de votação estadunidense determina que os eleitores não podem eleger seus candidatos diretamente. Por isso, o voto é indireto nos Estados Unidos.
A reunião do Colégio Eleitoral ocorre semanas depois das votações e então o novo presidente é oficialmente eleito e anunciado. Não existe segundo turno de eleições presidenciais no País. É esperado que o candidato que não foi eleito aceite a derrota.
Na última eleição presidencial, Donald Trump (Republicano) não admitiu seu fracasso na disputa de 2020.
A votação nos EUA é em cédulas de papel ou urnas eletrônicas?
Não há centralidade no sistema eleitoral estadunidense: cada um dos 50 estados determina o próprio conjunto de regras que define o modelo de votação e apuração.
Diferentemente do Brasil, não há nos Estados Unidos um órgão central - como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - que regule o processo de votação em todo o País de forma unificada. Alguns estados usam sistemas de votação eletrônicos, enquanto outros possuem a tecnologia para a apuração de votos.
Quase 70% dos eleitores norte-americanos devem votar por meio de cédulas de papel nas eleições presidenciais deste ano, de acordo com a ONG Verified Voting. A porcentagem restante irá utilizar urnas eletrônicas ou máquinas que marcam as cédulas impressas.
Um exemplo disso ocorre no estado da Geórgia, onde os eleitores usam um equipamento com tela sensível ao toque, que imprime as cédulas com QR code - para serem escaneadas na contagem dos votos - que ao fim são depositadas em uma urna. Além disso, os fiscais realizam uma recontagem manual dos papéis para checagem dos dados.
Por que a contagem de votos dura dias?
Com a ausência de um órgão nacional centralizador como o TSE brasileiro, o País demora dias para a apuração dos votos, visto que cada estado estadunidense possui autonomia para definir o modelo de votação.
Além do uso das cédulas de papel, outro fator que adia o processo de contagem é o voto por correio, que leva dias para chegar aos locais de apuração. Por isso, os eleitores podem votar antecipadamente, semanas antes da data marcada para o pleito eleitoral.
Em alguns estados, as pessoas começaram a enviar a votação em setembro deste ano. No ano de 2020, devido à pandemia, a contagem de votos atrasou porque muitos eleitores optaram pelo voto via correio.
O limite de tempo para que as cédulas cheguem aos locais de apuração dos votos pode variar de acordo com o estado.
Uma vez que cada estado divulga os resultados separadamente, a imprensa norte-americana reúne esses dados para que a população possa conferir a contagem da votação em tempo real.
O dia de votação
A eleição nos Estados Unidos ocorre sempre na primeira terça-feira do mês de novembro, devido à legislação de 1845. Naquele período, a lei que estabelecia a data de votação foi aprovada em função do dia coincidir com a etapa de pós-colheita e porque não faz muito frio nessa época do ano.
Vale ressaltar que os Estados Unidos eram um país agrícola e as pessoas viajavam longas distâncias para votar.
A população daquele tempo destinava o fim de semana para as atividades religiosas e a quarta, nas zonas rurais, serviam para as compras no mercado. Assim, os eleitores poderiam viajar na segunda e voltar para casa na quarta a tempo de ir ao mercado.
Como funciona o financiamento de campanha?
A legislação estadunidense permite aos candidatos à presidência optarem por escolher entre o financiamento público ou privado. Os políticos só podem escolher uma das duas opções, mas a maioria dos candidatos prefere usar os recursos privados adquiridos por meio das doações de apoiadores.
Aqueles que optam pelo recurso público não podem receber doações de eleitores, bem como os que escolhem captar recursos privados não devem usar fundos do governo.
Os candidatos presidenciáveis deste ano que quisessem utilizar recurso público teriam direito a quantia de até US$ 123,5 milhões (R$ 688 milhões).
Segundo a revista Forbes, os candidatos Kamala Harris (Democrata) e Donald Trump (Republicanos) haviam arrecadado US$ 678,2 milhões e US$ 309,2 milhões, respectivamente.
A imprensa norte-americana informou que Kamala ultrapassou US$ 1 bilhão de valor captado na campanha presidencial em outubro. A captação de financiamento privado pode ser arrecadada por meio de eleitores, sindicatos e por comitês compostos por empresas.
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