Professores da rede municipal de Fortaleza paralisam atividades por três dias

Professores da rede municipal de Fortaleza paralisam atividades por três dias

Categoria é contra a reforma administrativa e o ajuste fiscal. Prefeitura lamenta a decisão, que alcança 235 mil alunos, e afirma que manterá escolas abertas
Atualizado às Autor Kaio Pimentel Tipo Notícia

Professores municipais de Fortaleza decidiram suspender as atividades até sexta-feira, 10. Paralisação, que começou na terça-feira, 7, deve impactar cerca de 235 mil alunos.

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A iniciativa da categoria é uma reação contra a reforma administrativa em tramitação no Congresso Nacional. Professores também temem ajuste fiscal que pode gerar cortes aos reajustes anuais dos servidores e danos aos planos de cargos e carreiras.

Em entrevista ao O POVO, a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará (Sindiute), Ana Cristina, não descartou possibilidade de greve geral nacional, em caso de aprovação da reforma.

"Quem determina essa paralisação é o Congresso Nacional", alfineta Sindiute

Segundo a presidente do Sindiute, a paralisação é uma forma de pressão máxima para diálogo. Nesse sentindo, garantiu que houve audiência da categoria com a Prefeitura para reduzir impactos dessa reforma.

"Essa ameaça ataca o povo brasileiro na questão dos usuários do serviço público e destrói os direitos da carreira, redução salarial, retira concurso dos servidores públicos", elencou. 

De acordo com Ana Cristina, direitos, como licença-prêmio, podem ser penalizados com a reforma.

"A dinâmica do Congresso atormenta o País, porque todo dia é uma bomba, um ataque a alguém. É tudo inesperado e que não tem como um trabalhador estar concentrado nas suas atividades laborais numa conjuntura de não confiar no Congresso, que deveria ser a casa do povo [...] Quem determina essa paralisação é o Congresso Nacional", definiu.

Em mais uma ação da causa, servidores (federais, estaduais e municipais) planejam marcha da Praça da Imprensa Chanceler Edson Queiroz, em direção à Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece), no bairro Dionísio Torres, na Capital, a partir das 8 horas desta quinta-feira, 9.

O que diz a Prefeitura

Em nota enviada ao O POVO, a Secretaria Municipal de Educação (SME) lamentou a decisão do Sindicato. Afirmou que as escolas fortalezenses seguirão abertas nos três dias programados para a paralisação, cumprindo determinação da SME.

"Nenhuma categoria foi tão contemplada pela nova gestão da Prefeitura de Fortaleza quanto o magistério, mesmo em meio a um cenário econômico delicado no orçamento recebido da gestão anterior", garantiu.

Para justificar a fala, destacou:

  • Reajuste do piso do magistério de 6,27% retroativo a data-base de 1º de janeiro;
  • Pagamento de R$ 23,64 milhões em pecúnia aos servidores, o triplo do ano passado;
  • Investimento de R$ 38 milhões para 750 vagas de convênio para pós-graduação nas universidades;
  • Progressão por tempo de serviço ampliada para 7.434 beneficiados, com aumento de 2% de aumento do salário;
  • Expansão da alimentação escolar para professores e demais integrantes da comunidade escolar;
  • Investimento de R$ 29,67 milhões por ano com aumento da progressão por qualificação para 6.590 beneficiados;
  • Novo decreto sobre o estágio probatório, encerrando a avaliação para 97% dos professores.

Ainda segundo a nota, a Secretaria diz seguir aberta para o diálogo permanente com a categoria, inclusive sobre a reforma administrativa.

Em artigo de opinião publicado no O POVO desta quarta-feira, 8, o secretário municipal da Educação, Idilvan Alencar (PDT), escreveu que a reforma promove subserviência, mascarando institucionalização da perseguição política no serviço público em discurso de eficiência e meritocracia.

"Permitir tal retrocesso é submeter o serviço público aos interesses transitórios da política. É preciso firmeza e pressão social para que o Congresso Nacional reavalie e rejeite esse ataque aos servidores e ao próprio Estado Democrático de Direito", criticou Idilvan.

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