'Tremembé' retrata o caso Nardoni; reveja as notícias do O POVO

'Tremembé' retrata o caso Nardoni; reveja cobertura com as notícias do O POVO

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados em 2010 pela morte da menina Isabella Nardoni. Caso é retratado na série "Tremembé"; relembre o que aconteceu

Lançada há uma semana, “Tremembé”, nova série da Prime Video, retrata a penitenciária Dr. José Augusto Salgado, conhecida por abrigar detentos envolvidos em crimes de grande repercussão nacional.

Um dos casos retratados na trama é o de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, condenados em 2010 pelo assassinato de Isabella Nardoni, filha de Alexandre, ocorrido em 2008.

A seguir, relembre como o crime aconteceu e seus desdobramentos até hoje a partir da cobertura feita pelo O POVO:

Tremembé: relembre o crime contra Isabella Nardoni

Na noite do dia 29 de março de 2008, Isabella Nardoni, de cinco anos, foi achada morta no jardim de um edifício residencial na Zona Norte de São Paulo, após supostamente cair de uma janela do sexto andar.

Dois dias depois do caso, O POVO publicou em sua versão impressa a manchete “Criança de 5 anos morre ao cair do sexto andar” e apresentou o que já se sabia sobre o assunto, incluindo depoimentos do pai e declarações do delegado responsável.

 

 

No apartamento em que Isabella estava moravam seu pai, Alexandre Nardoni, com a esposa, madrasta da menina, Anna Carolina Jatobá, e os dois filhos do casal, de 11 meses e 3 anos.

A menina morava com a mãe, Ana Carolina de Oliveira, mas havia passado o dia com Alexandre, que visitava quinzenalmente.

Nos dias seguintes, O POVO divulgou que investigações dos peritos do Instituto Médico Legal feitas logo após o ocorrido constataram que a garota estava viva quando caiu da janela do quarto dos irmãos e faleceu após cair.

Policiais também informaram que haveria sinais de tentativa de asfixia no pescoço de Isabella. Os indícios seriam a língua e as pontas dos dedos das mãos arroxeados.

Além disso, legistas encontraram outras escoriações e ferimentos no corpo da criança, mas não conseguiram afirmar se eles foram resultado da queda ou se a menina teria sido agredida antes.

A versão inicial do pai da criança é que ele chegou de um passeio com toda a família e subiu com Isabella até o apartamento, deixando-a acomodada na cama. Em seguida desceu para buscar sua esposa que aguardava no carro com os filhos do casal.

O pai contou que, ao retornar ao apartamento, ouviu um barulho, olhou pela janela e viu a criança estendida no solo. Ainda de acordo com Alexandre, o apartamento havia sido invadido por um ladrão. Calil Filho, delegado responsável pelo caso, afirmou que não havia sinais de arrombamento da residência.

Quatro dias após o crime, em 2 de abril, Alexandre e Anna Carolina foram considerados suspeitos e tiveram a prisão temporária decretada pelo juiz Maurício Fossen, da 2ª Vara do Júri, juntamente com a decisão de sigilo do inquérito produzido sobre o caso. Porém, o habeas corpus foi concedido pouco tempo depois.

Uma das reviravoltas nas investigações foi publicada pelo O POVO em 16 de abril de 2008, 17 dias após a tragédia. Na matéria com manchete “Para a Polícia, madrasta bateu em Isabella e pai jogou a menina”, o jornal detalha a tese da polícia sobre o crime ter sido cometido por Alexandre e Anna Carolina.

Casal Nardoni: crime de repercussão nacional e na mídia

A morte de Isabella Nardoni logo ganhou repercussão nacional. No dia 20 de abril de 2008, dois dias após serem indiciados por homicídio triplamente qualificado, os suspeitos concederam entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo.

O casal declarou que a população fazia pré-julgamento sobre eles, a partir da forma como estavam sendo expostos na mídia. No dia seguinte, O POVO repercutiu a entrevista apresentando os principais pontos abordados.

 

Cinco dias depois da fala do casal, o Vida&Arte publicou uma matéria avaliando sobre um certo exagero da mídia ao noticiar as investigações e os desdobramentos que aconteciam sobre o caso.

“A cobertura, principalmente a televisiva, passou a se debruçar com afinco sobre todo e qualquer detalhe do episódio por conta da comoção provocada no público ou toda essa sensibilização só veio à tona por conta do espetáculo criado pela imprensa na hora de veicular os fatos?”, indaga um dos trechos disponibilizado na íntegra a seguir:

 

 

Casal Nardoni sob pressão popular

Tanto imprensa quanto a população em geral cercavam os envolvidos em todas suas aparições públicas.

O POVO detalha que, no dia em que foram prestar depoimentos após indiciamento, “Nardoni e Anna Carolina tiveram grande dificuldade para driblar a imprensa e as dezenas de curiosos que cercavam a casa do pai dele, Antônio, e ir à delegacia”.

O casal também não teve vida fácil na prisão. Em 10 de maio de 2008, O POVO descrevia a situação vivenciada quando ainda estavam presos preventivamente:

“Hostilizada por detentas, Anna Carolina Jatobá foi transferida de penitenciária feminina em São Paulo para presídio em Tremembé. No local, está detida Suzane von Richthofen. Já Alexandre Nardoni foi ameaçado por presos e voltou a ficar sozinho na carceragem”.

Tremembé: justiça condena casal Nardoni em 2010

Em 22 de março de 2010, quase dois anos após a morte de Isabella, deu-se início ao julgamento do caso em júri popular. O POVO informou na data os contrapontos que seriam apresentados pela defesa e pela acusação, um esboço sobre a sala do júri e outros detalhes. 

 

Foram cinco dias de tratativas com pedidos de adiamento e divergências nos depoimentos de Anna Carolina e nos laudos produzidos.

Ao final, os jurados entenderam que Isabella foi asfixiada e jogada do sexto andar do prédio onde moravam o pai e a madrasta. Ao menos quatro dos sete jurados foram favoráveis à condenação.

Segundo o promotor Francisco Cembranelli, o juiz Maurício Fossen interrompeu a votação após o quarto voto favorável para manter o sigilo dos jurados.

Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e fraude processual. Ele recebeu pena de 31 anos, um mês e dez dias de prisão e ela, de 26 anos e oito meses.

A notícia foi capa do jornal O POVO no dia 27 de março de 2010:

 

A defesa do casal entrou posteriormente com pedidos de um novo julgamento, mas não foi atendida. Em 2011, Alexandre Nardoni conseguiu reduzir sua pena para 30 anos, dois meses e 20 dias.

Na época da decisão, o desembargador Luis Soares de Mello Neto afirmou que “não se está dando benefício ao réu, mas correção em ligeiro equívoco de cálculo da pena inicial”.

Em 2017, Anna Carolina Jatobá progrediu de pena do regime fechado para o semiaberto.

Casal Nardoni: como estão hoje em dia?

Embora as pena determinadas acabem só em 2040 e 2036, respectivamente, Alexandre e Anna Carolina receberam a liberação judicial para cumprirem o restante da sentença em liberdade. Jatobá conseguiu sua progressão penal em 2023 e Alexandre, em 2024.

O casal passou um tempo separado quando Anna Carolina saiu da prisão, mas já reatou e está morando no apartamento da família na Zona Norte de São Paulo. Ambos seguem se apresentando periodicamente à Justiça.

Um mês após sair da prisão, Alexandre abriu uma microempresa individual em junho de 2024 e firmou um contrato de trabalho como promotor de vendas de apartamentos novos e usados na empresa do pai, recebendo um salário de R$ 2,5 mil.

Como o caso é retratado em Tremembé e em outras obras?

A morte de Isabella Nardoni é retratada na nova série do Prime Video. Na trama, que se passa na carcerária de Tremembé, são apresentados os cotidianos de Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi) e Anna Carolina (Bianca Comparato) após a condenação.

O casal vive momentos de tensão, isolamento e negação enquanto tentam provar sua inocência e refletem sobre a noite do crime e suas consequências.

Além de Tremembé, outras obras retratam o fato. Em 2023, a Netflix lançou o documentário “Isabella: O Caso Nardoni” contando a cronologia do ocorrido e do pós, com trechos de reportagens sobre o caso e depoimentos inéditos de testemunhas, familiares e criminalistas.

A narrativa se baseou no livro “O pior dos crimes – A história do assassinato de Isabella Nardoni”, do jornalista Rogério Pagnan.

A obra de Rogério Pagnan é outra que aborda com profundidade sobre o caso. No livro, lançado em 2018, o autor reconta o crime 10 anos depois e aponta uma série de falhas na apuração oficial.

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