Chacina do Curió: "Reviver aquele momento foi muito devastador", diz mãe de vítima

Familiares aguardam fim da votação dos júri popular e leitura da sentença neste sábado, 24

Membros do movimento Mães do Curió falaram à imprensa nesta tarde de sábado, 24, sobre os sentimentos despertados durante o primeiro julgamento do caso, que ocorre desde terça-feira, 20.

Os familiares das vítimas precisaram rever vídeos e ouvir áudios do dia em que 11 pessoas foram assassinadas, em novembro de 2015. Os arquivos foram utilizados pelos promotores do Ministério Público do Ceará (MPCE) durante o debate entre acusação e defesa.

Chacina do Curió: mães de vítimas fazem ato enquanto aguardam fim da votação do júri

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“Naquele momento do Ministério Público mostrar aquelas imagens, reviver aquele momento pra gente foi realmente muito devastador. Não nos recuperamos daquelas imagens. Nunca a gente se recuperou”, afirmou Suderli Pereira, mãe de Jardel Lima, morto na chacina aos 17 anos.

“Estava passando um filme, como se tivesse sido ontem que eu estive na cena do crime para tentar salvar meu filho. Eu revivi tudo”, disse o pai de Jardel, Sidney Pereira. O homem chegou a passar mal devido à pressão alta durante o julgamento.

“Ninguém quer reviver a história novamente, mas acontece que foi preciso para que o júri visse as imagens e para que haja justiça”, afirmou Edna Carla Cavalcante, mãe de Álef Souza, também morto no crime.

Chacina do Curió: Mãe pede justiça e relembra que filho não teve “direito de defesa”

Aguardando o fim da votação dos jurados sobre a sentença dos quatro réus julgados desde terça-feira, 20, os familiares pedem justiça “seja ela qual for”, segundo Suderli Pereira. Os jurados estão reunidos desde 10h30min, votando de forma secreta nos quesitos propostos pelos juízes.

“Essas pessoas estão tendo o direito de defesa. Isso é uma coisa incontestável. Se esse direito tivesse sido dado aos nossos filhos naquela noite, hoje eles não estariam aqui e nossos filhos estariam vivos”, afirmou Suderli.

Silvia Helena, mãe de um sobrevivente e tia de Jardel, pede ainda que a justiça mostre como as “periferias não estão abandonadas”. “A periferia quer viver, nossos jovens querem viver. Os filhos dessas famílias não estão mais aqui presentes, mas enquanto nós estivermos com fôlego pra falar por eles, eles estarão”, disse.

Chacina do Curió: Mães pedem por “ensino mais humanitário” nas academias de polícia

Ainda na coletiva de imprensa, as mães também pediram por uma formação mais humanizada para policiais. Os réus da Chacina do Curió são mais de 30 policiais militares. No primeiro julgamento, iniciado na terça-feira, 20, o júri deve decidir a sentença de quatro soldados.

“Queremos que tenha uma seleção bem mais primorosa, que tenha um ensino mais humanitário. Porque é dessa forma que nós teremos a polícia que nós precisamos e merecemos, uma polícia que venha nos proteger e não nos exterminar”, afirmou Silvia Helena.

“Infelizmente em todo setor, seja ele qual for, tem sempre a banda podre. Isso prova que temos que tirar a banda podre. Nós precisamos de uma coisa mais humanizada, mais voltada para o ser humano, para a vida”, disse Suderli.

Com informações de Jéssika Sisnando

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