Tráfico de animais silvestres é alvo de operação nacional com prisões no Ceará
Ação coordenada pela Abrampa resultou em 18 prisões em 11 estados e resgatou 755 animais; no Ceará, foram apreendidas 111 espécies retiradas ilegalmente da natureza
Órgãos de fiscalização do Ceará participaram, nesta quarta-feira, 29, de uma operação nacional que mirou sete alvos do tráfico de animais silvestres e cumpriu dez mandados de busca e apreensão. A ação resultou na prisão de cinco pessoas e na apreensão de 111 animais retirados ilegalmente da natureza em Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Horizonte e Camocim.
Além do tráfico de fauna, a operação também revelou outros crimes, como receptação, falsificação de documentos e sinais públicos, maus-tratos, organização criminosa e porte ilegal de arma de fogo. Durante a ação, foram apreendidas oito armas de fogo, um automóvel e quatro aparelhos celulares.
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Rede criminosa atuava pela internet
No Ceará, o Ministério Público do Estado (MPCE) atuou em parceria com o Ibama e a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), acompanhando as investigações que desarticularam uma rede de tráfico de fauna liderada por um dos principais alvos da operação.
Segundo o MP, o suspeito já havia sido preso neste ano. A partir da análise de dados extraídos de seu celular, com autorização judicial, foi possível identificar outros integrantes do grupo, que atuavam na captura e comercialização de animais silvestres, principalmente por meio da internet.
As aves apreendidas pertencem, em sua maioria, aos biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, incluindo espécies ameaçadas de extinção, como o jacu-de-asas-brancas (Penelope jacucaca), o papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) e o bigodinho (Sporophila lineola). Elas seriam vendidas em feiras clandestinas, pontos de comércio irregular e grupos em aplicativos de mensagens.
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Operação nacional resgata mais de 700 animais silvestres
A operação foi coordenada pela Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), por meio do Projeto Libertas, e reuniu Ministérios Públicos, polícias ambientais e órgãos reguladores de 11 estados brasileiros.
Ao todo, 755 animais — em sua maioria aves, além de répteis — foram resgatados e 18 pessoas presas, sendo 11 em flagrante.
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“Não podemos naturalizar esse crime”, alerta promotor
De acordo com o titular da 97ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, Marcus Amorim, a população não pode naturalizar o crime.
“É preciso lembrar que quem compra um animal da fauna silvestre de pessoas não autorizadas também comete o mesmo crime de quem captura e vende”, afirma.
O promotor reforça ainda o impacto da atividade ilegal: “A cada dez animais retirados de seu habitat, apenas um sobrevive. O tráfico causa danos gravíssimos à fauna silvestre”, destacou.