Periquito cara-suja, pássaro sob ameaça de extinção, volta a nascer no Planalto da Ibiapaba

Periquito cara-suja, pássaro sob ameaça de extinção, volta a nascer no Planalto da Ibiapaba

Após 114 anos, três periquitos cara-suja, espécie nativa do Ceará, se reproduzem na divisa do Ceará com o Piauí

Três filhotes de periquitos cara-suja (cujo nome científico é Pyrrhura griseipectus) nasceram na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), localizada no Planalto da Ibiapaba, entre os municípios de Crateús, no Ceará, e Buriti dos Montes, no Piauí, no dia 14 de abril.

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O esforço para reverter o declínio populacional da ave e levar os animais da espécie de volta ao hábitat, motivou o projeto Refaunar Arvorar a atuar em parceria com as Organizações Não Governamentais (ONGs) Associação Caatinga e Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis).

Parceria realizou, em dezembro de 2024, uma ação de reintrodução do pássaro na RNSA, uma área protegida de 6.285,38 hectares.

 

 

A região abrigou os últimos espécimes confirmados no Planalto há 114 anos. Na ocasião, além de 18 aves que já haviam passado por período de aclimatação e soltura na Reserva, outros três animais da mesma espécie, que haviam sido apreendidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e enviados para o Arvorar como fiel depositário, foram encaminhados para o mesmo local, onde passam pela adaptação para posteriormente serem soltos.

Dentre eles estava a fêmea que colocou seis ovos férteis, dos quais três foram bem sucedidos para o nascimento. O momento é amplamente comemorado pela equipe do projeto, que diz acompanhar de perto o desenvolvimento dos embriões para assegurar que os filhotes cresçam de forma saudável.

 

O Arvorar, novo parque temático do Beach Park, voltado à educação e conservação ambiental, tem como ponto de atuação o cuidado de animais silvestres vindos de apreensões ou resgates realizados pelos órgãos ambientais.

Em seguida do resgate, os animais passaram por um cuidadoso trabalho de avaliação e recuperação pela equipe do Arvorar até que o próprio órgão definisse a destinação dos animais e os encaminhasse para o endereço indicado.

"Após a avaliação comportamental e clínica da equipe técnica mostrar que o animal estava saudável, informamos prontamente aos órgãos envolvidos para que eles definissem a destinação do animal. A fêmea, juntamente com as duas outras aves recebidas, foram então integradas ao projeto Refaunar, tendo como objetivo o repovoamento de espécies nativas em áreas onde haviam desaparecido", enfatiza Leanne Soares, gerente do parque Arvorar.

Conforme Gilson Miranda, gestor da Reserva, esses pássaros simbolizam a beleza e a diversidade da Caatinga, evidenciando o impacto das ações de conservação para a manutenção da fauna e flora do bioma.

"Esse nascimento comprova que os esforços de conservação têm gerado resultados positivos e é ainda mais significativo por ocorrer no mês da Caatinga, reforçando a importância das ações de preservação desse bioma único e 100% brasileiro", destaca o profissional.

Há 25 anos, a Associação Caatinga é responsável pela gestão da Reserva Natural Serra das Almas — a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Ceará — protegendo a rica biodiversidade da Caatinga.

O que dificulta a reintegração na natureza do periquito cara-suja?

Nativo do Ceará, o periquito cara-suja havia sido completamente extinto em algumas regiões do Nordeste nos últimos 50 anos e, até 2017, estava classificado como "criticamente em perigo" (CR) na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção.

Grande parte das áreas onde a ave já habitou não apresenta mais o ambiente adequado para o desenvolvimento. Por meio das ações de conservação, o periquito cara-suja passou para a classificação "em perigo" (EN) na lista vermelha.

A Aquasis identificou que o tráfico silvestre, o desmatamento das serras e a consequente derrubada de árvores altas impediam a reprodução dos animais, que necessitam de ninhos elevados para proteção contra predadores. 

"Ainda é só o início: reintroduzir animais na natureza exige monitoramento constante e enfrentar desafios complexos. Mas o nascimento dos filhotes já é um sinal positivo de que essa espécie está se adaptando ao ambiente e pode repovoar a região com sucesso. Seguimos comprometidos para garantir que esse recomeço prospere", afirma Fábio Nunes, gerente do Projeto Cara-suja, da Aquasis.

 

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meio ambiente

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