O que se sabe até agora sobre a chacina da Sapiranga

Com seis mortos e cinco feridos, as execuções na Sapiranga, que teriam sido causadas por um conflito interno no bairro, mudaram drasticamente a rotina dos moradores

Seis pessoas foram mortas durante uma celebração de Natal no Campo de futebol do Alecrim, na madrugada do sábado, 25, no bairro Sapiranga, em Fortaleza. A solicitação de uma viatura para o local aconteceu às 2h2min.

As informações iniciais eram sobre tiros e lesões de bala, mas ao chegarem no local, os policiais se depararam com cinco pessoas mortas e outras feridas. Conforme a Polícia, os autores do crime fugiram e arremessaram aparelhos celulares e pertences pessoais em cima dos telhados.

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No momento da chacina, durante os tiros, as pessoas tentavam se abrigar dentro das residências. Vídeos de antes mostram jovens, homens e mulheres, no campo se divertindo quando uma pessoa passa com uma arma longa. Os participantes da festa parecem normalizar a situação.

Na comunidade, à noite, foram utilizados muitos fogos. Quem mora nos arredores relata não ter escutado os tiros, pois os fogos se sobressaíram diante dos disparos. O conflito, conforme O POVO apurou, é interno. Haveria uma divergência sobre a facção que deveria prevalecer na área. Os fatos do Comando Vermelho (CV) exigir uma caixinha (valor em dinheiro) dos traficantes e extorquir de comerciantes, estariam sendo questionados pelos moradores.

Foto divulgada pela Secretaria da Segurança Pública em que mostra apreensão de máscaras do pintor Salvador Dali, usadas na série espanhola da Netflix
Foto divulgada pela Secretaria da Segurança Pública em que mostra apreensão de máscaras do pintor Salvador Dali, usadas na série espanhola da Netflix (Foto: SSPDS / Divulgação)

No dia seguinte à chacina, uma mulher, que havia sido ferida, morreu no hospital elevando para seis o número de mortos na chacina. A Polícia prendeu 10 pessoas suspeitas de participação no crime.

Os relatos de moradores da comunidade são de que o local se tornou um campo de guerra. Depois do crime, quem era de fora do bairro, foi impedido de entrar, incluindo motoristas de aplicativo e mototaxistas. Os criminosos também intimidaram a imprensa no local e impediram a entrada de equipes de reportagem.

A organização criminosa fez ainda uma exigência para que os moradores não ligassem para a Polícia. Apesar da forte movimentação das forças de segurança, com a presença da aeronave da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), algumas pessoas precisaram se mudar do local, deixando grande parte dos seus pertences. 

Rua paralela para onde as pessoas correram na chacina da Sapiranga
Rua paralela para onde as pessoas correram na chacina da Sapiranga (Foto: Thais Mesquita)

Suspeitos

 

Horas após a chacina, imagens dos supostos autores do crime surgiram nas redes sociais. Conforme O POVO apurou, seriam pessoas que faziam parte do Comando Vermelho, mas teriam abandonado a facção para fazer parte da massa. Nos presídios, a massa era considerada a parte dos internos que não integrava uma facção específica.

Entre os mortos, Mateus Ribeiro dos Santos; Israel da Silva Andrade, de 24 anos; André Alexandre Rodrigues, de 26 anos; John Lennon Holanda, de 25 anos, e uma quinta vítima não identificada. A sexta morte aconteceu no hospital, uma mulher que havia sido socorrida e não resistiu aos ferimentos.

O POVO apurou que o Jonh Lennon, que estava entre os mortos, era irmão de um homem conhecido como Chiquinho, morto na comunidade da Paupina no dia 22. Chiquinho e outro homem foram mortos a tiros de fuzil dentro de um condomínio. Ele era apontado, pela Polícia, como responsável pelo tráfico na área.

Marca de tiro de fuzil na entrada da residência
Marca de tiro de fuzil na entrada da residência (Foto: Via WhatsApp/ O POVO )

A Polícia Civil tem ouvido testemunhas e identificou a presença de um tornozelado no campo. A localização dele no momento da chacina era no lugar do crime e chegou a ser interrompida. Há aproximadamente cinco feridos internados nos hospitais. No entanto, o número de pessoas lesionadas pode ser maior, pois algumas das vítimas não teriam procurado atendimento médico.

Chacina na Sapiranga deixa 6 mortos na noite de Natal. Marcas de disparos de arma de fogo estavam em um dos muros do bairro
Chacina na Sapiranga deixa 6 mortos na noite de Natal. Marcas de disparos de arma de fogo estavam em um dos muros do bairro (Foto: Thais Mesquita)

Os moradores seguem apreensivos. O policiamento no local é intenso e no domingo, 26, houve tiroteio e prisões, no começo da tarde. Conforme O POVO publicou, 2021 é o ano com mais chacinas desde 2018.  

Em 2015, um suposto acordo de paz teria sido feito entre os moradores da comunidade do Alecrim, Piçarreira e Muro Alto. Na época, as comunidades da Sapiranga viviam em extrema guerra. A Sapiranga teve 10 meses seguidos sem mortes decorrentes da briga por território de tráfico de drogas. 

 

 

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